A Dislexia é uma perturbação na aprendizagem específica
etiologicamente associada às alterações neurodesenvolvimentais, neurobiológicas
e neuropsicológicas.
Os alunos com
dislexia apresentam um conjunto significativo de alterações ao nível da leitura
e da escrita que podem conduzir a dificuldades no processo de ensino e
aprendizagem. Estas alterações caraterizam-se pela presença de várias
incorreções durante a leitura de palavras que se apresentam por dificuldades
nos processos de descodificação fonológica e processamento lexical, que por sua
vez influência a baixa velocidade de leitura de acordo com o nível etário
adequado. As dificuldades dos alunos com dislexia na compreensão da leitura
gera muitos erros ortográficos devido a dificuldades de estruturação frásica
associada à organização de ideias.
Sinais De Alerta Da
Dislexia
Dada à natureza de desenvolvimento da perturbação de
aprendizagem específica, os alunos possuidores de dislexia apresentam um
conjunto significativo de sinais e sintomas durante a infância e no início da
sua escolaridade. Para que os professores e respetivos encarregados de educação
possam identificar as possíveis dificuldades que surgem ao longo do percurso de
vida escolar dos respetivos alunos serão apresentados alguns sinais de alerta
de dislexia infantil em contexto escolar. Na eventualidade de identificar
vários destes sinais de alerta, que se manifestam em dificuldades
significativas desenvolvidas em processos de leitura e de escrita,
posteriormente será necessário um encaminhamento do aluno para uma avaliação
familiar, individualizada, escolar, médica especializada por uma equipa
transdisciplinar de técnicos neuropsicólogos ou psicomotores, professores,
psicólogos, médicos com enorme experiência neste campo de atividade.
Os Sinais De Alerta Da
Dislexia Durante A Infância
No estado da infância, o atraso no desenvolvimento da
linguagem existe na eventualidade do indivíduo de baixo nível etário apresentar-se
por uma comunicação primária tardia de construção de palavras fora do normal ou
por uma construção de frases mais tardia do que o tempo previsto. Se o aluno
apresenta alguns problemas ao nível da linguagem durante o seu desenvolvimento
comunicativo, nomeadamente dificuldades em pronunciar determinados sons ou
fonemas, podemos concluir que este se apresenta por uma linguagem abebezada,
para além do tempo normal. Por ter dificuldades ao nível da tarefa das rimas
silábicas existem dificuldades de memorização e de acompanhamento de canções
infantis e lenga lengas. Podemos concluir que este se apresenta por sinais que
revelam dificuldades ao nível das tarefas de consciência fonológica relacionado
com as rimas, com as lenga lengas e por fim com a segmentação.
Sinais De Alerta Da
Dislexia Em Idade Escolar
O aluno com dificuldades
na leitura e na escrita apresenta-se por um estado de lentidão na aprendizagem
cognitiva e na memorização das letras que seriamente prejudica a automatização
dos próprios processos de leitura e de escrita. As dificuldades na consciência
fonológica apresenta-se por uma segmentação fonémica manipulativa de origem
puramente fonológica. A velocidade de leitura encontra-se abaixo das
expetativas do professor conforme o nível etário e de escolaridade que se
encontra o aluno. Muitas vezes a sua leitura é silabada devido à enorme
lentidão de conversão do grafema para fonema. As diversas dificuldades de
descodificação das palavras com inúmeras alterações, revelam dificuldades nos
processos de descodificação do grafema para fonema ao nível da automatização da
leitura de palavras. As dificuldades na compreensão e interpretação de textos
lidos é devido ao baixo desempenho na leitura. Muitas vezes a situação é normalizada
ao nível da sua compreensão quando os textos são lidos pelos adultos.
