Ontogenia Cineantropológica
A Cineantropologia Da Ontogenia
A ontogénese define-se por uma
integração sensorial da espécie humana no sistema uterino materno, no qual é considerado um potencial
pré-requisito do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem que se
prolonga extrauterinamente através do seu repertório de aquisições cineantropológicas
que vão desde o movimento até à comunicação.Em termos evolutivos e funcionais a
postura erecta será uma conquista contra a gravidade, uma das primeiras
aprendizagens cineantropológicas e cerebrais da espécie humana.A acção cineantropológica do equilíbrio
permite uma resistência à gravidade, ao fortalecimento e à tonicidade dos
músculos à inibição, à facilitação dos reflexos, da vigilância neuromuscular
pertencentes aos sistemas gama, proprioceptivo e vestibular coordenativo que por sua vez são
comandados pelo cerebelo e tronco cerebral. No seu todo libertam o corpo humano para
uma evolução cineantropológica dos processos biológicos de sobrevivência
através de uma aprendizagem de cultura.Segundo os autores Ajurriaguerra
(1964), Kephart (1971), Wallon (1966 e 1970) a postura tem como resultado um sistema
funcional donde emerge a síntese integrada de múltiplas aferências sensoriais
produzida nos recetores periféricos (proprioceptivas, vestibulares e visuais),
cibernética e sistematicamente regulada à base de processos de ação retroacção
que permitem ao indivíduo uma capacidade cineantropológica funcional única no
reino dos vertebrados.A integração vestibular e proprioceptiva
está associada a todos vertebrados através de uma organização axial que
interconeta com uma polaridade céfalo caudal que provavelmente criam os
pressupostos funcionais do controlo dos movimentos oculares relacionados com a
captação da informação envolvente, fundamental para as respostas adaptativas
definidas por Ayres (1982) e para a formação da consciência do ser humano
baseada na teoria bios semiótica de Rothschild (1963).O ser humano tem necessidades e
motivações necessárias à emergência do fabrico de aparelhos, de utensílios, da arte, da escrita, da apreensão do fogo graças à integração postural e especial derivada da
sua locomoção vertical que por sua vez estão relacionadas com a focalização
visual e cerebral desenvolvidas em situações onde se encontram objetos, imagens e símbolos.
Uma cineantropologia controlada,
elaborada e construtiva, requer uma manutenção,fixação plástica e flexível de
um controlo postural e de um controlo atencional que são fundamentais à
capacidade instrumental do homo sapiens de se desenvolver
cineantropologicamente.Piaget (1974 e 1976/pag 39) afirma que a
epistemologia genética é do conhecimento primário “ …uma acção sobre objecto”,
reforça o papel da postura e da motricidade da génese dos processos cognitivos
manifestados pela ação sobre a realidade que a
transforma.Para Rey (1935) toda a exteriorização
das ações é uma manifestação típica de todas as funções psicológicas simples,
uma vez que as aferências (respostas postuo motoras) produzem um contato com a
realidade exterior. Para o mesmo autor, as novas aferências planificadas a
partir de um contato postuo motor permite ao ser humano imaginar uma ação, observá-la
e analisá-la de forma a produzir interconexões muito estreitas entre a atividade
motora e a atividade mental.Nesta dimensão postural de motricidade,
não se trata de simples compostos motores, mas de sistemas coordenados e
intencionais de um objetivo de exteriorização dos seus movimentos.
Analisando cineantropologicamente os humanos
potencialmente elaboram estratégias de ação ou de sequencialização
espacio-temporais, intencionais, decorrentes da solução de qualquer problema
hipercomplexo que se lhes depara. A importância estratégica pressupõe
evidentemente um controlo postural de determinadas informações vestibulares e
proprioceptivas.Lorenz (1968) defende o conhecimento do
corpo baseado na interpretação ancestral do homem primitivo, capaz de manipular
objetos e simultâneamente visualizá-los pela sua capacidade de consciencializar
os seus movimentos através de formulações das suas primeiras conceitualizações. Este
princípio filogenético da espécie humana está enraizado na sua capacidade de
aprender para praticar.Quirós e Schrager (1978) elevam o
controlo postural ao nível hemisférico e não simplesmente ao nível cerebeloso,
dando-lhe ênfase e relevância psíquica superior à medida que se equaciona a
aprendizagem humana em termos intra e inter-hemisférica.O hemisfério esquerdo é simbólico e
trata prioritariamente as funções da linguagem, da análise e do tratamento
sequencial. O hemisfério direito é definido pela linguagem não verbal e trata
das informações corporais, e da síntese de tratamento simultâneo e global.
