domingo, 28 de setembro de 2014

Ontogenia Cineantropológica

A Cineantropologia Da Ontogenia

A ontogénese define-se por uma integração sensorial da espécie humana no sistema uterino materno, no qual é considerado um potencial pré-requisito do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem que se prolonga extrauterinamente através do seu repertório de aquisições cineantropológicas que vão desde o movimento até à comunicação.Em termos evolutivos e funcionais a postura erecta será uma conquista contra a gravidade, uma das primeiras aprendizagens cineantropológicas e cerebrais da espécie humana.A acção cineantropológica do equilíbrio permite uma resistência à gravidade, ao fortalecimento e à tonicidade dos músculos à inibição, à facilitação dos reflexos, da vigilância neuromuscular pertencentes aos sistemas gama, proprioceptivo e vestibular coordenativo que por sua vez são comandados pelo cerebelo e tronco cerebral. No seu todo libertam o corpo humano para uma evolução cineantropológica dos processos biológicos de sobrevivência através de uma aprendizagem de cultura.Segundo os autores Ajurriaguerra (1964), Kephart (1971), Wallon (1966 e 1970) a postura tem como resultado um sistema funcional donde emerge a síntese integrada de múltiplas aferências sensoriais produzida nos recetores periféricos (proprioceptivas, vestibulares e visuais), cibernética e sistematicamente regulada à base de processos de ação retroacção que permitem ao indivíduo uma capacidade cineantropológica funcional única no reino dos vertebrados.A integração vestibular e proprioceptiva está associada a todos vertebrados através de uma organização axial que interconeta com uma polaridade céfalo caudal que provavelmente criam os pressupostos funcionais do controlo dos movimentos oculares relacionados com a captação da informação envolvente, fundamental para as respostas adaptativas definidas por Ayres (1982) e para a formação da consciência do ser humano  baseada na teoria bios semiótica de Rothschild (1963).O ser humano tem necessidades e motivações necessárias à emergência do fabrico de aparelhos, de utensílios, da arte, da escrita, da apreensão do fogo graças à integração postural e especial derivada da sua locomoção vertical que por sua vez estão relacionadas com a focalização visual e cerebral desenvolvidas em situações onde se encontram  objetos, imagens e símbolos.
Uma cineantropologia controlada, elaborada e construtiva, requer uma manutenção,fixação plástica e flexível de um controlo postural e de um controlo atencional que são fundamentais à capacidade instrumental do homo sapiens de se desenvolver cineantropologicamente.Piaget (1974 e 1976/pag 39) afirma que a epistemologia genética é do conhecimento primário “ …uma acção sobre objecto”, reforça o papel da postura e da motricidade da génese dos processos cognitivos manifestados pela ação sobre a realidade que a  transforma.Para Rey (1935) toda a exteriorização das ações é uma manifestação típica de todas as funções psicológicas simples, uma vez que as aferências (respostas postuo motoras) produzem um contato com a realidade exterior. Para o mesmo autor, as novas aferências planificadas a partir de um contato postuo motor permite ao ser humano imaginar uma ação, observá-la e analisá-la de forma a produzir interconexões muito estreitas entre a atividade motora e a atividade mental.Nesta dimensão postural de motricidade, não se trata de simples compostos motores, mas de sistemas coordenados e intencionais de um objetivo de exteriorização dos seus movimentos.