Na escrita realizada pelo aluno possuidor de dislexia surgem
muitos erros ortográficos, trocas fonológicas ou lexicais em todo o tipo de
palavras. Quanto à regularidade e frequência de lacunas acentuadas na
organização e estruturação das ideias realizadas ao nível da sua construção
frásica sobre o texto lido. A demora de demasiado tempo na realização dos
trabalhos de casa que deveriam ser realizados numa hora rende em tempo útil 10
minutos. Utiliza estratégias, truques e desculpas para não ler, por não ter
qualquer prazer pela própria leitura. Distrai-se com bastante facilidade
perante qualquer estímulo externo, dando a noção que se encontra a sonhar
acordado por curtos períodos de atenção. Os resultados escolares são
contraproducentes com a sua capacidade cognitiva. Apresentam picos de
aprendizagem instáveis, nuns dias parecem assimilar e compreender todos os
conteúdos curriculares e noutros parecem ter esquecido o que tinham aprendido
anteriormente. Os alunos apresentam melhores resultados nas avaliações orais do
que escritas e muitas vezes apresentam dificuldades na aprendizagem de uma
língua estrangeira como o caso do Inglês. Não gostam de ir à escola ou de
realizar atividades escolares.
Citérios De
Diagnóstico Da Dislexia
Numa avaliação da dislexia deve-se analisar toda a história
familiar, médica, escolar do aluno de forma quantificar os seguintes fatores:
- Maior prevalência de dislexia ou dificuldades de aprendizagem
entre os elementos familiares
- Fatores hereditários
- Uma avaliação individualizada ao aluno de forma
compreender os problemas do passado, do presente e do futuro
Uma avaliação escolar
posteriormente quantificada na totalidade da informação formal e informal é
essencial para a análise da performance realizada durante o percurso escolar do
aluno.
Por fim uma avaliação médica é necessária para detetar a
existência de um potencial problema que possa explicar as dificuldades na
leitura e na escrita por uma avaliação clínica sobre as funções neurocognitivas
relacionadas com os períodos críticos ótimos de aprendizagem e desenvolvimento da
própria leitura e escrita, que por sua vez, se encontram condicionadas a outros
fatores relevantes.
A dislexia é o resultado das alterações neurobiológicas
cerebrais que codifica e representa o processamento de toda a informação
linguística. Manifesta-se por alterações no domínio do processamento fonológico
relacionados com outros domínios neurolinguísticos e neuropsicológicos que conduzem
a um conjunto significativo de alterações ao nível da leitura e da escrita. Ao
nível da leitura nota-se no aluno confusões ao nível de grafemas cuja
correspondência fonética é próxima e idêntica ou aproximada. Surgem frequentes
inversões, omissões, adições, e substituições de letras e sílabas. Na leitura
de texto existe uma acentuada dificuldade na precisão e fluência significativa
da leitura abaixo das expetativas do nível etário adequado ao nível de escolaridade
do aluno disléxico. Existem déficits na compreensão da leitura que poderá estar
comprometida por uma via fonológica e uma via lexical caraterizadas pelos
subtipos de dislexia.
Na escrita surgem inúmeros erros ortográficos devido a
dificuldades na descodificação do fonema para grafema devido a défices acentuados
na construção frásica ao nível da organização das ideias no texto que muitas
vezes encontram-se associadas a uma caligrafia irregular.
Principais
Manifestações Da Dislexia Na Leitura E Escrita
As principais manifestações da dislexia na leitura e na
escrita apresenta-se por um atraso na aquisição e automatização das
competências necessárias para a própria leitura e escrita. As dificuldades
acentuadas no processamento fonológico, nomeadamente na consciência fonológica,
codificação fonológica e por fim na recuperação dos códigos fonológicos de
nomeação rápida. A precisão, a correção e a influência da velocidade de leitura
significativamente abaixo do inesperado para a idade e para o nível escolar que
o aluno se apresenta. A dificuldade na leitura de palavras especificamente nas
irregulares são pouco frequentes, nomeadamente na aquisição das pseudopalavras.
As dificuldades imediatas na memória verbal dificulta o trabalho de operacionalização
ao nível da leitura silabada, decifradora, hesitante que por sua vez conduz a
bastantas incorreções que levam às próprias falhas dos alunos disléxicos.
