Numa dimensão estratégica de uma equipa técnica multidisciplinar orientada para a formação de um atleta competitivo, será necessário diferenciar conhecimentos científicos, de forma a prevenir a pressão psicológica em atletas que se encontram em determinados contextos decisivos de jogo, nomeadamente a perda de pontos, onde é necessária uma maior força mental que combata o efeito de iceberg.
A importância do foco interactivo do atleta de alta competição, exige uma busca permanente de excitação do seu próprio coping resources motor.
A necessidade da criação de um design metodológico de treino, que permita o crescimento e o desenvolvimento das capacidades psicomotoras do atleta de alta competição orientada para uma postura de autoconfiança.
Será necessário um conhecimento científico vocacionado para uma gestão psicológica focada em reportórios psicomotores adquiridos pelos atletas ao longo da vida.
O efeito de iceberg depende essencialmente da interação das relações humanas mais próximas do atleta, que visa essencialmente aliviar os focos de tensão. Perante este quadro situacional, os treinadores devem ter uma compreensão mais holística de todos os problemas que surgem ou fazem parte do treino de alta de competição, não excluindo os problemas sociais e familiares derivados em contextos extrínsecos.
O histórico currículo desportivo do atleta de alta competição Bjorn Borg é um exemplo de rusticidade absoluta competitiva em campo e desastrosa na sua vida social e familiar.
Björn Borg nasceu em Estocolmo e cresceu na cidade de Södertälje, na Suécia. Durante dez anos (1973 a 1983 ganhou 56 torneios), somando cerca de 100 milhões de dólares em prémios e contratos de publicidade.
Em 1974, com apenas dezassete anos, Borg vence o Torneio de Roland-Garros, tornando-se o mais jovem atleta do mundo a conquistar um torneio do Grand Slam. Também este atleta distinguia-se pelo seu morfotipo físico poderoso.
Ganhou cinco vezes o Torneio de Wimbledon (1976,1977, 1978,1979, 1980), seis vezes o Torneio de Roland-Garros (1974, 1975, 1978, 1979, 1980, 1981). No ano de 1979 a 1980 terminou a temporada como número um do ranking mundial.
Na Taça Davis, Borg ainda detém o recorde da competição mais longa de uma série de vitórias em variante de singulares, onde ganhou 33 jogos na famosa Taça Davis entre maio do ano 1973 e Junho do ano 1980. Na competição, Borg perdeu apenas três jogos em 40 partidas jogadas em singulares, em 21 confrontos que disputou, ajudando a Suécia a ganhar o título em 1975. Em 2014, Borg foi considerado pela revista Ténis um dos 10 tenistas que transformaram a realidade da modalidade pelo seu estilo de jogo contemporâneo. Alguns entusiastas da modalidade, consideram Bjorn Borg o pioneiro no uso do gesto técnico top spin no seu jogo de ténis, devido ao sucesso que alcançou em golpear todas as bolas com este tipo de efeito. Apesar do sueco não ter sido o primeiro a usar esse gesto técnico eficaz, foi ele quem instituiu a época do top spin na modalidade no seu tempo.
Anunciou o abandono dia 23 de Janeiro de 1983, através de um jornal sueco chamado “Kvallposten” onde afirmou: “Não consigo dar 100% e se não consigo fazer isso, não é justo continuar, deixou a competição prematuramente aos 26 anos com a célebre frase:” Se queres chegar ao topo, o ténis tem de ser divertido, e eu já não sinto isso. É por isso que desisto.” Aos 26 anos, Björn Borg meteu um ponto final na sua carreira tenística.
A frieza que o marcava em cada jogo rendeu-lhe o apelido de "Iceborg". Em contexto familiar desastroso possuiu dois casamentos desfeitos com a tenista romena Mariana Simionescu e a top model sueca Jannike Bjoerling. Em 1992, Borg foi ainda condenado a pagar em processo de tribunal, uma pensão de 20 mil dólares por mês à sua ex-mulher a cantora italiana Loredana Bertè que o acusou de destruir a sua carreira profissional. O casal manteve um casamento durante quatro anos. Criou um desastre financeiro no valor de 30 milhões de dólares em negócios mal geridos, que levaram o ícone a uma tentativa de suicídio, onde tomou vinte cápsulas do hipnótico Rohypnol em Fevereiro do ano de 1989 na cidade de Milão.
A idiossincrasia do seu estilo de vida faz reflectir qualquer treinador, da importância da flexibilidade necessária do seu planeamento metodológico de treino que seja capaz de encontrar a melhor solução eficaz, à medida de cada problema emocional que surja.
A procura de um padrão de vida desportivo estável depende essencialmente do enquadramento social, onde muitas vezes a desinformação e o facilitismo, não provoca o espírito de sacrifício necessário para adquirir a força de vontade de vencer ou manter-se durante muito tempo no topo da alta competição. A avaliação do treinador, segundo os meios tecnológicos, tenta criar um quadro favorável contra os contra-ciclos que vão surgindo ao longo da vida do atleta competitivo.
