quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Avaliação Da Dislexia Em Contexto Escolar

A Dislexia é uma perturbação na aprendizagem específica etiologicamente associada às alterações neurodesenvolvimentais, neurobiológicas e neuropsicológicas.
 Os alunos com dislexia apresentam um conjunto significativo de alterações ao nível da leitura e da escrita que podem conduzir a dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. Estas alterações caraterizam-se pela presença de várias incorreções durante a leitura de palavras que se apresentam por dificuldades nos processos de descodificação fonológica e processamento lexical, que por sua vez influência a baixa velocidade de leitura de acordo com o nível etário adequado. As dificuldades dos alunos com dislexia na compreensão da leitura gera muitos erros ortográficos devido a dificuldades de estruturação frásica associada à organização de ideias.

Sinais De Alerta Da Dislexia
Dada à natureza de desenvolvimento da perturbação de aprendizagem específica, os alunos possuidores de dislexia apresentam um conjunto significativo de sinais e sintomas durante a infância e no início da sua escolaridade. Para que os professores e respetivos encarregados de educação possam identificar as possíveis dificuldades que surgem ao longo do percurso de vida escolar dos respetivos alunos serão apresentados alguns sinais de alerta de dislexia infantil em contexto escolar. Na eventualidade de identificar vários destes sinais de alerta, que se manifestam em dificuldades significativas desenvolvidas em processos de leitura e de escrita, posteriormente será necessário um encaminhamento do aluno para uma avaliação familiar, individualizada, escolar, médica especializada por uma equipa transdisciplinar de técnicos neuropsicólogos ou psicomotores, professores, psicólogos, médicos com enorme experiência neste campo de atividade.

Os Sinais De Alerta Da Dislexia Durante A Infância
No estado da infância, o atraso no desenvolvimento da linguagem existe na eventualidade do indivíduo de baixo nível etário apresentar-se por uma comunicação primária tardia de construção de palavras fora do normal ou por uma construção de frases mais tardia do que o tempo previsto. Se o aluno apresenta alguns problemas ao nível da linguagem durante o seu desenvolvimento comunicativo, nomeadamente dificuldades em pronunciar determinados sons ou fonemas, podemos concluir que este se apresenta por uma linguagem abebezada, para além do tempo normal. Por ter dificuldades ao nível da tarefa das rimas silábicas existem dificuldades de memorização e de acompanhamento de canções infantis e lenga lengas. Podemos concluir que este se apresenta por sinais que revelam dificuldades ao nível das tarefas de consciência fonológica relacionado com as rimas, com as lenga lengas e por fim com a segmentação.

Sinais De Alerta Da Dislexia Em Idade Escolar
 O aluno com dificuldades na leitura e na escrita apresenta-se por um estado de lentidão na aprendizagem cognitiva e na memorização das letras que seriamente prejudica a automatização dos próprios processos de leitura e de escrita. As dificuldades na consciência fonológica apresenta-se por uma segmentação fonémica manipulativa de origem puramente fonológica. A velocidade de leitura encontra-se abaixo das expetativas do professor conforme o nível etário e de escolaridade que se encontra o aluno. Muitas vezes a sua leitura é silabada devido à enorme lentidão de conversão do grafema para fonema. As diversas dificuldades de descodificação das palavras com inúmeras alterações, revelam dificuldades nos processos de descodificação do grafema para fonema ao nível da automatização da leitura de palavras. As dificuldades na compreensão e interpretação de textos lidos é devido ao baixo desempenho na leitura. Muitas vezes a situação é normalizada ao nível da sua compreensão quando os textos são lidos pelos adultos.
Na escrita realizada pelo aluno possuidor de dislexia surgem muitos erros ortográficos, trocas fonológicas ou lexicais em todo o tipo de palavras. Quanto à regularidade e frequência de lacunas acentuadas na organização e estruturação das ideias realizadas ao nível da sua construção frásica sobre o texto lido. A demora de demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa que deveriam ser realizados numa hora rende em tempo útil 10 minutos. Utiliza estratégias, truques e desculpas para não ler, por não ter qualquer prazer pela própria leitura. Distrai-se com bastante facilidade perante qualquer estímulo externo, dando a noção que se encontra a sonhar acordado por curtos períodos de atenção. Os resultados escolares são contraproducentes com a sua capacidade cognitiva. Apresentam picos de aprendizagem instáveis, nuns dias parecem assimilar e compreender todos os conteúdos curriculares e noutros parecem ter esquecido o que tinham aprendido anteriormente. Os alunos apresentam melhores resultados nas avaliações orais do que escritas e muitas vezes apresentam dificuldades na aprendizagem de uma língua estrangeira como o caso do Inglês. Não gostam de ir à escola ou de realizar atividades escolares.