O aluno com dislexia omite, adiciona letras ou sílabas, por
exemplo ex famosa-cama, casaco-casa, livro-livo, batata-bata, biblioteca-boteca
etc. Tem dificuldades na descodificação de letras ou sílabas com trocas
fonológicas e lexicais o-u, p-t, b-v, s-ss-ç, s-z, f-t, m-n, f-v, g-j, ch-x,
x/ch-j, z-j, nh-lh-ch, ão-am, ão-ou-on, au-ao, ai-la,per-pre, etc. Apesar ser
pouco frequente poderá ocorrer alguma confusão entre letras com grafia similar,
mas com diferente orientação no espaço: b-d,d-p, b-q, n-u. Na situação de
leitura poderá ocorrer uma substituição de palavras por outras de estrutura
similar, porem com significado diferente saltou-salvou, cúbico-bicudo e
substituição de palavras inteiras por outras semanticamente próximas cão-gato,
bonito-lindo, carro-automóvel.
As dificuldades na compreensão dos textos lidos devido ao
baixo desempenho na leitura, atendendo à presença de muitos erros ortográficos,
erros fonológicos e erros nas palavras grafo-fonémicas irregulares. Na escrita
podem surgir palavras unidas ou separadas, repetição de letras ou de sílabas,
colocação de letras ou sílabas antes e depois do lugar correto. As dificuldades
em exprimir as suas ideias em conhecimento de palavras leva a muitas das
dificuldades na escrita de composição que se encontra associada à organização
das ideias no texto. Na escrita, o aluno com dislexia utiliza um vocabulário
bastante restrito que se apresenta por uma qualidade de caligrafia deficitária
expressa por uma letra rasurada, disforme e irregular.
Não é necessário que estejam presentes todos estes
indicadores em simultâneo para que seja diagnosticada uma dislexia. Estes
indicadores devem apenas alertar para a possibilidade de um possível diagnóstico
de dislexia, já que é preciso compreender a natureza destas alterações.
Segundo vários autores, não é aconselhável efetuar um
diagnóstico de dislexia muito antes do final do 2ºano de escolaridade. Perante
este quadro situacional deverá ter pelo menos um a dois anos de aprendizagem
escolar, pois as dificuldades na fase inicial de aprendizagem da leitura e da
escrita é anterior ao nível etário dos 7 anos podem ser banais pela sua
frequência. Poderá ser explicado pelo fator imaturidade que se identifica por
um ligeiro atraso no desenvolvimento destas próprias competências. Apesar do
diagnóstico definitivo, pode-se esperar por uma intervenção nas áreas identificadas
como deficitárias ao nível da leitura, da escrita, da fonologia, da neurocognitivo,
etc, deverá ser iniciada o mais cedo possível ainda durante o período
pré-escolar.
O processo de avaliação da dislexia é complexo, pois envolve
uma avaliação transdisciplinar de funções neurocognitivas e neurolinguísticas
de forma a determinar a natureza etiológica das dificuldades apresentadas pelo
aluno para além de um diagnóstico diferencial de exclusão e inclusão de outras
possíveis comorbilidades, pelo que é indispensável recorrer à avaliação com
profissionais experientes em neuropsicologia.
Critérios De
Diagnóstico Da Perturbação Da Aprendizagem Específica
O uso interventivo da capacidade técnica direcionada para as
dificuldades de aprendizagem depende da presença de um dos sintomas que persiste
durante 6 meses. A leitura imprecisa de palavras únicas lidas incorretamente
pelo aluno num tom alto, depende da lentidão do esforço que realiza
hesitantemente. Muitas vezes, o aluno possuidor de dislexia tem maior
dificuldade em pronunciar as palavras no texto com precisão por não compreender
a sequência das relações derivadas por inferências de significados mais profundos
daquilo que é lido. A dificuldade em compreender o significado do que lê ou em soletrar,
adicionar, omitir e até substituir por vogais ou consoantes. Na expressão
escrita utiliza uma organização paupérrima de parágrafos expressa em ideias com
pouca clareza, por cometer múltiplos erros gramaticais ou de pontuação dentro
das frases. As dificuldades em dominar a racionalidade dos números pelo cálculo,
leva a uma fraca compreensão da matemática ao nível das associações numéricas.
Perde-se no meio aritmético devido trocar procedimentos e operações que levam à
dificuldade do raciocínio lógico em aplicar conceitos, factos e procedimentos
essenciais para resolver problemas quantitativos.
As capacidades de conhecimento são afetadas de forma substancial
abaixo das expectativas da idade cronológica do individuo que causam
interferência significativa no desempenho do ensino e aprendizagem ocupacional
ou em atividades da vida cotidiana.