Para evitar a vulnerabilidade emocional será necessário dar uma maior importância da formação académica do treinador, que por sua vez quantifica uma melhor análise comportamental, contextualizada em ambiente familiar, onde será necessário criar uma zona de desafio de treino mental antecipado que permita despoletar um determinado espírito de sacrifício ao atleta para a vitória.
A prevenção primária do comportamento emocional, depende essencialmente da eficácia da gestão de conflitos, através da melhoria da auto estima do atleta competitivo, muitas vezes devido à sua fama, recebem quantias milionárias, onde sofrem uma pressão diária dos mass média, derivada do próprio mercantilismo desportivo, que muitas vezes ultrapassam os valores mais éticos e morais do desporto. A pressão parental, muitas vezes afeta as performances competitivas dos atletas, como exemplo, temos o caso histórico e biográfico do tenista Agassi.
Andre Kirk Agassi ex-tenista profissional norte-americano nasceu em Las Vegas a 29 de abril de 1970. Ganhou oito títulos do Grand Slam e é um dos históricos dos oito tenistas ter vencido todos os quatro torneios do Grand Slam ( Andre Agassi 1999, Roger Federer 2009, Rafael Nadal 2010, e Novak Djokovic 2016), conquistaram a glória tenística da era moderna em diferentes superfícies. Remotamente Roland Garros era disputado no saibro, mas as outras competições de Grand Slam ocorriam sempre em piso de relva. Muitas personalidades consideram-no entre os melhores tenistas de todos os tempos e o melhor na devolução da resposta ao serviço, ou (service returner) da história. Agassi anunciou a sua retirada após a sua participação no Us Open 2006. Jogou a sua última partida no ATP Tour no dia 2 de Setembro de 2006, quando perdeu na 3º ronda do US Open contra o alemão Boris Becker por 5-7/7-6/4-6/5-7. Despediu-se em lágrimas e perante uma enorme multidão que o aplaudia de pé. Agassi teve como maior adversário de sempre o jogador norte-americano Pete Sampras. Alcançou o topo do ranking após vencer o Austrália Open do ano 1995 numa posição que ocupou durante 30 semanas na sua carreira tenística profissional.
No ano 2014, Agassi foi considerado pela Revista Ténis um dos 10 tenistas que transformaram a realidade do ténis da sua época. Segundo a afirmação descrita numa famosa revista tenística: "Diante de uma geração de grandes servidores, que se destacavam em pisos cada vez mais rápidos, Agassi trouxe a verdadeira esperança aos que pretendiam jogar em profundidade no campo, mesmo em superfícies rápidas. Jogando com raquetes de maior cabeça do que o convencional ( oversize), fundamentou no seu estilo de jogo nas melhores devoluções de resposta ao serviço aplicando potentes batidas de fundo e de preferência pegando a bola numa trajectória ascendente, com constantes trocas de direção para dificultar os seus adversários. Além disso manteve-se durante algum tempo em participação competitiva, o que permitiu a popularização da modalidade na década de 1990, ditando as tendências de moda, através do seu estilo de cabelos compridos, com pólos extravagantes multicoloridos.
Tinha uma relação conflituosa com o pai onde canalizava a sua energia no campo apresentando um jogo agressivo. Foi casado com a atriz Brooke Shields entre o ano de 1997 a 1999. É casado desde 2001 com a ex-tenista alemã vencedora de 22 títulos de Grand Slam , Steffi Graf, com quem tem 2 filhos, Jaden e Jaz.
A flexibilidade do planeamento metodológico de treino, deve possuir objetivos pré-estabelecidos nos inícios das épocas, de forma a incluir o contexto familiar em benefício da boa estabilidade emocional do atleta de alta competição. Independente de uma avaliação de desempenho das competências de todos intervenientes desportivos e familiares que fazem parte da equipa transdisciplinar, será fundamental que haja um triângulo relacional equilibrado entre pais, treinador e atleta, que eventualmente poderá ser facilitada por um organograma de gestão de conflitos de futuro, em função de melhores resultados desportivos.
A importância do conhecimento científico no desenvolvimento da boa educação desportiva, permite uma melhor qualidade de investimento na metodologia de treino, criando melhores expectativas competitivas de futuro.
A importância das relações institucionais ao nível da gestão comunicacional das diversas tecnoestruturas propostas, será necessário um plano estratégico unívoco, com objetivos previamente estabelecidos, de forma a prevenir primariamente conflitos, permitindo assim aos treinadores assumir as suas responsabilidades dos seus próprios erros, dando uma melhor resposta competitiva cada vez mais adaptada a cada quadro situacional problemático que surja.
É necessário um conjunto de competências necessárias para um bom desempenho do papel ativo do treinador na educação desportiva do atleta ao longo da sua carreira profissional, com base nas suas boas capacidades de liderança ao nível da gestão comunicacional e performativa.
Ao nível da valorização dos afetos em diferentes níveis etários, a motivação intrínseca e extrínseca, poderá eventualmente condicionar o sucesso do atleta, criando de certa forma uma identidade de referência com o treinador, que por sua vez se encontra dependente de uma trilogia hemostàsica entre pais e atleta.
Christopher Brandão ,19 Dezembro 2018
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