terça-feira, 29 de março de 2016

INTRODUÇÃO HISTÓRICA DA FUNDAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

O Português Guilherme Pinto Basto esteve obviamente ligado ao início da fundação da Federação Portuguesa De Ténis, tal como outras pessoas contribuíram para um novo impulso competitivo à modalidade, quer a nível nacional e internacional.

A origem da Fundação Portuguesa de Ténis foi derivada de vários encontros em que participaram, António Gomes Da Silva, Álvaro Costa, Carlos Villar e Plácido Duro entre outros, no ano de 1924. O factor decisivo que levou ao seu aparecimento , foi o enorme desejo de Portugal em participar na Taça Davis, já lançada nos anos vinte, e considerado um grande evento competitivo por equipas que faz parte do calendário internacional.

No mesmo ano em que foi criada a Federação Portuguesa de Ténis, iniciou-se a presença da seleção Portuguesa na Taça Davis, considerada a mais antiga competição mundial disputada por diversos países, criada no ano de 1900 pelo coronel americano Dwight Fulley Davis.

A presença de Portugal na história da Taça Davis foi marcada por várias interrupções, devido às fracas condições financeiras naquela época. Fernando Beires do Vale foi um dos mais dinâmicos defensores da ideia de que os bons valores portugueses daquela época necessitavam ser promovidos no mundo tenístico. O desconhecido nível tenístico de José de Verda, António Casanovas, Frederico de Vasconcelos, Frederico Ribeiro, Luís Ricciardi ou João Vila Franca necessitariam de ser divulgados e promovidos. Portugal necessitaria naquele tempo ,uma seleção nacional, mas antes necessitaria de um organismo centralizado numa tecnoestrutura fundamental aos contatos com as respetivas instâncias internacionais.

No dia de 16 de Março do ano 1925, foi finalmente criada a Fundação Portuguesa de Ténis para promoção e desenvolvimento da modalidade em prol da defesa dos interesses do Ténis em Portugal. António Gomes da Silva, Carlos Vilar e Afonso Vilar, Plácido Duro e Álvaro Costa lideraram os primeiros trabalhos para a constituição da respetiva Federação, realizados ainda durante o ano de 1924. As reuniões foram realizadas nas instalações do Automóvel Clube de Portugal localizadas no Palácio de Palmela situada no Largo do Calhariz em Lisboa, onde presenciaram o seu desfecho natural a 16 de Março do ano 1925, através de uma Assembleia Geral de Delegados dos Clubes de Ténis, procedeu-se à eleição dos primeiros corpos gerentes da Federação Portuguesa, no qual foi escolhido unânimente para presidente por todos os envolvidos no processo da candidatura de Guilherme Pinto Basto.

A primeira direção era naturalmente presidida pelo considerável «pai» do ténis português, Guilherme Pinto Basto, que tinha como vices presidentes Carlos Vilar, Cabral Pessoa e Fernando Beires do Vale. O secretário Ernesto Bastos, o tesoureiro Henrique Anjos e Ernesto Navarro, Alves Sá e Afonso Vilar eram os vogais que se mantiveram quase uma década em exercício e por vontade do seu presidente Guilherme Pinto Basto que teve vontade em abandonar a modalidade, foram realizadas eleições, tendo sido eleito o presidente Rodrigo Castro Pereira para um mandato compreendido entre os anos de 1933 a 1934. Guilherme Pinto Basto foi designado presidente Honorário da Federação Portuguesa de Ténis, uma Instituição de utilidade pública e desportiva definida nos termos da lei com as seguintes atribuições estatutárias:

- Fomentar, regulamentar e dirigir toda a prática do ténis em todo o território Nacional,

-Representar perante a administração Pública os interesses dos seus respetivos filiados,

- Representar o Ténis nacional junto das organizações internacionais.

Desde do ano de 1925 até ao ano 1980, a Federação Portuguesa de Ténis foi a única entidade responsável pela tutela da modalidade do ténis em Portugal, competindo-lhe exclusivamente o controlo de toda a tecnoestrutura com a missão de estabelecer diálogo entre os clubes, na defesa dos interesses dos praticantes que se dedicam  ou dedicaram de corpo e alma à respetiva modalidade.

Após o desenvolvimento e crescimento da modalidade a partir da década de 70 houve a necessidade de repensar toda a tecnoestrutura organizativa da Federação, de forma dar uma melhor resposta aos clubes e aos respetivos associados.

No início da década de 80 começaram a surgir as Associações Regionais que representavam os agrupamentos dos clubes com a intenção de melhorar os interfaces com os atletas, devido às diversas realidades que iam surgindo.

No ano 1994, a Federação promoveu a constituição do Conselho Consultivo da Modalidade, órgão de natureza consultiva da Direção composto por entidades especialmente convidadas, antigos Presidentes da Direção Armando Rocha, Alexandre Vaz Pinto, Manuel Cordeiro dos Santos e outras individualidades como David Cohen, José Vilela, João Lagos, Leonor Peralta, Alfredo Vaz Pinto.

A função do conselho Consultivo estabelecia uma ponte de diálogo permanente com personalidades do ténis com a Federação de Ténis, de forma houvesse consensos ou complemento nas filosofias ou estratégias traçadas em diversas áreas de especialização desportiva multidiversificadas na modalidade,  nomeadamente no ténis feminino, na iniciação dos escalões mais jovens , e no ténis de cadeira de rodas para pessoas com restrições psicomotoras.

Nesta época a Federação Portuguesa de Ténis se associou à IWTF (International Wheel-char Tennis Federation) à I.T.F., (International tennis federation) como órgão máximo representativo internacional  em Portugal.

Na defesa dos interesses dos clubes em Portugal Continental e Regiões autónomas da Madeira e dos Açores e dos jogadores foi necessário criar um interface que melhor servisse o ténis português, através das Associações de Treinadores, de Árbitros, de Jogadores e de entidades privadas que se dedicam à promoção das atividades do ténis.

As entidades privadas foram grandes impulsionadores do desenvolvimento da modalidade. O paradigma de mudança é geralmente complexo ao nível de novas filosofias e estratégias em que o maior elemento catalisador de todo o processo de crescimento e de desenvolvimento organizativo necessita de uma tecnoestrutura ténistica que foi sem dúvida a própria Federação. Ao longo da sua história com mais de 75 anos, a Federação Portuguesa de Ténis teve vários presidentes que foram:

1- Guilherme Pinto Basto (1925 a 1934)

2- Rodrigo Castro Pereira (1934 a 1941)

3- António Ferro (1941 a 1946)

4- André Navarro (1946 a 1950)

5- Rodrigo Castro Pereira (1950 a 1952)

6- Joaquim serra e Moura (1952 a 1962)

7- José Herédia (1952 a 1962)

8- Manuel Cordeiro dos Santos (1976 a 1981)

9- Armando Rocha (1981 a 1985)

10- Alexandre Vaz Pinto (1985 a 1989)

11- Castro Rocha (1989 a 1991)

12- Manuel Cordeiro dos santos (1991 a 1993)

13- Manuel Marques da Silva (1993)

14- Paulo de Andrade (1997);

15- Manuel José Marques da Silva (1993);

16- Pedro Coelho (2001)

17- Manuel Valle-Domingues (2003)

18- José Maria Calheiros (2009);

19- José Corrêa de Sampaio (2011)

20- Vasco Costa, (2013).

Muita coisa mudou em oito décadas, hoje em dia a F.P.T é um organismo complexo ao nível da sua tecnoestrutura com diversos departamentos. Com mais de uma dúzia de clubes que presidiram à  sua fundação, atualmente encontra-se centralizada para uma grande maioria do seus filiados. Por seu turno, os clubes estão reunidos em 13 Associações representando os distritos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto, Setúbal, Vila Real e Viseu; as províncias do Algarve e Alto Alentejo; e as regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. O processo associativo teve início no ano de 1980 no dia 24 de Outubro desse mesmo ano, em que foi oficialmente criada a primeira Associação Regional localizada em Lisboa.

Desde a introdução do ténis em Portugal até aos nossos dias passaram-se mais de 130 anos. Nas últimas 8 décadas os destinos do ténis nacional foram dirigidos pela Federação Portuguesa de Ténis, fundada a 16 de Março do ano de 1925.

Com pequenos ajustes ao longo dos anos, a direção presidida por Guilherme Pinto Basto manteve-se em funções até ao ano de 1934, contando, com a colaboração de Vasco Galvão, que assumiu as funções de Secretário-Geral e por sua vez integrou a comissão promotora da modalidade.

No mês de Maio do ano de 1933, escrevia-se na revista Tennis & Golf : "a actual Direcção da Federação Portuguesa de Lawn-Tennis (...) está trabalhando com grande entusiasmo e interesse em produzir trabalho útil. Todos os componentes do corpo diretivo são pessoas bem conhecidas do meio desportivo: Guilherme Pinto Basto e Carlos Vilar são dos maiores pioneiros da educação física, nomes respeitados por sucessivas gerações de desportistas que sempre encontraram neles o melhor apoio moral e material; Rodrigo de Castro Pereira, que já foi campeão de Portugal no ano de 1931 ocupa ainda uma das primeiras posições entre os nossos melhores jogadores, é um trabalhador incansável, que tem sido a alma da Federação nos últimos anos; Ernesto Navarro, grande animador de ténis no Luso, é um bom conselheiro que a Federação ouve sempre com muito respeito, pelo superior critério e absoluta independência que presidem às suas opiniões; José de Mascarenhas, tenista da velha guarda, é o guardião máximo dos interesses financeiros da Federação; António Simões, grande 'leão', é também um valioso elemento com que a F.P.L.T. conta; J.M.Serra e Moura, António de Noronha e Adriano de Faro Viana, vogais da direcção, completam dignamente este punhado de homens de desporto que o ténis nacional, numa hora feliz, conseguiu reunir para lhes entregar as rédeas da sua governação".

A 18 de Janeiro do ano 1934, foi eleita nova direção presidida por Rodrigo Castro Pereira. A mudança prendia-se com o facto de Guilherme Pinto Basto e o seu primeiro Vice-Presidente, Carlos Vilar, desejarem pôr termo à sua atividade desportiva como dirigentes. Os delegados de nove clubes (Sporting Clube de Cascais, Sport Lisboa e Benfica, Sporting Clube de Portugal, Luso Tennis Clube, Lawn-Tennis International, Tennis Clube da Figueira da Foz, Estoril Park Tennis, Clube Internacional de Futebol e Curia Palace Sports Club) procederam à eleição dos novos corpos gerentes, aprovando igualmente a proposta do novo Vice-Presidente, Alberto Amado, de que fossem criados os títulos de Presidente Honorário e Consultor Técnico Honorário Guilherme Pinto Basto e Carlos Vilar.

Vasco Galvão salienta o trabalho da primeira direcção afirmando: "Ao cabo de nove anos, cheios de canseiras pelo desenvolvimento do ténis português, alguns membros da primeira direção da Federação vão ser substituídos depois de uma actuação intensa em prol do ténis português. Guilherme Pinto Basto, presidente da direcção da F.P.L.T. desde a sua fundação, figura desportiva entre nós nunca igualados, tem direito a um mais alto cargo no ténis nacional. A próxima Assembleia Geral Ordinária da F.P.L.T. deve elegê-lo seu Presidente Honorário. Carlos Vilar, Vice-Presidente da F P.L.T. também desde a sua fundação, elemento de grande prestígio no meio desportivo em geral, merece também uma homenagem, a este grande propagandista da disciplina desportiva deverá ser referida em Assembleia Geral a sua eleição ao cargo de Consultor Honorário. Ernesto Júlio Navarro, como os dois nomes antecedentes que fazem parte da mesma direcção desde a fundação da Federação merece também as melhores homenagens. Rodrigo Castro Pereira, a alma da direcção da F.P.L.T. nestes últimos quatro anos possuiu um temperamento ativo e inteligente uma mais-valia para Federação. Serra e Moura que neste ano prestou na direção bons serviços desde a confeção do calendário competitivo de provas oficiais, etc. José de Mascarenhas, tenista da velha guarda que ainda este ano foi necessário para a conquista da Taça Pinto Basto pelo Sporting Club de Cascais.

O seu afastamento das atividades desportivas e as suas grandes qualidades de carácter e de inteligência são de louvar. Para o melhor tesoureiro dos dinheiros da F.P.L.T Adriano Faro Viana, pelo seu enorme interesse pelo ténis e por um superior critério que exige um estudo  dos vários problemas que surgem , deverá ser um elemento a manter na direcção da F P.L.T.

Nas três décadas seguintes os destinos da Federação foram mudando de mãos em mãos, mas até ao ano de 1962 apenas houve  três novos presidentes. No ano de 1941 foi eleito António Ferro, que em 1946 seria substituído no cargo por André Navarro; quatro anos depois voltaria a ser presidente Rodrigo Castro Pereira, para em 1952 ceder ao  seu lugar  Joaquim Miguel de Serra e Moura; finalmente, em 1962 tomou posse José Herédia, que no ano seguinte deu novamente início à participação regular de Portugal na Taça Davis.

A direção de José Herédia manteve-se em funções pós-25 de Abril. Em 1976 o responsável máximo pela federação passa a ser Manuel Cordeiro dos Santos, desde então para cá, sucederam-se vários presidentes na modalidade com poucos praticantes. No início do século, o ténis transformou-se radicalmente e a partir da segunda metade dos anos 70 sofreu uma transformação mercantilizada.

Atualmente o ténis se encontra largamente difundido, estimando-se um grande número de praticantes federados e não federados oriundos de todas as partes de Portugal.

Christopher Brandão, 2016

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