A aplicação individual de escalas estandardizadas de
avaliação clínica para indivíduos com um nível etário de 17 anos ou mais velhos
será necessário uma história documental sobre as dificuldades de aprendizagem
derivadas por incapacidades que eventualmente poderão ser substituídas por uma
avaliação estandardizada.
As dificuldades de aprendizagem começa durante os anos
escolares, mas podem não se manifestar completamente, até que as exigências dessas
capacidades de conhecimento excedam as capacidades cognitivas limitadas dos
alunos. A aplicação de testes cronometrados de leitura e de escrita
desenvolvida em relatórios extensos e complexos com prazos apertados e cargas escolares
excessivamente exigentes poderá será uma via de análise concreta do quadro
situacional em que se encontra o aluno.
As dificuldades de aprendizagem não são bem explícitas por
incapacidade intelectual, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outras
perturbações mentais ou neurológicas, adversidade psicossocial e por fim falta
de proficiência na língua derivada por instrução escolar desajustada.
Perante estes diagnósticos que deverão ser preenchidos numa
base de síntese clínica e histórica, essencial ao desenvolvimento das
avaliações familiares, individuais, escolares e médicas.
A codificação deverá especificar todos os domínios de
conhecimento e subcapacidades que se encontram comprometidos no aluno e em cada
um deles deverá ser codificado individualmente de acordo com as seguintes
especificações:
- Com défice de leitura Dislexia
- Precisão da leitura de palavras
- Ritmo ou fluência da leitura
- Compreensão da leitura
A Dislexia é um termo alternativo usado para referir um
padrão de dificuldade de aprendizagem que se carateriza por problemas de
reconhecimento preciso ou fluente de palavras, de descodificação e capacidades
pobres de soletração. Se o termo de dislexia é usado para especificar este
padrão específico de dificuldade é também importante especificar quaisquer
dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na
compreensão da leitura ou do raciocínio lógico com:
- Déficit na Expressão escrita:
- Precisão ortográfica
- Precisão gramatical e de pontuação
- Clareza ou organização da expressão escrita
- Déficit na
matemática (discalculia):
- Sentido numérico
- Memorização de fatos aritméticos
- Cálculo preciso ou fluente
- Raciocínio dedutivo
A discalculia é um termo alternativo usado para referir um
padrão de dificuldades caraterizado por problemas no processamento da informação
numérica relacionados com a aprendizagem de fatos aritméticos necessários para
a realização de cálculos precisos e fluentes. Se o termo de discalculia é usado
para especificar este padrão específico de dificuldade matemática, é também
fundamental especificar quaisquer dificuldades que estejam presentes em
dificuldades no raciocínio matemático dedutivo com precisão no raciocínio
linguístico.
Alterações Emocionais Na Dislexia
As repercussões negativas da
dislexia são por vezes consideráveis quer ao nível do sucesso escolar quer ao
nível comportamental dependente do estado emocional do aluno. O que importa é
reconhecer e evitar na melhor medida possível as perturbações de gravidade
variável. Devido ao repetido insucesso escolar traduzido num fracasso
permanente em autosuperar as suas próprias dificuldades, o aluno disléxico tem
uma personalidade tristonha e apresenta-se inseguro com uma baixa autoestima.
Outras vezes pode demonstrar alguns comportamentos disruptivos com resistência às
atividades escolares por desmotivação. A frustração causada pelos anos de
esforço sem êxito e a permanente comparação com os restantes alunos muitas
vezes poderá gerar complexos de inferioridade.
As alterações emocionais nos
alunos com dislexia surgem como uma reação secundária aos problemas de
rendimento escolar. Os alunos com dislexia tendem a exibir um quadro
situacional com diversas diversidades que variam de aluno para aluno cujas
reações mais caraterísticas são:
- Reduzida motivação e empenho
pelas atividades que implicam mobilização de competências de leitura e de
escrita que por sua vez aumenta as suas dificuldades no processo de ensino e de
aprendizagem
- Sintomatologia ansiosa perante
situações de avaliação ou perante as atividades que impliquem leitura e escrita
- Sentimento de tristeza e de
autoculpalização podendo apresentar uma atitude depressiva diante as
dificuldades e adversidades dos problemas que surgem
- Uma reduzida autoestima e
autoconceito de conhecimento
- Um sentimento de insegurança e
de vergonha derivado do resultado do seu sucessivo fracasso
- Um sentimento de incapacidade,
de inferioridade e de frustração por não conseguir superar as dificuldades e
estar sucessivamente comparados com os outros colegas ou familiares
- Problemas comportamentais
caraterizados por comportamentos de oposição e desobediência perante as figuras
de autoridade como exemplo, pais, professores, etc, hiperatividade, déficit
atencional.