Segundo estes autores o somatório destes
hemisférios confere à postura um estatuto neuropsicológico inter-relacionado
com a lateralização e especialização hemisférica.Relativamente à especialização
hemisférica, o hemisfério simbólico, muitas vezes inibe o hemisfério postural
de forma a receber convenientemente a informação.
Em linguagem cibernética para se
chegar evolutivamente aos circuitos do hemisfério simbólico é preciso passar
pelos circuitos inferiores do hemisfério postural (noção de potencialidade
postural), sem esta estrutura funcional, a linguagem e a aprendizagem não se
integram, nem se desenvolvem cineantropologicamente.Em termos evolutivos é impossível
chegar a processos superiores de aprendizagem sem determinar as necessidades
corporais de sobrevivência ou de conforto.Os humanos no que diz respeito ao
desenvolvimento simbólico e à construção de relações interpessoais interagem no
sistema postural e na somatagnosia pela evolução cultural que se operacionaliza
por processos de tradução de linguagem falada para uma linguagem escrita ao longo
do desenvolvimento cineantropológico adquirido ao longo do seu ciclo de vida
humano.Ayres (1975) afirma que a postura exige
certas condições do meio envolvente, do solo e das forças gravitacionais que no
seu todo constituem um sistema funcional quase exclusivo da espécie humana
desenvolvido pela aprendizagem cineantropológica.Para que o organismo aprenda é
necessário uma adequação energética de forma a ampliar e inibir estímulos processar informações e agir. Sem o domínio postural do cérebro não existe
aprendizem motriz que não se desenvolve pelas atividade simbólicas e por sua
vez afeta os sistemas comunicacionais.O cérebro necessita automatizar as suas
funções antigravíticas antes de poder processar as informações simbólicas
adquiridas pelas aquisições posturais que por sua vez são pré-requisitos
específicos dos humanos ao seu desenvolvimento cognitivo.A primeira fonte de conhecimento humano
exige experiência psicomotora e não é viável em determinadas condições
cineantropológicas de estabilidade postural. Com a instabilidade postural,
nenhum conhecimento é apropriavél na medida em que se perdem todas as
referências necessárias ao processamento de informação cerebral.No animal e no ser humano de baixo
nível etário, o conhecimento inicia-se a partir das atividades psicomotoras
possíveis após aquisição da segurança gravitacional.A transformação do conhecimento
derivado pelas ações mentais exige principalmente a organização de unidades
funcionais preexistentes, o equilíbrio é sempre ponto de partida
e de chegada de novas combinações cineantropologicas.As atividades motoras posturais
suportadas pelos centros corticais utilizam outras atividades motoras e não
motoras mais complexas.Queirós e Schrager (1978) e Fonseca
(1989), afirmam que as atividades motoras automáticas podem ser produzidas de
forma satisfatória por processos de conhecimento que têem melhores e maiores
possibilidades de desenvolvimento cineantropológico.O significado psiconeurológico parece
mais compreensível na medida em que envolve a maturação de todo o sistema
nervoso e de todas as suas capacidades de conhecimento.O controlo postural é indispensável ao
desenvolvimento motor ou cineantropológico.A importância da postura e da psicomotricidade
no desenvolvimento utilizado na obtenção de novos conhecimentos adquiridos no
espaço geográfico pela ação cineantropológica da espécie humana.As atividades posturais associadas às
motoras estão subordinadas às actividades cognitivas. A dualidade do acto ao
pensamento e do pensamento ao acto permite a transformação da cineantropologia.O equilíbrio define a integração das
sinergias posturais e motoras que são reguladas pelo cerebelo pelas suas áreas
mais antigas, arquicerebelo e as mais recentes neocerebelo.O cerebelo em termos evolutivos
apresenta a expansão dos seus lobos nos quais o córtex obteve as suas áreas
associativas.O equilíbrio desempenha um papel
organizativo de todas as atividades cerebrais motoras, psicomotoras e
simbólicas. Fonseca (1999) determina que o cerebelo, o sistema vestibular, a formação reticular, estão intimamente associados ao longo
da filogénese e da ontogénese, na medida em que se criam circuitos em formato
de fluxograma de retroactivação, de referenciação, e de comando, moldando a tonicidade e o equilíbrio de forma a
serem integrados em movimentos hipercomplexos sequenciais de antropomacromotricidade,
de forma a proporcionar a elasticidade e a adaptação.
