sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Modelos Científicos De Evolução Humana


Os modelos teóricos em ciência são construções mentais concebidas para dar conta dos fenómenos observados ao mundo natural. A sua origem está na combinação da imaginação com a criatividade na procura de uma verdade científica adquirida pelo conhecimento interactivo, que tente explicar todo o processo de evolução humana que se desencadeou há milhões de anos.
 A questão está em saber se vamos partir das partes para o todo na presunção de que poderemos descobrir a lei geral, ou se, no reconhecimento desta impossibilidade, partimos do todo para as partes, através da construção de um modelo hipotético dedutivo que poderá dar ou não resposta à evolução humana.
No domínio do desenvolvimento humano através de uma metodologia lógica hipotético dedutiva é necessário desde logo ultrapassar a perspectiva reducionista do método cartesiano, sustentada numa lógica empírico-racionalista de analisar e explicar o homem.
 Quer dizer não se trata de estabelecer uma dada lei universal através da utilização de uma fórmula estandardizada, construída através de uma determinada amostra que será tão grande quanto maior for o nosso tempo, os nossos recursos tecnológicos e económicos disponíveis.
A implicação deste facto é que as estruturas novas e complexas surgem provavelmente numa série de etapas, e não num único ponto de partida. Um impedimento surge, visto que a evolução ocorre provavelmente por selecção natural, cada passo deve ser um melhoramento tanto no que respeita à sobrevivência, como à reprodução, ou pelo menos, não poderá ter um efeito, seriamente diminutivo.
A conservação do plano básico é então uma consequência de evolução a funcionar em pequenos passos, consertando o que já existe e não eliminando a estrutura existente.
Trata-se de idealizar um paradigma conceptual que organize de uma forma dinâmica uma constelação de elementos articulados, organizados num modelo estruturado que seja capaz de representar uma dada visão global que posteriormente poderá ou não responder às questões formuladas por nós.
 Segundo o primatólogo Jim Moore, pressupõe um determinado tipo de modelo que seja capaz de explicar, num quadro mais amplo, a evolução humana distinguindo-se de uma teoria baseada em fontes diversas que tenta explicar um fenómeno natural através da sua capacidade preditiva.
Para estudar a evolução humana é necessário criarmos hipóteses e retrospectivas sobre as nossas origens, seleccionando no universo um conjunto de adaptações possíveis e explicativas do passado evolutivo.
Apesar do seu enorme poder explicativo, os modelos evolucionários não são realidades históricas, simplesmente limitam-se a descrever e a interpretar a própria história da evolução humana. A construção do modelo conceptual de evolução humana primitiva não tem outra hipótese senão recorrer a uma forte analogia com algum primata da mesma família, vivo e bem estudado. O antepassado humano não era exactamente como qualquer deles e talvez fosse tão diferente que recorrer a algum exemplo seria contraproducente.
Podemos construir um retrato de um antepassado hominídeo com base no comportamento de uma ou de algumas espécies vivas muito semelhantes. Mas a maior parte dos modelos tenta usar a evidência empírica proveniente de uma variedade de disciplinas transdisciplinares servindo de ponto de partida o chimpanzé.
Os modelos da génese dos hominídeos mais importantes são aqueles que combinam um conjunto de características transdisciplinares das diversas ciências humanas, permitindo a construção de um modelo interactivo de um sistema evolutivo.
A desmistificação das origens humanas está por resolver, os investigadores terão de utilizar uma investigação policial para a compreensão do enigmático problema da sua génese investigadora ao longo dos tempos, quer por meios tecnológicos quer por conhecimento heterogéneo.
O processo de estudo das origens humanas relaciona-se com uma visão egocêntrica que muitos investigadores têm acerca do mundo antigo. O constrangimento do conhecimento pela investigação do presente permite muitas vezes uma fraca interpretação do passado.
Para Medawar, a ciência não pode responder às questões últimas sobre o sentido da vida, a procura de teorias que possam incluir factos pode ou não ser ilimitada, há sempre um sítio mais além aonde ir, e a ciência é um bom método para lá se chegar.
A ciência não tem limites, define paradigmas nos quais muitos de nós trabalham para encontrar respostas com significado às grandes questões que preocupam os humanos.
A sequência evolucionária dos fósseis humanos nunca estão completas, haverá sempre quem procure uma falta de ligação entre os símios e os humanos. Por definição o elo que falta é o antepassado comum mais recente dos humanos, provavelmente terão sido os grandes símios originários da separação das duas linhagens compreendidos no fim do Mioceno ou no princípio do Plioceno.
 O conceito de antepassado comum poderá ser considerado uma metáfora do processo complexo da hominização das duas espécies de primatas modernos poderá funcionar como um rio que atinge a sua foz ultrapassando os diversos obstáculos através de ramificações de uma população de macacos em diversas populações mais pequenas. Ao longo de milénios cada população segue o seu percurso evolucionário através de uma sucessão de adaptações que atingem uma população, mas não atingem a outra. O produto será um somatório de adaptações que se evidenciam em populações diferentes ao nível genético, morfológico, comportamental de forma distingui-las em espécies diferenciadas. Os critérios de reconhecimento das populações como espécies distintas dependem do conceito de espécie que utilizamos.
O modelo hipotético de uma população ter dado origem a outras populações deverá ser posto em causa?
Face à diversidade de populações no qual cada uma delas apresenta ligeiras características ao nível genético, morfológico e comportamental, actualmente, a variação destas populações verifica-se ao nível geográfico.
A hipótese de que houve uma ou várias populações de antepassados símios tenha originado os hominídeos, não deverá ser utópico atendendo à explicação mais provável da diversidade multipopulacional baseado na ciência genética humana.
Face aos meios tecnológicos existentes ainda temos uma fraca informação sobre os registros fosseis levando muitas vezes os investigadores de diversas áreas a uma limitação do conhecimento. Com a análise dos registros fósseis podemos construir um modelo comportamental lógico do nosso antepassado comum em comparação ao modelo comportamental dos primeiros hominídeos.
Numa perspectiva antropogenética é possível perceber as transformações evolutivas dos animais o que nos explicam a origem da espécie humana. Através do conhecimento dos conceitos interligados de forma equilibrada, poderá explicar o desenvolvimento da espécie humana num conjunto de adaptações e desenvolvimentos das várias mutações genéticas, de forma compreender na sua complexidade, diferentes pistas de conhecimento que futuramente poderão ser aplicadas em novas investigações.
A divergência do conhecimento e não a sua compartimentação disciplinar não permite uma visão global da realidade. Cada ciência fechada no seu domínio não possui mais do que uma pequena parte do conhecimento. Esta pequena parte do conhecimento só tem valor em si mesmo quando for associado a vários conhecimentos.

Christopher Brandão, 2017

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