- Outros problemas poderão
igualmente ocorrer com o surgimento das dificuldades na aprendizagem em
contexto escolar nomeadamente enurese noturna, perturbação do sono, sintomas
psicossomáticos, etc
A Prevalência Da
Dislexia
Em Portugal num estudo recente
foram identificadas 5,4% dos sujeitos em idade escolar.
Outros estudos referem que
aproximadamente 30% a 40% dos irmãos de alunos disléxicos apresentam a mesma
perturbação. Entre gémeos monozigóticos as percentagens de concordância
aumentam à volta dos 70%. Um aluno cujo pai seja disléxico apresenta um risco 8
vezes superior à população em geral.
Alguns estudos reportam
igualmente a presença de diferenças na prevalência da dislexia entre o sexo
masculino e feminino cujo sexo masculino tende apresentar uma maior prevalência
comparativamente com o sexo feminino.
Disortografia
Disortografia é considerado uma
perturbação na aprendizagem específica em que o aluno apresenta défice na
expressão escrita. É uma perturbação que afeta as aptidões da expressão
escrita, em particular a precisão, a correção ortográfica, a organização e estruturação
das frases, bem como as regras gramaticais e morfosintáticas.
Os alunos com disortografia
apresentam:
- Uma dificuldade em executar os
processos cognitivos subjacentes à composição de textos
- Dificuldades na planificação do
texto ao nível da organização e expressão dos seus pensamentos ou conhecimentos
segundo as regras ortográficas. A falta de clareza na produção escrita de
ideias.
- Organização pobre dos
parágrafos
- Múltiplos erros gramaticais ou
na pontuação das frases.
- Uma dificuldade nos processos
de descodificação fonema grafema que se traduzem num conjunto alargado e específico
de erros ortográficos, por exemplo a adição, a omissão e a substituição de
letra ou consoantes
- Uma caligrafia irregular pouco
homogénea, rasurada, com letras pouco diferenciadas e desproporcionais. Este
critério de caligrafia irregular não é obrigatório para que esteja presente. Para
se poder considerar um diagnóstico de perturbação de aprendizagem específica na
expressão escrita será necessário o domínio de novos critérios.
A prevalência da disortografia é
bastante menos frequente do que a dislexia, sobretudo quando se analisa as
outras perturbações de aprendizagem específica. Os alunos possuidores de
disortografia apesar de se apresentarem com um bom funcionamento cognitivo e
uma leitura normativa, evidenciam por um conjunto significativo de déficits
relacionados com a capacidade de composição de textos escritos, erros
gramaticais ou de pontuação essencial na elaboração das frases. A organização
pobre dos parágrafos e múltiplos erros ortográficos é considerado uma pista
possível de haver uma disortografia sem que esteja presente uma dislexia.
Disgrafia
A disgrafia é uma alteração
funcional na componente motora do ato de escrever, que afeta a qualidade da
escrita. Os alunos com disgrafia apresentam uma caligrafia deficitária ao nível
do traço e no formato das letras apresentando uma forma irregular e disforme da
própria escrita.
Caraterísticas Sintomatológicas
Algumas caraterísticas
sintomatológicas da disgrafia apresentam-se por:
- Postura gráfica incorreta
- Forma incorreta de assegurar o
lápis e dificuldades psicomotoras ao nível da sua preensão e pressão
- Letras desligadas ou
sobrepostas e ilegíveis
- Desorganização das formas das letras
de tamanho muito pequeno ou muito grande na escrita alongada ou comprida.
- Inclinação ao nível da linha da
escrita nomeadamente avaliar a direção da escrita oscilando para cima para
baixo ou inclinação ao nível da própria letra e palavra com má orientação espacial.
