quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A Psicopatia




A palavra psicopatia, etimologicamente tem origem na língua grega psyché, alma, pathos e enfermidade. O conceito de psicopatia não é consensual entre os especialistas, apesar das inúmeras e diversificadas definições, a psicopatia encontra-se mais relacionada com a conduta antisocial mais desviante, do que um transtorno comportamental da própria personalidade humana.
A consciência moral de um psicopata tem muito a desejar ao nível social. A sua empatia perante as suas ações e relacionamentos, torna-se um enorme fator de risco, perante a sociedade. É considerada um estado de alma, que faz parte da hipercomplexidade do sistema psíquico de um indivíduo, que por sua vez, permite compreender tudo aquilo que se encontra inserido à sua volta. Através da perceção dos sentidos, o indivíduo tem a noção do conhecimento em cada instante da sua própria existência, e age ao nível comportamental de acordo com a sua própria consciência moral, definida por uma capacidade de julgamento  intelectual que se distingue o bem do mal.
Os princípios básicos a respeitar em sociedade, podem distinguir o indivíduo de uma boa conduta moral, integrada no meio em que se encontra inserido de forma a criar juízes de valor, segundo a jurisprudência mais relacionada com as próprias normas jurídicas.
O somatório do julgamento com a conduta humana encontra-se associada aos valores morais que define a conceção psicológica do desenvolvimento cognitivo em estágios de:
-orientação pelo castigo e pela obediência;
- orientação egoísta e ingénua;
- orientação pela aprovação social;
-autoridade pela ordem social;
- orientação pelo contrato legal,
- orientação pela consciência moral segundo princípios universalmente válidos.
As dimensões da conduta moral definem-se por:
-conhecimento das regras morais;
-socialização;
-empatia com os outros;
-autonomia ,consciência versus responsabilidade
-julgamento moral.
Perante este quadro situacional, definimos o sentido da consciência como uma norma de aptidão comportamental, que pressupõe um conhecimento de valorização positiva. O psicopata conhece as normas sociais e legais, porém não as respeita e não as cumpre e nem as teme, agindo sempre em favor de seus próprios interesses narcisistas, sem ter consideração pelos sentimentos dos outros.
A personalidade psicopática é uma personalidade não desenvolvida em áreas afetivas e volitivas, cuja a sua fronteira define-se pela psicose dos hipertímicos, dos deprimidos, dos medrosos, dos fanáticos,dos vaidosos,dos hábeis de humor, e por fim dos comportamentos explosivos, frios, abúlicos e astênicos.
A incapacidade de se adequar às normas sociais cria comportamentos ilícitos que por sua vez constitui um motivo de detenção judicial.
A propensão para enganar, mentir e usar nomes falsos para ludibriar os outros, poderá ser uma vantagem pessoal de se afirmar impulsivamente, pelo puro prazer de realização de sofrimento, muitas vezes leva ao fracasso de futuro planos. A irritabilidade, a agressividade manifestam-se em padronizadas lutas corporais ou em agressões físicas derivadas pelo desrespeito pela autoridade. A falta de remorso é realçada pela indiferença de ter ferido, assassinado, maltratado ou roubado alguém.
O transtorno comportamental poderà ser classificado ao nível das suas caraterísticas, como uma das doenças mentais mais manifestadas em práticas criminais. Exige um padrão constante, relacionado com a experiência interna e comportamental, em que se afasta das expetativas culturais do sujeito. Devido à falta de empatia com os outros,o psicopata tem desprezo pelas suas obrigações sociais. O psicólogo norte-americano Daniel Goleman define a empatia como sendo a compreensão dos sentimentos dos outros, em relação à perspetiva do indivíduo, no que respeita às diferenças incorporadas no seu estilo de vida em relação às pessoas, através do modo de encarar as suas coisas. Existe um desvio comportamental considerável para as normas sociais estabelecidas, o que não é facilmente modificavél pelas experiências inclusivas e adversas, provocadas pelas próprias punições. O psicopata tem uma tendência de culpar os outros, ou fornecer justificações plausíveis, para explicar uma ação comportamental racionalizada, de forma a levar o sujeito a entrar em conflito com a sociedade. Uma baixa tolerância à frustração, provoca um alto limiar de excitação que leva ao indivíduo à agressividade e à violência perante as outras pessoas.
O Transtorno da personalidade define-se por :
- amoral
- antisocial
- social
- psicopática
- sociopática.
