As inúmeras transformações das áreas das necessidades educativas especiais, incidem essencialmente na atuação do papel do neuropsicomotor, que por sua vez deverá ser orientado para um trabalho inclusivo eficaz de multitransdiciplinariedade em populações específicas escolares, de alunos problemáticos ou com dificuldades neuropsicomotoras. A neuropsicomotricidade poderá ser uma nova alternativa científica, para um novo campo de ação de conhecimento, projetado para uma nova metodologia de trabalho inclusivo, das próprias dificuldades dos alunos, que vão surgindo ao longo do processo de ensino e aprendizagem. A escola, é o espaço institucional mais adequado para o desenvolvimento da prática neuropsicomotora, em que os indivíduos apresentam as melhores fases etárias para aprendizagem de uma psicologia de auto-superação, necessária para ultrapassar os seus próprios problemas neuropsicomotores.
A neuropsicopedagogia é considerado um campo do conhecimento que complementa de modo sistémico todas as outras áreas, através de determinados princípios diferenciados, que se correlacionam num somatório de informações pertencentes ao domínio das Ciências Humanas, nomeadamente das áreas da Psicologia, da Pedagogia, da Sociologia, da Antropologia, entre outras. É necessário que o profissional neuropsicomotor recorra a uma técnica científica, que operacionalize toda aprendizagem significativa, através de um conjunto de interações que promova o respetivo desenvolvimento das competências cognitivas do aluno. De uma maneira geral, o profissional de neuropsicomotricidade apropria-se da sua técnica de abordagem científica, no qual podemos concluir que a sua desmistificação depende essencialmente da dificuldade da aprendizagem dos alunos num dado momento. São necessárias algumas intervenções técnicas distintas, geralmente utilizadas em determinados alunos, que apresentam problemas ao nível da organização do seu estudo.
Podemos abordar de uma forma sucinta todo o processo de ensino-aprendizagem que deverá ser motivador, para que possa ser considerado um fator positivo de seleção da atenção. O cérebro modifica-se em contato com o meio envolvente onde se encontra inserido o indivíduo, enquanto a memória é mais efetiva, quando surge uma nova informação associada a um determinado bem tangível .
O técnico neuropsicomotor começa sempre numa trajetória de insucesso escolar, dentro de um determinado espaço de aprendizagem, onde o estudante poderá melhorar a estimulação diferenciada diariamente, por novos processos de organização dos recursos materiais e tecnológicos.
As informações sobre os diferentes aspetos do sistema nervoso, onde podemos recolher o conhecimento necessário para compreender todo o processo de aprendizagem, que ultimamente tem demostrando as diversas potencialidades educacionais. A ciência vem demonstrando que a aprendizagem é a chave do progresso do desenvolvimento cognitivo, porém os modelos de educação praticados atualmente, não se encontram orientados para o conhecimento cerebral, de forma que a mente seja considerada um instrumento de poder de compreensão cognitiva .
A plasticidade consiste na possibilidade dos neurônios transformarem a sua forma numa função de modo prolongado ou permanente, de uma ação decorrente do meio ambiente externo. As experiências do dia à dia cria impulsos que percorre todo o sistema nervoso central, através da plasticidade cerebral desenvolvida ao longo da vida, pelo processo de aprendizagem. Para compreendemos o nosso sistema nervoso, é necessário compreender as modificações ao nível da organização da tecnoestrutura de funcionamento cerebral, mediante as experiências vividas ou adquiridas das várias formas de plasticidade, onde se destacam a:
Neuroplasticidade do desenvolvimento- compreende vários e complexos estágios, afim de permitir o natural desenvolvimento do cérebro;
Neuroplasticidade após lesão cerebral- ocorre pela auto-reparação dos tecidos cerebrais em função de reabilitação específica;
Neuroplasticidade decorrente das experiências de vida- o cérebro reorganiza-se para atender aos nossos desafios de aprendizagem, e modifica as conexões neurais, fixando-as na memória.
Neuroplasticidade intencional- demonstra quanto podemos provocar as transformações anatômicas e funcionais do cérebro de forma intencional, através de atividades específicas, como por exemplo a meditação.
O funcionamento do cérebro e do sistema nervoso é fundamental para compreender o que está acontecendo com o aluno, ao nível das suas dificuldades, é necessário compreender todo o processo de aprendizagem cerebral.
Para atingir o sucesso escolar, é necessário compreender o desenvolvimento cerebral referente às características etárias de cada aluno. A plasticidade neural, é maior nas regiões cerebrais responsáveis pelo papel da aprendizagem, enquanto nas áreas do córtex motor encontram-se simultaneamente estimuladas pelas sinapses dos neurónios e das células dendríticas. Os fatores mais importantes que devem ser reconhecidos pelos profissionais de educação, que obrigatoriamente devem ter o conhecimento necessário para contribuir para a valorização das competências dos alunos, através de uma melhor qualidade de ensino. Os professores terão mais sucesso no processo de ensino e aprendizagem, se conhecerem melhor o funcionamento do cérebro, a partir dos conhecimentos dos próprios alunos. O sucesso escolar depende também do apoio familiar, em complemento do apoio dos professores com a globalidade da comunidade educativa, de forma capacitarem a aprendizagem do aluno para uma melhor condição de autonomia.
O conhecimento sobre o funcionamento cerebral é fundamental para compreender desenrolamento da aprendizagem de todos os alunos de todas as idades e diferentes estratos sociais. É importante realçar a área da neurociência cognitiva, com o objetivo de analisar e estabelecer as relações entre o cérebro e a cognição, principalmente nas áreas educativas mais relevantes, cujo a avaliação neuropsicomotora poderá detetar determinados transtornos de aprendizagem.
O sistema neural complexo, deve ser avaliado pela pedagogia escolar, ao nível da sua dinâmica individual, diferenciada em alunos que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem para o mundo externo. Aprender é um processo lento que requer um alto consumo de energia, em virtude do esforço consciente da atenção seletiva, que por sua vez é sustentada à custa de fatores emocionais e intelectuais.
As novas aprendizagens, dependem das funções cerebrais sistêmicas de redes interconectadas. Por outro lado, para recuperar uma aprendizagem residual, acionamos somente a área cerebral necessária para realizar aquela ação. Quanto mais repetimos a mesma aprendizagem, mais o cérebro reduz o número de neurônios envolvidos naquela atividade, o que nos permite compreender os riscos de uma educação centrada na padronização. A partir do momento em que entramos em contato com algum estímulo externo, o cérebro passa a trabalhar de uma forma intensa, para dar uma resposta mais rápida. A informação viaja pelos nossos neurônios, a uma velocidade de 360 km/h, em que a resposta varia de pessoa para pessoa, de acordo com a experiência cerebral de cada um. A velocidade é bem significativa e vem demonstrando a grande capacidade do nosso cérebro de se adaptar a novas situações, na eventualidade de ocorrer situações graves na nossa vida. Os nossos sentidos têm uma responsabilidade primordial para o processamento da aprendizagem.
A importância da neurociência faz-nos refletir sobre o sistema de ensino convencional. sabemos que existe uma certa fragilidade para ensinar alunos que apresentam alguma dificuldade, ou transtornos de aprendizagem, mas é de extrema importância abrir um espaço em que intervenha o profissional neuropsicomotor neste processo, de forma auxiliar as instituições escolares a reformularem a sua prática pedagógica. Desta forma surge novas oportunidades de aprendizagem ao aluno, através da criação de estratégias que favoreçam todo o processo de ensino.
O profissional neuropsicomotor detém o conhecimento necessário para colaborar de maneira categórica durante o processo de transformação do ensino, de forma ajustar o ensino com êxito à sua melhor forma de aprendizagem .
Notamos cada vez mais, a necessidade de reformular as práticas educacionais de muitos educadores, que percebem nitidamente que as suas carreiras profissionais apresentam inúmeros resultados negativos, relacionados com a sua didática em sala de aula. Conclui-se que é imprescindível conhecer o funcionamento cerebral constatado na matriz do problema, de forma saber qual é a melhor abordagem que se aplica para ultrapassar tais dificuldades. É neste momento que entra o profissional de neuropsicomotricidade com o seu papel relevante, em auxiliar docentes e a compreender o seu funcionamento, afim de reorganizar as suas aulas no seu processo de ensino, de forma que resulte num estímulo cerebral mais eficaz possível. O resultado do sucesso, depende do processo neurobiológico de cada indivíduo, na eventualidade ser respeitado a individualidade de cada um.
Concluímos que a Neuropsicomtricidade apesar de ser uma área muito recente, vem trazendo grandes contribuições educativas ao nível do trabalho multitransdisciplinar dentro de um determinado contexto escolar, que resultará em produtos satisfatórios para o educando, bem como para os professores que necessitam de um maior conhecimento sobre nesta nova área.
Palavras-chave:Neuroaprendizagem, Dificuldades de Aprendizagem, Aprendizagem significativa, Córtex, Cerebral. Neuropsicomotricidade, Neurociências, atuação do profissional neuropsicomotor e psicologia educacional.
Christopher Brandão, 2019