Na dinâmica atual de eleições açorianas, assistimos uma viragem multipartidária denominada geringonça de direita, que simplesmente deu um simples assalto ao poder, através da união aos pequenos partidos. Atendendo ao eleitorado açoriano que ainda tem um enorme gosto pela abstenção, e estrategicamente quiseram tirar a maioria absoluta ao PS, no qual não podemos julgar a grande jogada estratégica do PSD , mas na realidade foi determinada pelo seu líder, que havia estabelecido à priori um objetivo máximo de tirar votos à esquerda. Quantificando a importância dos pequenos partidos na atual situação democrática , houve um estado de excitação pelos estreantes partidos, que simplesmente conseguiram atingir os seus próprios objetivos, dando uma certa margem de manobra para uma negociação de um novo governo.
A questão do Partido Chega de chegar a um acordo com o PSD Açores, determina uma complexidade estratégica para o PSD Nacional de Rui Rio, que terá de realizar uma leitura de futuro radicalizada pela simples expressão 'desta água não beberei'. Relativamente ao partido Iniciativa Liberal venho felicitar o seu líder açoriano Dr. Barata pela sua coragem e perseverança em estrear-se num novo partido e conseguido a sua eleição. Relativamente ao PSD Açores espero que a geringonça tenha sucesso porque o CDS com o Dr. Artur Lima valorizou a sua posição de destaque ao nível do CDS Nacional, criando uma maior margem de manobra para a sua futura negociação governativa que tanto ambicionou ao longo da sua vida política. Relativamente ao Dr Paulo Estêvão vejo uma mais valia ao nível da sua ideologia política em participar neste governo, num paradigma de defesa dos mais fracos e dos ilhéus mais distantes, criando um maior sentido de justiça de equidade perante a Região Autónoma dos Açores.
Quanto à questão do PS , Dr. Vasco Cordeiro nunca conseguiu sair sobre a alçada do clã César, onde a sua liderança foi sempre de aprendiz e não de líder, criando clivagens dentro do próprio partido, que seriamente o prejudicou em diversas situações governativas. A sua falta de afirmação, levou à decadência do PS Açoriano e por sua vez não determinou uma mão firme com o governo da República na questão da restrição espaço aéreo em época de pandemia. Levantou polémicas sobre o estatuto da autonomia dos Açores e algumas divergências de poder com o ministro da República.
Em conclusão o PS Nacional ensinou à oposição açoriana a construção de uma geringonça à direita, em que podemos dizer que a própria cobra mordeu o seu próprio veneno .