As caraterísticas mais usuais do psicopata manifestam-se por um somatório de variáveis qualitativas, quantitativas, cognitivas, afetivas e por fim morfológicas. Por sua vez, apresentam-se por um distúrbio de personalidade que confere a cada sujeito uma individualidade anormal ao nível da sua organização pessoal.
O psicopata cobiça a vítima que vê e por sua vez, não se comove com o sofrimento alheio. Poderá cometer atrocidades, sem sentir remorsos ou temer punições. Na sua dimensão mais violenta, não tem consciência moral e possui uma personalidade anormal na sua forma de agir, com a intenção de causar enorme sofrimento. É essencial ter a noção do desenvolvimento comportamental altruísta do indivíduo, que age perante as pessoas e com as quais se relaciona através de um código de conduta de ética e moral, que funciona como uma barreira limitadora das falsas atitudes humanas.
Tem-se dado importância a estudos experimentais para demonstrar a relação fisiológica do cérebro com a psicopatia. Os modelos empíricos demonstram que os psicopatas apresentam disfunções nos circuitos cerebrais relacionados com a emoção.
O sistema límbico é formado por estruturas corticais e subcorticais responsáveis pelas emoções humanas, que faz parte do processo da aprendizagem da memória. A amígdala cortical é uma estrutura localizada no interior do lobo temporal, que por sua vez tem uma função do controle emocional do indivíduo. Funciona como um reportório de memórias emocionais.
A região cerebral envolvida nos processos racionais é definida pelo lobo pré-frontal, que por sua vez se encontra relacionada com o córtex medial, onde recebe a influência do sistema límbico, mais especificamente a amígdala que atua na tomada de decisões pessoais e sociais. Verifica-se que a interconexão entre o sistema límbico é responsável pela parte emocional, e o lobo pré-frontal é responsável pela parte racional do pensamento, cujo resultado é determinante para o comportamento social mais adequado.
Através das investigações, com recurso à utilização de aparelhos de ressonância magnética, os psicólogos e os neurocientistas estudaram as estruturas cerebrais envolvidas nas emoções, e constataram alterações relacionadas com as caraterísticas de funcionamento cerebral de um psicopata. As pessoas sem qualquer traço psicopático, revelam uma intensa atividade da amígdala e do lobo frontal, apresentando menor intensidade de energia, quando estimuladas. No entanto, quando os mesmos testes foram realizados num grupo de psicopatas criminosos, os resultados apontaram para uma resposta negativa nos mesmos circuitos, após cometerem atos imorais ou perversos.
As amígdalas do psicopata pelo fato serem hipofuncionais, deixam de transmitir de forma correta as informações necessárias, para que possam desencadear ações comportamentais mais adequadas ao lobo frontal. As informações enviadas do sistema afetivo e límbico para o centro operacional do cérebro é controlado por um lobo frontal que se apresenta sem dados emocionais, dando origem a um comportamento lógico e racional desprovido de afetos. O psicopata não possui vínculos afetivos, de forma a criar os mais nobres sentimentos humanos comparativamente com os sujeitos normais, possui uma capacidade bastante limitada de sentimento, em relação às respostas provocadas pelas emoções. Estudos com frases de forte conteúdo emotivo em pessoas não psicopatas, produzem acelerações no ritmo cardíaco e contrações nos músculos faciais, enquanto nos psicopatas não se evidenciam diferenças significativas ao nível destas caraterísticas.
As Investigações utilizadas por um scanner medem a ativação cerebral ao nível da leitura das palavras de maior carga emotiva, em relação às palavras neutras, concluíram que os cérebros dos psicopatas demonstram uma maior atividade cerebral durante o esforço em reconhecer e processar palavras com maior carga emocional, do que as neutras, em relação aos indivíduos normais. As investigações onde se realizaram pequenas descargas elétricas,o ritmo cardíaco dos psicopatas decresce enquanto nos indivíduos normais eleva-se. Neste estudo conclui-se que os psicopatas são menos sensíveis ao medo e que dispõem de um mecanismo mental que inibe os sinais de ansiedade associados à ameaça. Quando os seus desejos não se encontram imediatamente satisfeitos, agem impulsivamente, com acessos de agressividade, levando a cometer crimes. Atendendo à falta de conexão lógica entre o sentimento e o pensamento, o agir perante um determinado quadro situacional poderá ter consequências desastrosas de futuro.
Por serem indivíduos instáveis e restringidos emocionalmente, são propensos a realizarem potenciais atos criminosos.
A construção de uma sociedade solidária livre de violência passa pela proteção dos direitos humanos perante este tipo de criminosos.

Christopher Brandão, 2016

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