Analisando cineantropologicamente os humanos potencialmente elaboram estratégias de ação ou de sequencialização espacio-temporais, intencionais, decorrentes da solução de qualquer problema hipercomplexo que se lhes depara. A importância estratégica pressupõe evidentemente um controlo postural de determinadas informações vestibulares e proprioceptivas.Lorenz (1968) defende o conhecimento do corpo baseado na interpretação ancestral do homem primitivo, capaz de manipular objetos e simultâneamente visualizá-los pela sua capacidade de consciencializar os seus movimentos através de formulações das suas primeiras conceitualizações. Este princípio filogenético da espécie humana está enraizado na sua capacidade de aprender para praticar.Quirós e Schrager (1978) elevam o controlo postural ao nível hemisférico e não simplesmente ao nível cerebeloso, dando-lhe ênfase e relevância psíquica superior à medida que se equaciona a aprendizagem humana em termos intra e inter-hemisférica.O hemisfério esquerdo é simbólico e trata prioritariamente as funções da linguagem, da análise e do tratamento sequencial. O hemisfério direito é definido pela linguagem não verbal e trata das informações corporais, e da síntese de tratamento simultâneo e global.
 Segundo estes autores o somatório destes hemisférios confere à postura um estatuto neuropsicológico inter-relacionado com a lateralização e especialização hemisférica.Relativamente à especialização hemisférica, o hemisfério simbólico, muitas vezes inibe o hemisfério postural de forma a receber convenientemente a informação.
Em linguagem cibernética para se chegar evolutivamente aos circuitos do hemisfério simbólico é preciso passar pelos circuitos inferiores do hemisfério postural (noção de potencialidade postural), sem esta estrutura funcional, a linguagem e a aprendizagem não se integram, nem se desenvolvem cineantropologicamente.Em termos evolutivos é impossível chegar a processos superiores de aprendizagem sem determinar as necessidades corporais de sobrevivência ou de conforto.Os humanos no que diz respeito ao desenvolvimento simbólico e à construção de relações interpessoais interagem no sistema postural e na somatagnosia pela evolução cultural que se operacionaliza por processos de tradução de linguagem falada para  uma linguagem escrita ao longo do desenvolvimento cineantropológico adquirido ao longo do seu ciclo de vida humano.Ayres (1975) afirma que a postura exige certas condições do meio envolvente, do solo e das forças gravitacionais que no seu todo constituem um sistema funcional quase exclusivo da espécie humana desenvolvido pela aprendizagem cineantropológica.Para que o organismo aprenda é necessário uma adequação energética de forma a ampliar e inibir estímulos processar informações e agir. Sem o domínio postural do cérebro não existe aprendizem motriz que não se desenvolve pelas atividade simbólicas e por sua vez afeta os sistemas comunicacionais.O cérebro necessita automatizar as suas funções antigravíticas antes de poder processar as informações simbólicas adquiridas pelas aquisições posturais que por sua vez são pré-requisitos específicos dos humanos ao seu desenvolvimento cognitivo.A primeira fonte de conhecimento humano exige experiência psicomotora e não é viável em determinadas condições cineantropológicas de estabilidade postural. Com a instabilidade postural, nenhum conhecimento é apropriavél na medida em que se perdem todas as referências necessárias ao processamento de informação cerebral.No animal e no ser humano de baixo nível etário, o conhecimento inicia-se a partir das atividades psicomotoras possíveis após aquisição da segurança gravitacional.A transformação do conhecimento derivado pelas ações mentais exige principalmente a organização de unidades funcionais preexistentes, o equilíbrio é sempre ponto de partida e de chegada de novas combinações cineantropologicas.As atividades motoras posturais suportadas pelos centros corticais utilizam outras atividades motoras e não motoras mais complexas.Queirós e Schrager (1978) e Fonseca (1989), afirmam que as atividades motoras automáticas podem ser produzidas de forma satisfatória por processos de conhecimento que têem melhores e maiores possibilidades de desenvolvimento cineantropológico.O significado psiconeurológico parece mais compreensível na medida em que envolve a maturação de todo o sistema nervoso e de todas as suas capacidades de conhecimento.O controlo postural é indispensável ao desenvolvimento motor ou cineantropológico.A importância da postura e da psicomotricidade no desenvolvimento utilizado na obtenção de novos conhecimentos adquiridos no espaço geográfico pela ação cineantropológica da espécie humana.As atividades posturais associadas às