Citérios De Diagnóstico Da Dislexia
Numa avaliação da dislexia deve-se analisar toda a história familiar, médica, escolar do aluno de forma quantificar os seguintes fatores:
- Maior prevalência de dislexia ou dificuldades de aprendizagem entre os elementos familiares
- Fatores hereditários
- Uma avaliação individualizada ao aluno de forma compreender os problemas do passado, do presente e do futuro
 Uma avaliação escolar posteriormente quantificada na totalidade da informação formal e informal é essencial para a análise da performance realizada durante o percurso escolar do aluno.
Por fim uma avaliação médica é necessária para detetar a existência de um potencial problema que possa explicar as dificuldades na leitura e na escrita por uma avaliação clínica sobre as funções neurocognitivas relacionadas com os períodos críticos ótimos de aprendizagem e desenvolvimento da própria leitura e escrita, que por sua vez, se encontram condicionadas a outros fatores relevantes.
A dislexia é o resultado das alterações neurobiológicas cerebrais que codifica e representa o processamento de toda a informação linguística. Manifesta-se por alterações no domínio do processamento fonológico relacionados com outros domínios neurolinguísticos e neuropsicológicos que conduzem a um conjunto significativo de alterações ao nível da leitura e da escrita. Ao nível da leitura nota-se no aluno confusões ao nível de grafemas cuja correspondência fonética é próxima e idêntica ou aproximada. Surgem frequentes inversões, omissões, adições, e substituições de letras e sílabas. Na leitura de texto existe uma acentuada dificuldade na precisão e fluência significativa da leitura abaixo das expetativas do nível etário adequado ao nível de escolaridade do aluno disléxico. Existem déficits na compreensão da leitura que poderá estar comprometida por uma via fonológica e uma via lexical caraterizadas pelos subtipos de dislexia.
Na escrita surgem inúmeros erros ortográficos devido a dificuldades na descodificação do fonema para grafema devido a défices acentuados na construção frásica ao nível da organização das ideias no texto que muitas vezes encontram-se associadas a uma caligrafia irregular.

Principais Manifestações Da Dislexia Na Leitura E Escrita
As principais manifestações da dislexia na leitura e na escrita apresenta-se por um atraso na aquisição e automatização das competências necessárias para a própria leitura e escrita. As dificuldades acentuadas no processamento fonológico, nomeadamente na consciência fonológica, codificação fonológica e por fim na recuperação dos códigos fonológicos de nomeação rápida. A precisão, a correção e a influência da velocidade de leitura significativamente abaixo do inesperado para a idade e para o nível escolar que o aluno se apresenta. A dificuldade na leitura de palavras especificamente nas irregulares são pouco frequentes, nomeadamente na aquisição das pseudopalavras. As dificuldades imediatas na memória verbal dificulta o trabalho de operacionalização ao nível da leitura silabada, decifradora, hesitante que por sua vez conduz a bastantas incorreções que levam às próprias falhas dos alunos disléxicos.
O aluno com dislexia omite, adiciona letras ou sílabas, por exemplo ex famosa-cama, casaco-casa, livro-livo, batata-bata, biblioteca-boteca etc. Tem dificuldades na descodificação de letras ou sílabas com trocas fonológicas e lexicais o-u, p-t, b-v, s-ss-ç, s-z, f-t, m-n, f-v, g-j, ch-x, x/ch-j, z-j, nh-lh-ch, ão-am, ão-ou-on, au-ao, ai-la,per-pre, etc. Apesar ser pouco frequente poderá ocorrer alguma confusão entre letras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d,d-p, b-q, n-u. Na situação de leitura poderá ocorrer uma substituição de palavras por outras de estrutura similar, porem com significado diferente saltou-salvou, cúbico-bicudo e substituição de palavras inteiras por outras semanticamente próximas cão-gato, bonito-lindo, carro-automóvel.
As dificuldades na compreensão dos textos lidos devido ao baixo desempenho na leitura, atendendo à presença de muitos erros ortográficos, erros fonológicos e erros nas palavras grafo-fonémicas irregulares. Na escrita podem surgir palavras unidas ou separadas, repetição de letras ou de sílabas, colocação de letras ou sílabas antes e depois do lugar correto. As dificuldades em exprimir as suas ideias em conhecimento de palavras leva a muitas das dificuldades na escrita de composição que se encontra associada à organização das ideias no texto. Na escrita, o aluno com dislexia utiliza um vocabulário bastante restrito que se apresenta por uma qualidade de caligrafia deficitária expressa por uma letra rasurada, disforme e irregular.
Não é necessário que estejam presentes todos estes indicadores em simultâneo para que seja diagnosticada uma dislexia. Estes indicadores devem apenas alertar para a possibilidade de um possível diagnóstico de dislexia, já que é preciso compreender a natureza destas alterações.
Segundo vários autores, não é aconselhável efetuar um diagnóstico de dislexia muito antes do final do 2ºano de escolaridade. Perante este quadro situacional deverá ter pelo menos um a dois anos de aprendizagem escolar, pois as dificuldades na fase inicial de aprendizagem da leitura e da escrita é anterior ao nível etário dos 7 anos podem ser banais pela sua frequência. Poderá ser explicado pelo fator imaturidade que se identifica por um ligeiro atraso no desenvolvimento destas próprias competências. Apesar do diagnóstico definitivo, pode-se esperar por uma intervenção nas áreas identificadas como deficitárias ao nível da leitura, da escrita, da fonologia, da neurocognitivo, etc, deverá ser iniciada o mais cedo possível ainda durante o período pré-escolar.
O processo de avaliação da dislexia é complexo, pois envolve uma avaliação transdisciplinar de funções neurocognitivas e neurolinguísticas de forma a determinar a natureza etiológica das dificuldades apresentadas pelo aluno para além de um diagnóstico diferencial de exclusão e inclusão de outras possíveis comorbilidades, pelo que é indispensável recorrer à avaliação com profissionais experientes em neuropsicologia.

Critérios De Diagnóstico Da Perturbação Da Aprendizagem Específica
O uso interventivo da capacidade técnica direcionada para as dificuldades de aprendizagem depende da presença de um dos sintomas que persiste durante 6 meses. A leitura imprecisa de palavras únicas lidas incorretamente pelo aluno num tom alto, depende da lentidão do esforço que realiza hesitantemente. Muitas vezes, o aluno possuidor de dislexia tem maior dificuldade em pronunciar as palavras no texto com precisão por não compreender a sequência das relações derivadas por inferências de significados mais profundos daquilo que é lido. A dificuldade em compreender o significado do que lê ou em soletrar, adicionar, omitir e até substituir por vogais ou consoantes. Na expressão escrita utiliza uma organização paupérrima de parágrafos expressa em ideias com pouca clareza, por cometer múltiplos erros gramaticais ou de pontuação dentro das frases. As dificuldades em dominar a racionalidade dos números pelo cálculo, leva a uma fraca compreensão da matemática ao nível das associações numéricas. Perde-se no meio aritmético devido trocar procedimentos e operações que levam à dificuldade do raciocínio lógico em aplicar conceitos, factos e procedimentos essenciais para resolver problemas quantitativos.
As capacidades de conhecimento são afetadas de forma substancial abaixo das expectativas da idade cronológica do individuo que causam interferência significativa no desempenho do ensino e aprendizagem ocupacional ou em atividades da vida cotidiana.
A aplicação individual de escalas estandardizadas de avaliação clínica para indivíduos com um nível etário de 17 anos ou mais velhos será necessário uma história documental sobre as dificuldades de aprendizagem derivadas por incapacidades que eventualmente poderão ser substituídas por uma avaliação estandardizada.
As dificuldades de aprendizagem começa durante os anos escolares, mas podem não se manifestar completamente, até que as exigências dessas capacidades de conhecimento excedam as capacidades cognitivas limitadas dos alunos. A aplicação de testes cronometrados de leitura e de escrita desenvolvida em relatórios extensos e complexos com prazos apertados e cargas escolares excessivamente exigentes poderá será uma via de análise concreta do quadro situacional em que se encontra o aluno.
As dificuldades de aprendizagem não são bem explícitas por incapacidade intelectual, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outras perturbações mentais ou neurológicas, adversidade psicossocial e por fim falta de proficiência na língua derivada por instrução escolar desajustada.
Perante estes diagnósticos que deverão ser preenchidos numa base de síntese clínica e histórica, essencial ao desenvolvimento das avaliações familiares, individuais, escolares e médicas.
A codificação deverá especificar todos os domínios de conhecimento e subcapacidades que se encontram comprometidos no aluno e em cada um deles deverá ser codificado individualmente de acordo com as seguintes especificações:
- Com défice de leitura Dislexia
- Precisão da leitura de palavras
- Ritmo ou fluência da leitura
- Compreensão da leitura
A Dislexia é um termo alternativo usado para referir um padrão de dificuldade de aprendizagem que se carateriza por problemas de reconhecimento preciso ou fluente de palavras, de descodificação e capacidades pobres de soletração. Se o termo de dislexia é usado para especificar este padrão específico de dificuldade é também importante especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na compreensão da leitura ou do raciocínio lógico com:
- Déficit na Expressão escrita:
- Precisão ortográfica
- Precisão gramatical e de pontuação
- Clareza ou organização da expressão escrita
 - Déficit na matemática (discalculia):
- Sentido numérico
- Memorização de fatos aritméticos
- Cálculo preciso ou fluente
- Raciocínio dedutivo
A discalculia é um termo alternativo usado para referir um padrão de dificuldades caraterizado por problemas no processamento da informação numérica relacionados com a aprendizagem de fatos aritméticos necessários para a realização de cálculos precisos e fluentes. Se o termo de discalculia é usado para especificar este padrão específico de dificuldade matemática, é também fundamental especificar quaisquer dificuldades que estejam presentes em dificuldades no raciocínio matemático dedutivo com precisão no raciocínio linguístico.

Alterações Emocionais Na Dislexia
As repercussões negativas da dislexia são por vezes consideráveis quer ao nível do sucesso escolar quer ao nível comportamental dependente do estado emocional do aluno. O que importa é reconhecer e evitar na melhor medida possível as perturbações de gravidade variável. Devido ao repetido insucesso escolar traduzido num fracasso permanente em autosuperar as suas próprias dificuldades, o aluno disléxico tem uma personalidade tristonha e apresenta-se inseguro com uma baixa autoestima. Outras vezes pode demonstrar alguns comportamentos disruptivos com resistência às atividades escolares por desmotivação. A frustração causada pelos anos de esforço sem êxito e a permanente comparação com os restantes alunos muitas vezes poderá gerar complexos de inferioridade.
As alterações emocionais nos alunos com dislexia surgem como uma reação secundária aos problemas de rendimento escolar. Os alunos com dislexia tendem a exibir um quadro situacional com diversas diversidades que variam de aluno para aluno cujas reações mais caraterísticas são:
- Reduzida motivação e empenho pelas atividades que implicam mobilização de competências de leitura e de escrita que por sua vez aumenta as suas dificuldades no processo de ensino e de aprendizagem
- Sintomatologia ansiosa perante situações de avaliação ou perante as atividades que impliquem leitura e escrita
- Sentimento de tristeza e de autoculpalização podendo apresentar uma atitude depressiva diante as dificuldades e adversidades dos problemas que surgem
- Uma reduzida autoestima e autoconceito de conhecimento
- Um sentimento de insegurança e de vergonha derivado do resultado do seu sucessivo fracasso
- Um sentimento de incapacidade, de inferioridade e de frustração por não conseguir superar as dificuldades e estar sucessivamente comparados com os outros colegas ou familiares
- Problemas comportamentais caraterizados por comportamentos de oposição e desobediência perante as figuras de autoridade como exemplo, pais, professores, etc, hiperatividade, déficit atencional.