- Traçado exageradamente grosso
ou demasiado suave
- Espaçamento irregular entre as
letras ou palavras que podem aparecer desligadas ou sobrepostas
A Hiperatividade Com
Déficit De Atenção
A investigação científica da
existência de uma relação co-mórbida entre a dislexia e a perturbação de hiperatividade
com défice de atenção na prática clínica. Os diversos estudos empíricos
demonstram que 15 % a 40 % dos alunos com dislexia apresentam critérios de
có-morbilidade relacionados com uma perturbação de hiperatividade associada ao
défice de atenção. Perante este quadro situacional torna-se fundamental efetuar
uma avaliação de diagnóstico diferencial entre a avaliação familiar,
individual, escolar, médica no âmbito da dislexia ou da perturbação de hiperatividade
associada ao défice de atenção.
A perturbação de hiperatividade
associada ao défice de atenção poderá ser considerada uma perturbação
disruptiva comportamental de base neurobiológica, onde se encontra implicados
diversos fatores neurológicos e neuropsicológicos que provocam no aluno alterações
atencionais de impulsividade devido a uma grande atividade motora.
As alterações comportamentais
decorrentes da perturbação da hiperatividade associada ao défice de atenção
ocorrem em vários contextos que vão desde a casa, à escola, etc., e provocam um
défice clinicamente significativo a nível social e escolar. Os alunos com perturbação
hiperativa derivada do déficit de atenção podem revelar uma grande dificuldade
em manter a atenção necessária em tarefas e por fim distraem-se facilmente
perante estímulos irrelevantes, saltando frequentemente de atividade em
atividade sem finalizar nenhuma delas, o que demonstra uma constante e
excessiva irrequietude provocada por uma comunicação oral em excesso, devido às
dificuldades em esperar pela sua vez ou em inibir o seu próprio comportamento.
Critérios De Diagnóstico Da Perturbação De Hiperatividade
Associada Ao Déficit De Atenção
Um padrão persistente de desatenção ou de
hiperatividade impulsiva interfere com funcionamento ou desenvolvimento da
desatenção.
A desatenção apresenta sintomas
que persistem pelo menos durante 6 meses num grau inconsciente de
desenvolvimento que por sua vez produz um impato negativo direto nas atividades
sociais, escolares e ocupacionais. Os seus sintomas não são apenas uma
manifestação de comportamentos de oposição que se interrelaciona por um desafio
de hostilidade ou de falhas relacionadas em tarefas ou instruções. Para
adolescentes mais velhos e adultos com um nível etário superior de 17 anos são
necessários pelo menos 5 sintomas.
A frequente falha em prestar atenção
suficiente aos pormenores em que o aluno comete erros por descuido nas tarefas
escolares, no trabalho ou em outras atividades.
O aluno apresenta dificuldades
frequentes em manter atenção no desempenho de tarefas ou atividades de forma
manter-se concentrado durante as aulas, ou em conversas e por fim numa leitura
prolongada. Parece frequente não ouvir quando se fala diretamente com ele,
parece estar com o pensamento noutro assunto com uma distração óbvia. Não segue
as instruções dadas de uma maneira geral não finaliza os trabalhos escolares,
encargos, ou deveres no local de trabalho. Inicia as tarefas, mas rapidamente
perde a concentração que é mais facilmente desviado para outros assuntos. Frequentemente
tem dificuldades em organizar tarefas e atividades na sua gestão de ordem
sequencial de manutenção de materiais. O trabalho confuso e desorganizado
formaliza-se numa pobre gestão de tempo em cumprir prazos que frequentemente, evita,
ou não gosta envolver-se em tarefas que requere um esforço mental mantido a
longo prazo em trabalhos escolares ou de casa. Para adolescentes mais velhos e
adultos preparar relatórios completares, formulários e rever textos longos é frequente
perder-se objetos necessários para tarefas ou atividades em causa nomeadamente
materiais escolares como os lápis, os livros, as ferramentas, as carteiras, as
chaves, os documentos, os óculos e telemóveis.
Hiperatividade E Impulsividade
Os sintomas de hiperatividade e
impulsividade devem persistir pelo menos durante 6 meses num grau inconsciente
ao nível do desenvolvimento psicomotor. Apresenta-se por um impacto negativo
direto nas atividades sociais, escolares e ocupacionais. Os sintomas não são
apenas uma manifestação de comportamentos de oposição, de desafio, de
hostilidade ou de falhas na compreensão de tarefas ou instruções. Para adolescentes
mais velhos com mais de 17 anos e adultos são necessários pelo menos 5
sintomas:
- Frequentemente, agita ou bate
com as mãos e os pés ou remexe-se quando está sentado
- Frequentemente levanta-se em
situações em que se espera que esteja sentado por exemplo levanta-se do seu
lugar na sala de aula, no escritório ou noutro local de trabalho ou noutras
situações que requerem a sua permanência sentado.
- Frequentemente corre ou salta em
situações inadequadas em fazê-lo em adolescentes ou adultos pode limitar-se a
sentir-se irrequieto
- Frequentemente é incapaz de
jogar ou envolver-se com tranquilidade em atividades de lazer
- Frequentemente em motricidade,
agindo com se estivesse ligado a um motor por exemplo sente-se desconfortável
ou é incapaz de estar quieto por períodos extensos, como em restaurantes,
encontros, pode ser experiências por outros como estando impaciente ou com
dificuldade em acompanhar.
A precipitação das respostas antes que as
perguntas tenham acabado é um exemplo completo das frases dos alunos que não
conseguem esperar pela sua vez de entrada na conversa. Se tem dificuldades
frequentes em esperar pela sua vez, por exemplo enquanto espera na fila ou
interrompe ou interfere nas atividades dos outros intromete-se nas conversas,
jogos ou atividades que até pode começar a usar as coisas das outras pessoas
sem pedir ou receber permissão e por fim intrometer-se ou assumir o controlo
das ações que os outros vão realizar. Vários sintomas de desatenção ou
hiperatividade impulsiva surgiram antes dos 12 anos de idade. Os sintomas de desatenção
ou hiperatividade impulsiva se encontra presente em 2 ou mais contextos, por
exemplo na escola, na casa, no trabalho, nos amigos, na família e noutras
atividades. Existem provas evidentes de que os sintomas interferem ou reduzem a
qualidade de funcionamento social, escolar e ocupacional. Não ocorrem
exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou de outra perturbação
psicótica em que não são mais bem explicados por outra perturbação mental, por
exemplo a perturbação do humor, a perturbação da ansiedade, a perturbação
dissociativa, a perturbação da personalidade ou abstinência de substâncias.
A dislexia é uma perturbação de
base neurobiológica caraterizada por uma dificuldade na correção compreensiva
da leitura devido a uma fraca competência ortográfica. Estas dificuldades nos
processos de leitura e de escrita resultam num défice na componente fonológica
da linguagem, que é inesperada em relação às restantes competências cognitivas
derivadas das consequências das condições educativas.
A perturbação de hiperatividade
associada ao défice de atenção é considerada uma perturbação
neurodesenvolvimental manifestada por um padrão de desatenção ou de
hiperatividade impulsiva que ocorre mais frequentemente num modo mais severo do
que tipicamente observado noutras pessoas com níveis de desenvolvimento semelhantes.
Trata-se de um problema generalizado de falta de autocontrolo com repercussões
no desenvolvimento da capacidade de aprendizagem de ajustamento social.
Segundo Gilger, Pennington, &
Defires, 1992, Shaywitz, Fletcher, & Shaywitz, 1955,
willcut&Pennington, 2000, a investigação científica conhecida por uma
prática clínica associada à estreita relação entre estas perturbações com a
hiperatividade cujo défice de atenção mais frequente na dislexia definem-se por
co-morbida. Secundariamente a discalculia consiste numa perturbação ao nível do
cálculo. Diversos estudos tem demonstrado que 15 a 40% dos alunos apresentam
critérios de co-morbilidade com perturbação de hiperatividade associada ao
déficit de atenção. Assim, torna-se igualmente importante proceder uma
avaliação diferencial relacionada com uma perturbação de hiperatividade
associada ao déficit de atenção na eventualidade existir sintomas associados à
desatenção, à hiperatividade ou impulsividade perante um processo de avaliação
clínica de um aluno possuidor de dislexia.
Christopher Brandão, 2016