motoras estão subordinadas às actividades cognitivas. A dualidade do acto ao pensamento e do pensamento ao acto permite a transformação da cineantropologia.O equilíbrio define a integração das sinergias posturais e motoras que são reguladas pelo cerebelo pelas suas áreas mais antigas, arquicerebelo e as mais recentes neocerebelo.O cerebelo em termos evolutivos apresenta a expansão dos seus lobos nos quais o córtex obteve as suas áreas associativas.O equilíbrio desempenha um papel organizativo de todas as atividades cerebrais motoras, psicomotoras e simbólicas. Fonseca (1999) determina que o cerebelo, o sistema vestibular,  a formação reticular, estão intimamente associados ao longo da filogénese e da ontogénese, na medida em que se criam circuitos em formato de fluxograma de retroactivação, de referenciação, e de comando, moldando a tonicidade e o equilíbrio de forma a serem integrados em movimentos hipercomplexos sequenciais de antropomacromotricidade, de forma a proporcionar a elasticidade e a adaptação.
A hierarquização harmoniosa dos movimentos, das tarefas e subtarefas do equilíbrio não fornecem dados funcionais, vestibulares e cerebelosos como também talâmicos, límbicos e reticulares visto que em termos sistémicos, é impossível dividir o cerebelo do tálamo, da formação reticular e do centro vermelho do sistema límbico.Hipoteticamente a base destas interconexões e do servomecanismo chega destas tarefas, tanto nos sinais de descontrolo psicoemocional, como nas expressões faciais, sorrisos e gestos.Wallon (1966 a 1970) define a vida emocional pela interação de ações tónicas, emotivas e de motricidade que interacionam em termos de desenvolvimento afetivo, donde o significado psiconeurológico dos dados obtidos funciona como fator psicomotor.Lúria (1973 e 1980) afirma que toda a activação se transforma em sistema de segurança gravítico, independência motora, em capacidade motora de controlo emocional, capacidade de atenção e de alerta e em apreensão espacial que em si consubstância o cerebelo, como um centro de tácticas posturais e motoras integradas na primeira unidade de Lúria.A postura gravitacional é produto do desenvolvimento da atenção selectiva e de conservação dessa função primordial do cérebro, através da qual os extero-receptores, essencialmente, a audição e a visão se desabrocham no seu meio envolvente, de forma a organizarem as funcionalidades psíquicas superiores.O equilíbrio associado com a tonicidade formam a organização neuromotora superior, constituída pela lateralidade somatagnosia, estruturação espácio-temporal e práxicas.A motricidade pré-antecipada é importante para a neuromotricidade em termos filogenéticos e ontogenéticos e por sua vez  constroi a cineantropologia humana.
A atividade cognitiva superior integra a motricidade fazendo o transfert em neuromotricidade que se traduz numa organização neurológica importante para todo o processo de aprendizagem humana.A organização neuromotora é resultado da integração dos dados proprioceptivos tónicos, vestibulares, posturais, motores e quinestésicos em dados extero-receptivos (tácteis, auditivos, rítmicos, visuais, espaciais, temporais etc.).Lúria (1973) define um sistema funcional hipercomplexo que transforma a motricidade numa perspetiva neurointrínseca.A cineantropologia com os seus graus de liberdade liberta-se para uma dinâmica do seu universo psicomotriz para se transformar em neuromotricidade.Esta relação é avaliada por um conjunto de dados intrínsecos e extrínsecos na sua concepção e elaboração, organização, regulação, verificação e execução.A transformação e a modificação da motricidade, na qual a tonicidade e o equilíbrio relacionados na primeira unidade de Lúria interferem na elaboração de fatores neuromotores hipercomplexos, como a lateralização, a noção do corpo e a estruturação espácio-temporal e produção das práxicas determinantes à activação da segunda e terceira unidades funcionais lurianas.  A ontegenia cineantropológica provavelmente poderá ser considerado um dos processos da evolução da evolução humana.
autor- Christopher Brandão 2014          



Sem comentários:

Enviar um comentário