- Outros problemas poderão igualmente ocorrer com o surgimento das dificuldades na aprendizagem em contexto escolar nomeadamente enurese noturna, perturbação do sono, sintomas psicossomáticos, etc
A Prevalência Da Dislexia
Em Portugal num estudo recente foram identificadas 5,4% dos sujeitos em idade escolar.
Outros estudos referem que aproximadamente 30% a 40% dos irmãos de alunos disléxicos apresentam a mesma perturbação. Entre gémeos monozigóticos as percentagens de concordância aumentam à volta dos 70%. Um aluno cujo pai seja disléxico apresenta um risco 8 vezes superior à população em geral.
Alguns estudos reportam igualmente a presença de diferenças na prevalência da dislexia entre o sexo masculino e feminino cujo sexo masculino tende apresentar uma maior prevalência comparativamente com o sexo feminino.

Disortografia
Disortografia é considerado uma perturbação na aprendizagem específica em que o aluno apresenta défice na expressão escrita. É uma perturbação que afeta as aptidões da expressão escrita, em particular a precisão, a correção ortográfica, a organização e estruturação das frases, bem como as regras gramaticais e morfosintáticas.
Os alunos com disortografia apresentam:
- Uma dificuldade em executar os processos cognitivos subjacentes à composição de textos
- Dificuldades na planificação do texto ao nível da organização e expressão dos seus pensamentos ou conhecimentos segundo as regras ortográficas. A falta de clareza na produção escrita de ideias.
- Organização pobre dos parágrafos
- Múltiplos erros gramaticais ou na pontuação das frases.
- Uma dificuldade nos processos de descodificação fonema grafema que se traduzem num conjunto alargado e específico de erros ortográficos, por exemplo a adição, a omissão e a substituição de letra ou consoantes
- Uma caligrafia irregular pouco homogénea, rasurada, com letras pouco diferenciadas e desproporcionais. Este critério de caligrafia irregular não é obrigatório para que esteja presente. Para se poder considerar um diagnóstico de perturbação de aprendizagem específica na expressão escrita será necessário o domínio de novos critérios.
A prevalência da disortografia é bastante menos frequente do que a dislexia, sobretudo quando se analisa as outras perturbações de aprendizagem específica. Os alunos possuidores de disortografia apesar de se apresentarem com um bom funcionamento cognitivo e uma leitura normativa, evidenciam por um conjunto significativo de déficits relacionados com a capacidade de composição de textos escritos, erros gramaticais ou de pontuação essencial na elaboração das frases. A organização pobre dos parágrafos e múltiplos erros ortográficos é considerado uma pista possível de haver uma disortografia sem que esteja presente uma dislexia.

Disgrafia
A disgrafia é uma alteração funcional na componente motora do ato de escrever, que afeta a qualidade da escrita. Os alunos com disgrafia apresentam uma caligrafia deficitária ao nível do traço e no formato das letras apresentando uma forma irregular e disforme da própria escrita.

Caraterísticas Sintomatológicas
Algumas caraterísticas sintomatológicas da disgrafia apresentam-se por:
- Postura gráfica incorreta
- Forma incorreta de assegurar o lápis e dificuldades psicomotoras ao nível da sua preensão e pressão
- Letras desligadas ou sobrepostas e ilegíveis
- Desorganização das formas das letras de tamanho muito pequeno ou muito grande na escrita alongada ou comprida.
- Inclinação ao nível da linha da escrita nomeadamente avaliar a direção da escrita oscilando para cima para baixo ou inclinação ao nível da própria letra e palavra com má orientação espacial.
- Traçado exageradamente grosso ou demasiado suave
- Espaçamento irregular entre as letras ou palavras que podem aparecer desligadas ou sobrepostas

A Hiperatividade Com Déficit De Atenção
A investigação científica da existência de uma relação co-mórbida entre a dislexia e a perturbação de hiperatividade com défice de atenção na prática clínica. Os diversos estudos empíricos demonstram que 15 % a 40 % dos alunos com dislexia apresentam critérios de có-morbilidade relacionados com uma perturbação de hiperatividade associada ao défice de atenção. Perante este quadro situacional torna-se fundamental efetuar uma avaliação de diagnóstico diferencial entre a avaliação familiar, individual, escolar, médica no âmbito da dislexia ou da perturbação de hiperatividade associada ao défice de atenção.
A perturbação de hiperatividade associada ao défice de atenção poderá ser considerada uma perturbação disruptiva comportamental de base neurobiológica, onde se encontra implicados diversos fatores neurológicos e neuropsicológicos que provocam no aluno alterações atencionais de impulsividade devido a uma grande atividade motora.
As alterações comportamentais decorrentes da perturbação da hiperatividade associada ao défice de atenção ocorrem em vários contextos que vão desde a casa, à escola, etc., e provocam um défice clinicamente significativo a nível social e escolar. Os alunos com perturbação hiperativa derivada do déficit de atenção podem revelar uma grande dificuldade em manter a atenção necessária em tarefas e por fim distraem-se facilmente perante estímulos irrelevantes, saltando frequentemente de atividade em atividade sem finalizar nenhuma delas, o que demonstra uma constante e excessiva irrequietude provocada por uma comunicação oral em excesso, devido às dificuldades em esperar pela sua vez ou em inibir o seu próprio comportamento.

Critérios De Diagnóstico Da Perturbação De Hiperatividade Associada Ao Déficit De Atenção
 Um padrão persistente de desatenção ou de hiperatividade impulsiva interfere com funcionamento ou desenvolvimento da desatenção.
A desatenção apresenta sintomas que persistem pelo menos durante 6 meses num grau inconsciente de desenvolvimento que por sua vez produz um impato negativo direto nas atividades sociais, escolares e ocupacionais. Os seus sintomas não são apenas uma manifestação de comportamentos de oposição que se interrelaciona por um desafio de hostilidade ou de falhas relacionadas em tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos com um nível etário superior de 17 anos são necessários pelo menos 5 sintomas.
A frequente falha em prestar atenção suficiente aos pormenores em que o aluno comete erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou em outras atividades.
O aluno apresenta dificuldades frequentes em manter atenção no desempenho de tarefas ou atividades de forma manter-se concentrado durante as aulas, ou em conversas e por fim numa leitura prolongada. Parece frequente não ouvir quando se fala diretamente com ele, parece estar com o pensamento noutro assunto com uma distração óbvia. Não segue as instruções dadas de uma maneira geral não finaliza os trabalhos escolares, encargos, ou deveres no local de trabalho. Inicia as tarefas, mas rapidamente perde a concentração que é mais facilmente desviado para outros assuntos. Frequentemente tem dificuldades em organizar tarefas e atividades na sua gestão de ordem sequencial de manutenção de materiais. O trabalho confuso e desorganizado formaliza-se numa pobre gestão de tempo em cumprir prazos que frequentemente, evita, ou não gosta envolver-se em tarefas que requere um esforço mental mantido a longo prazo em trabalhos escolares ou de casa. Para adolescentes mais velhos e adultos preparar relatórios completares, formulários e rever textos longos é frequente perder-se objetos necessários para tarefas ou atividades em causa nomeadamente materiais escolares como os lápis, os livros, as ferramentas, as carteiras, as chaves, os documentos, os óculos e telemóveis.

Hiperatividade E Impulsividade
Os sintomas de hiperatividade e impulsividade devem persistir pelo menos durante 6 meses num grau inconsciente ao nível do desenvolvimento psicomotor. Apresenta-se por um impacto negativo direto nas atividades sociais, escolares e ocupacionais. Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamentos de oposição, de desafio, de hostilidade ou de falhas na compreensão de tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos com mais de 17 anos e adultos são necessários pelo menos 5 sintomas:
- Frequentemente, agita ou bate com as mãos e os pés ou remexe-se quando está sentado
- Frequentemente levanta-se em situações em que se espera que esteja sentado por exemplo levanta-se do seu lugar na sala de aula, no escritório ou noutro local de trabalho ou noutras situações que requerem a sua permanência sentado.
- Frequentemente corre ou salta em situações inadequadas em fazê-lo em adolescentes ou adultos pode limitar-se a sentir-se irrequieto
- Frequentemente é incapaz de jogar ou envolver-se com tranquilidade em atividades de lazer
- Frequentemente em motricidade, agindo com se estivesse ligado a um motor por exemplo sente-se desconfortável ou é incapaz de estar quieto por períodos extensos, como em restaurantes, encontros, pode ser experiências por outros como estando impaciente ou com dificuldade em acompanhar.
 A precipitação das respostas antes que as perguntas tenham acabado é um exemplo completo das frases dos alunos que não conseguem esperar pela sua vez de entrada na conversa. Se tem dificuldades frequentes em esperar pela sua vez, por exemplo enquanto espera na fila ou interrompe ou interfere nas atividades dos outros intromete-se nas conversas, jogos ou atividades que até pode começar a usar as coisas das outras pessoas sem pedir ou receber permissão e por fim intrometer-se ou assumir o controlo das ações que os outros vão realizar. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade impulsiva surgiram antes dos 12 anos de idade. Os sintomas de desatenção ou hiperatividade impulsiva se encontra presente em 2 ou mais contextos, por exemplo na escola, na casa, no trabalho, nos amigos, na família e noutras atividades. Existem provas evidentes de que os sintomas interferem ou reduzem a qualidade de funcionamento social, escolar e ocupacional. Não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou de outra perturbação psicótica em que não são mais bem explicados por outra perturbação mental, por exemplo a perturbação do humor, a perturbação da ansiedade, a perturbação dissociativa, a perturbação da personalidade ou abstinência de substâncias.
A dislexia é uma perturbação de base neurobiológica caraterizada por uma dificuldade na correção compreensiva da leitura devido a uma fraca competência ortográfica. Estas dificuldades nos processos de leitura e de escrita resultam num défice na componente fonológica da linguagem, que é inesperada em relação às restantes competências cognitivas derivadas das consequências das condições educativas.
A perturbação de hiperatividade associada ao défice de atenção é considerada uma perturbação neurodesenvolvimental manifestada por um padrão de desatenção ou de hiperatividade impulsiva que ocorre mais frequentemente num modo mais severo do que tipicamente observado noutras pessoas com níveis de desenvolvimento semelhantes. Trata-se de um problema generalizado de falta de autocontrolo com repercussões no desenvolvimento da capacidade de aprendizagem de ajustamento social.
Segundo Gilger, Pennington, & Defires, 1992, Shaywitz, Fletcher, & Shaywitz, 1955, willcut&Pennington, 2000, a investigação científica conhecida por uma prática clínica associada à estreita relação entre estas perturbações com a hiperatividade cujo défice de atenção mais frequente na dislexia definem-se por co-morbida. Secundariamente a discalculia consiste numa perturbação ao nível do cálculo. Diversos estudos tem demonstrado que 15 a 40% dos alunos apresentam critérios de co-morbilidade com perturbação de hiperatividade associada ao déficit de atenção. Assim, torna-se igualmente importante proceder uma avaliação diferencial relacionada com uma perturbação de hiperatividade associada ao déficit de atenção na eventualidade existir sintomas associados à desatenção, à hiperatividade ou impulsividade perante um processo de avaliação clínica de um aluno possuidor de dislexia.

Christopher Brandão, 2016



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