A hierarquização harmoniosa dos
movimentos, das tarefas e subtarefas do equilíbrio não fornecem dados
funcionais, vestibulares e cerebelosos como também talâmicos, límbicos e
reticulares visto que em termos sistémicos, é impossível dividir o cerebelo do
tálamo, da formação reticular e do centro vermelho do sistema límbico.Hipoteticamente a base destas
interconexões e do servomecanismo chega destas tarefas, tanto nos sinais de
descontrolo psicoemocional, como nas expressões faciais, sorrisos e gestos.Wallon (1966 a 1970) define a vida
emocional pela interação de ações tónicas, emotivas e de motricidade que
interacionam em termos de desenvolvimento afetivo, donde o significado
psiconeurológico dos dados obtidos funciona como fator psicomotor.Lúria (1973 e 1980) afirma que toda a activação
se transforma em sistema de segurança gravítico, independência motora, em
capacidade motora de controlo emocional, capacidade de atenção e de alerta e em
apreensão espacial que em si consubstância o cerebelo, como um centro de
tácticas posturais e motoras integradas na primeira unidade de Lúria.A postura gravitacional é produto do
desenvolvimento da atenção selectiva e de conservação dessa função primordial
do cérebro, através da qual os extero-receptores, essencialmente, a audição e a
visão se desabrocham no seu meio envolvente, de forma a organizarem as
funcionalidades psíquicas superiores.O equilíbrio associado com a tonicidade
formam a organização neuromotora superior, constituída pela lateralidade
somatagnosia, estruturação espácio-temporal e práxicas.A motricidade pré-antecipada é
importante para a neuromotricidade em termos filogenéticos e ontogenéticos e por sua vez
constroi a cineantropologia humana.
A atividade cognitiva superior integra
a motricidade fazendo o transfert em neuromotricidade que se traduz numa
organização neurológica importante para todo o processo de aprendizagem humana.A organização neuromotora é resultado
da integração dos dados proprioceptivos tónicos, vestibulares, posturais,
motores e quinestésicos em dados extero-receptivos (tácteis, auditivos,
rítmicos, visuais, espaciais, temporais etc.).Lúria (1973) define um sistema
funcional hipercomplexo que transforma a motricidade numa perspetiva
neurointrínseca.A cineantropologia com os seus graus de
liberdade liberta-se para uma dinâmica do seu universo psicomotriz para se
transformar em neuromotricidade.Esta relação é avaliada por um conjunto
de dados intrínsecos e extrínsecos na sua concepção e elaboração, organização,
regulação, verificação e execução.A transformação e a modificação da
motricidade, na qual a tonicidade e o equilíbrio relacionados na primeira
unidade de Lúria interferem na elaboração de fatores neuromotores hipercomplexos, como a lateralização, a noção do corpo e a estruturação
espácio-temporal e produção das práxicas determinantes à activação da segunda e
terceira unidades funcionais lurianas. A ontegenia cineantropológica provavelmente poderá ser considerado um dos processos da evolução da evolução humana.
autor- Christopher Brandão 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário