Segundo PEREIRA, 2014; PEREIRA e
PICCOLOTO, 2014 a dependência da internet é considerada uma nova psicopatologia
de dependência não química, no qual o indivíduo apresenta uma dificuldade de
controlo no seu uso, não conseguindo desvincular à rede informática.
De acordo com um estudo feito pela
Universidade de Hong Kong, aproximadamente 39% da população mundial tem acesso
à internet e cerca de 6% é viciado neste meio tecnológico. Estudos apontam 0,6%
de indivíduos viciados em internet encontram-se na nação Chinesa, 1,8% na
Suécia e 4,6% na Alemanha. Segundo LEMOS; ABREU; SOUGEY, 2014 esta divergência é
possível devido à diferenciação oscilatória da faixa etária.
Nos EUA, especialistas afirmam que 6%
a 10% dos cerca de 189 milhões de internautas são compulsivos, sendo a grande
maioria jovens possuidores de um nível cultural médio com uma enorme disposição
para o tempo livre. Os residentes de grandes cidades pressupostamente são
possuidores de certos conhecimentos de informática com enorme acesso aos meios
tecnológicos que se encontram à sua disposição.
Para Fortim (2013), a internet aparece
como um espaço transicional onde se torna um vício dependente do indivíduo pela
tecnologia. Existe uma variável emotiva que deturpa os verdadeiros sentimentos
do usuário colmatado a um mundo virtual completamente diferente da vida real.
Estes viciados sofrem e buscam uma excitação permanente devido à ausência do
convívio social.
O acesso à internet determina comportamentos
compulsivos originados num mundo virtual onde haja busca de prazer por um
hobbie que funciona como alívio de carga emocional. A sensação de conforto e de
controlo sobre os relacionamentos virtuais provavelmente não são aceites numa
realidade exposta de toda a verdade. Normalmente, os usuários acreditam manter
o controlo da interação virtual, porém a vida offline não têm o
mesmo efeito devido à grande problemática de fatos dependentes da vida real que
se transfere para o mundo virtual.
A internet possibilita o exibicionismo de
uma diferente personalidade que muitas vezes desenvolve-se numa experiência de
traços ocultos ou reprimidos de diferentes ações comportamentais utilizadas.
Outra característica a ser avaliada poderá
ser compreendida numa perspetiva de cartase social em assumir outra personalidade, sem julgamentos ou juízes de valor. A utilização da internet por pessoas
tímidas poderá criar comportamentos agressivos e sexualizados manifestados por
trás de uma tecnologia.
Sintomas
Segundo Ballone; Moura (2008) a adição à
Internet refere-se à dificuldade de controlar o seu uso através de impulsos ocasionados
por desvios comportamentais bem clarificados neste tipo de transtorno. Os dependentes
da internet dispendem demasiado tempo e frequência no seu uso. A frustração de não
conseguir controlar o tempo online permite não controlar o cansaço, a
irritabilidade e a instabilidade comportamental. O planeamento do seu uso
prolonga-se num determinado período de tempo. O processo de socialização leva à
quebra das relações pessoais pelo uso excessivo deste meio tecnológico.
Os usuários compulsivos expressam
sentimentos controversos de alívio, de irritação e por fim de tensão quando o
indivíduo se mantêm offline. Estudos
apontam para fenómenos de ansiedade, de medo e de prazer onde prevalecem sentimentos
de culpa e de vergonha pela falta do próprio processo de socialização do indivíduo.
Na eventualidade do indivíduo não se
apresentar conectado; ou achar que ficou menos tempo online do
que realmente permaneceu, leva a uma preocupação instantânea em admitir que é
um ser viciado em internet.
Consoante o pensamento negativo que surge,
podem ser encontradas neste tipo de vício mudanças comportamentais e emocionais.
Comorbidades
A existência de um transtorno relacionado
com a ansiedade poderá levar a comportamentos obsessivos e compulsivos
associados ao vício de internet. Os distúrbios de ansiedade são caraterizados
pelo medo persistente de contatos sociais ou aparições em público, vivenciado
por pessoas tímidas ou com fobia social, nos quais podem levar a um aumento de
stress, de depressão e por fim ao esgotamento emocional. Perante este quadro
social as pessoas evitam esta realidade e recorrem à internet à procura da sua
autosatisfação.
O internauta que se apresenta por
transtornos sociais apresenta sensações mais stressantes e ansiosas ao nível
dos relacionamentos reais quando comparados aos relacionamentos virtuais, nos
quais permitem ações mais eficientes e seguras. Muitas vezes a fobia social, o
medo do contato direto com o próximo leva a estigmatismos dos padrões
socioculturais que diminuem a relação do real, garantindo assim interações mais
satisfatórias no mundo virtual.
Diagnóstico
O uso compulsivo da Internet é um
problema onde existe fatores predisponentes para uma personalidade que
justifica a aquisição de um determinado desvio comportamental. Existe outra
questão a ser considerada na internet, uma fonte de lazer ou de informação que
se transforma num vício. As mudanças paradigmáticas para o uso da Internet
provoca uma transformação social na vida de uma pessoa pelo dispêndio de um
grande número de horas online, em busca da sua própria autoexcitação.
Baseados nos mesmos critérios para
diagnosticar os dependentes químicos, os critérios estabelecidos para o
diagnóstico de viciados à internet dependem do transtorno de adição à
Internet que ainda precisa ser estudado para ser reconhecido nas classificações
oficiais das próprias patologias. Apenas o Jogo patológico dentro das
dependências sem a utilização do uso da substância é considerada uma doença
reconhecida. É importante lembrar que a compulsão por internet se desenvolve
principalmente em indivíduos mais isolados e acima de tudo que não desejam o
convívio físico, pois a internet compensa todo o processo de socialização.
Segundo DIAS; RABELO, 2014 os critérios
propostos para o diagnóstico desta patologia baseiam-se num modelo adaptado
para o Jogo Patológico.
Tratamento
O uso da internet é imprescindível na vida
das pessoas quer para atividades acadêmicas, laborais, de informação e de
lazer, na eventualidade do limite do aceitável for ultrapassado, poderá
eventualmente chegar a um nível patológico no qual deve buscar auxílio. O
tratamento visa auxiliar a pessoa a retomar o controlo sobre a sua vida
condicionada às suas escolhas e ao dispêndio de tempo, de forma a não proibir o
acesso à internet. O objetivo do tratamento é identificar e fazer com que a pessoa
supere o desenvolvimento da dependência. A terapia cognitiva e comportamental é
indicada nesse tipo de tratamento, pois é a primeira opção para muito dos
distúrbios e controlo por impulsos. Segundo LEMOS, 2014 HODGINS 2008;
MATUSIEWICZ, 2010 este modelo necessita da colaboração simultânea entre o
paciente e o terapeuta para que as emoções, os pensamentos e as ações não
interfiram no processo de tratamento. Segundo Lemos (2014), alguns autores
sugerem estratégias para o vício na internet, como por exemplo usar
moderadamente; a auto-observação para não utilizar a internet como escape
ou compensação da sua organização temporal desenvolvida em atividades offline
de prevenção de recaídas. Outras técnicas são sugeridas por Young, 2009 na
descoberta de padrões de utilização da internet como forma de quebrar tabus,
sugerindo uma nova forma de usuário que convença associar-se a uma terapia.
A transgressão compulsiva consiste em três
fases, sendo a primeira para educar o paciente para mecanismos que alivie
os efeitos da internet. Na segunda fase, realiza uma investigação dos fatores
desencadeantes para a compulsão seguindo uma análise comportamental do
paciente para atividades alternativas. Por último, a fase de prevenção ou de
recaída incentiva o uso moderado da internet para outro método de tratamento
definido por eletroacupuntura, na qual se encontra associada à transgressão
compulsiva em que se demonstra resultados satisfatórios. Segundo LEMOS, 2014
a eletroacupuntura se encontra relacionada com o aumento da velocidade de
discriminação cerebral que leva ao aumento da mobilização de recursos durante o
processamento da informação cerebral.
A compulsão por internet poderá ser
considerada como uma nova manifestação psicopatológica que necessita opções de
tratamento baseadas em evidências. O intuito encontra-se voltado para a
psicoeducação uma mudança paradigmática de hábitos sociais em que leva o
paciente a uma abstinência tecnológica.
Conclusão
A dependência da internet é um assunto
contemporâneo nos âmbitos da psicologia e da saúde. Existem poucos estudos
científicos que colaboram no seu preciso diagnóstico. A sua forma de manifestação
é baseado em caraterísticas psicológicas essenciais ao seu tratamento. Para
elaboração deste conhecimento é necessário buscar informações em pesquisas
científicas para quantificar os vícios no mundo digital. Estes estudos conseguiram
comprovar um determinado distúrbio que afeta o universo da adolescência que se
encontram numa fase de descoberta da sua personalidade numa busca de
identidade social. O fato de ser comprovado um maior vício à rede de jovens
não descarta a possibilidade de que essa psicopatologia também afete o universo
dos adultos e idosos. O acesso desse meio por interação ou por comunicação é
livre e tem de ser alcançado num elevado número de usuários em que se apercebe
da sua dependência geral nas pessoas que são praticamente escravizadas por uma
ferramenta tecnológica. Além disso, a facilidade de se adquirir aparelhos que
permitem o acesso à rede fazem com que as pessoas não deixem de ficar online.
Apesar da internet ser uma fonte
informativa de assuntos políticos, financeiros, culturais, entre outros,
percebe-se que o maior tempo destinado ao seu uso, é dedicado às redes sociais
e aplicativos, como Facebook, Twitter, Tinder, Whatsapp, Isso pode ser
justificado pelo fato das pessoas que utilizam compulsivamente a internet não
terem controlo na sua utilização em que não conseguem ficar desconectadas ao
universo virtual.
As pessoas viciadas são compulsivamente afetadas
pela internet porque ficam mais tempo conectadas à rede por ser uma busca de evasão
da realidade onde se encontra, uma forma de encontrar prazer, satisfação,
distração e alívio dos problemas do dia-a-dia. Existem outras caraterísticas
psicológicas apresentadas por essas pessoas que corroboram na utilização
excessiva da internet como um meio de comunicação. Elas encontram uma forma
diferente de expressão da sua personalidade no mundo digital, uma vez que na
vida real se consideram infoexcluídas da própria sociedade.
Existe uma questão pessoal que
provavelmente poderá ser a resposta de se ficar muito tempo online,
porque os próprios viciados à rede acabam excluindo-se do mundo real pela
dificuldade de interagir em ambientes sociais, profissionais e até mesmo
familiares.
Neste universo virtual não restam dúvidas
de que há benefícios proporcionados pelos avanços tecnológicos, porém é
discutíveis os avanços benéficos da própria sociedade. Pessoas que
desenvolveram a dependência pela internet, muito provavelmente não vêem nesse
uso excessivo de rede como uma forma prejudicial não só ao nível de convívio
social, mas também para o funcionamento fisiológico do seu organismo.
Os viciados em internet apesar de não
perceberem dos problemas no ciclo do sono, da vigília e na própria alimentação
que pode dificultar no processo de aprendizagem e da memorização. As pessoas
também podem desenvolver outros distúrbios como excesso de peso que leva à
própria obesidade, por conseguirem alimentar apenas estando online ou
até mesmo ter um emagrecimento excessivo por ficar muito tempo conectados enquanto
não se alimentem.
As pessoas que utilizam compulsivamente a
internet podem-se desenvolver distúrbios como Transtorno de Ansiedade
Generalizada, Transtorno de Ansiedade Social e Transtorno Obsessivo Compulsivo que
são prejudiciais para o convívio social e para saúde mental destas próprias
pessoas. Dependendo da gravidade da situação aliado a um tratamento
psiquiátrico de viciados compulsivos na internet em que se exige um determinado
tratamento, possivelmente trará benefícios comportamentais quando realizados
por psicólogos ou psicanalistas.
Christopher brandão 2016
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