A origem Biomecânica e Cineantropológica Dos Sexos
A biomecânica cineantropológica está relacionada com os
graus de liberdade das articulações do ser humano que permite todo o
funcionamento corporal ao nível da estabilidade, locomoção e manipulação. O
sistema músculo-esquelético tem enormes potencialidades de exploração dos graus
de liberdade do corpo, através de um processo de ensino aprendizagem das
habilidades cineantropológicas que traduzem uma ação de princípios básicos de
mecânica influenciada por sua vez por toda a cinemática humana. Os princípios
mecânicos selecionados no movimento cineantropológico estão relacionados com o
equilíbrio das massas influenciadas pelo centro de gravidade da terra. Os
princípios do equilíbrio são:
- Centro de gravidade
- Linha de gravidade
- Base de apoio
Existe um centro de
gravidade em todos os objetos geométricos que se localiza exatamente no centro
do corpo do objeto. Nos objetos assimétricos como o caso do sistema músculo-esquelético
humano encontra-se em constante mudança consoante a sua própria cinemática. O centro
de gravidade dos nossos corpos desloca-se com o movimento ou com o peso
adicional. O centro de gravidade de um ser humano de faixa etária mais baixa
numa posição de pé e ereta encontra-se aproximadamente no alto dos quadris
localizado entre a parte da frente e a parte de trás do tronco. As atividades
nas quais o centro de gravidade permanece em posição estável e sustentavél numa
situação de um só pé ou então numa posição estática de equilíbrio. Se o centro
de gravidade estiver constantemente deslocado nos atos de saltar à corda,
deslocar-se, rolar e cambalhota poderão ser consideradas movimentos de
equilíbrio dinâmico. A linha de gravidade é considerada uma linha imaginária
que se estende verticalmente do centro de gravidade da Terra. A correlação
entre o centro de gravidade com a linha de gravidade é a base de apoio que
determina um grau de estabilidade do sistema músculo- esquelético. A base de
apoio é a parte do sistema músculo-esquelético que entra em contato com a
superfície de apoio. Se a linha de gravidade passar pela base de apoio, o corpo
estará em equilíbrio. Se estiver fora desta base ele estará em desequilíbrio.
Quanto mais ampla for a base de apoio maior será estabilidade na observação de
um sujeito em equilíbrio com dois pés em vez de um só. Quanto mais próxima a
base de apoio estiver do centro de gravidade maior será a estabilidade. Se um
indivíduo se encontrar em posição erecta poderá ser empurrado e desequilibrado
mais facilmente do que alguém em posição de ataque com os membros inferiores
afastados e o corpo ligeiramente inclinado para a frente. Quanto mais próximo
estiver o indivíduo do centro de gravidade, o centro da base de apoio terá
maior estabilidade adquirida pela posição dos pés que permite por sua vez uma maior base de
apoio na direção do movimento que fornece estabilidade adicional.
A força é um dos conceitos
básicos do movimento e da biomecânica do corpo humano. Esta provoca toda a cinemática
humana e pode ser conceptualizada numa resistência de massas que por sua vez
exercem forças, umas sobre as outras. O produto das forças traduz em deslocação
de massas, cessação de movimento e resistência de um corpo contra outro. Poderá
haver forças isométricas que se traduzem na não existência de movimentos cujo
trabalho seja nulo. As três forças relativas ao sistema músculo-esquelético
humano dependem:
- Da força muscular
- Da força do centro de
gravidade
- E da quantidade de
movimento cinemático
A totalidade da força
obedece às três leis de Newton, à lei da inércia, à lei aceleração, e por fim a
lei da ação e reação.
A lei da inércia traduz-se
num corpo em potencial repouso e um corpo em movimento, permanecerá em
movimento com a mesma velocidade em linha reta, ao menos que uma força deva
atuar num corpo de forma suficiente para superar a inércia do objeto. Se a
força exercida for menor do que a resistência oferecida pelo objeto não
existirá movimento. As massas musculares maiores traduzem numa maior produção
de força do que massas mais pequenas. Uma vez que um objeto se encontre em
movimento será necessário menos força para manter a sua velocidade de direção
para pará- lo. Quanto mais pesado for o objeto maior será a sua velocidade logo
terá a necessidade de ter maior força para a superação da sua inércia em
movimento ou para absorção da quantidade de movimento. A velocidade é a
habilidade de cobrir uma distância curta no menor tempo possível. A velocidade
é influenciada pelo tempo de reação através da quantidade de tempo decorrido
desde o sinal de largada até aos movimentos primários corporais. O espaço
temporal motor calcula-se através do tempo decorrido desde o movimento inicial
até ao fim da atividade.
O tempo de reação depende
da velocidade no qual o estímulo é processado por meio de ramificações
neuróticas aferentes e eferentes integrando -se num padrão de reação inicial. O
tempo de reação melhora nos seres humanos de baixo nível etário consoante a sua
maturação etária ao longo do tempo.
Cratty (1986) relatou
informações científicas disponíveis sobre o tempo de reação simples, indicam
que este valor é acerca duas vezes mais longo nos seres humanos de baixo nível
etário a partir de 5 anos de idade do que os adultos numa situação de tarefa
semelhante. Essas diferenças de desenvolvimento hipoteticamente resultam da
maturação neurológica, das variações nas capacidades de processamento de
informações entre seres humanos de diversos níveis etários e em questões
espaciais de tarefa.
A velocidade de movimento em
seres humanos de baixo nível etário é medida por meio de vários testes de
velocidade de corrida. Frederick (1911) ao testar a velocidade de corrida em
cinco grupos de seres humanos de baixo nível etário compreendido numa faixa
etária entre os 3 a 5 anos de idade numa corrida de aproximadamente de 50
metros encontrou uma melhoria linear com o aumento da idade, mas não com
diferenças relevantes entre ambos os sexos. Em investigações sobre a velocidade
de corrida em seres humanos de idade escolar, Keogh (1965) numa amostra de
seres humanos compreendidos entre 6 a 7 anos de idade de ambos os sexos tem uma
velocidade de corrida semelhante. No intervalo compreendido entre os 8 aos 12
anos de idade o sexo masculino supera o sexo feminino. Segundo Cratty, (1986) os
seres humanos melhoram com a idade num ritmo aproximadamente de 30,5 cm por
segundo entre os 6 e os 11 anos de idade. Keogh (1965) também encontrou
melhorias e diferenças semelhantes na velocidade entre ambos os sexos no salto
de 50 pés, embora o sexo feminino tem uma tendência de se apresentar com um
melhor desempenho do que o sexo masculino em tarefas de saltar que requerem
maior precisão nos maiores movimentos. Ambos os sexos possuem crescentes
melhorias anuais no qual o sexo masculino supera ligeiramente a performance do
sexo feminino em todas as faixas etárias. A similaridade não parece continuar
na adolescência. O sexo masculino continua a ter uma crescente melhoria nos
anos de adolescência enquanto o sexo feminino tende a regredir ligeiramente
após o nível etário dos 14 anos. Estes fatos vinculam-se no aumento da força e
na diminuição da gordura corporal no sexo masculino que se encontra no estado púbere enquanto a
gordura corporal do sexo feminino aumenta.
A velocidade do movimento
em regra geral melhora aproximadamente com a idade dos 13 anos tanto no sexo
masculino como no sexo feminino. Depois disso, o sexo feminino tende a
estabilizar e às vezes a regredir enquanto o sexo masculino contínua a sua
melhoria nos sucessivos anos da adolescência. A velocidade motora entre ambos
os sexos poderá ser incentivada na infância e para além desta através de uma
atividade física intensa que integra todos os curtos impulsos de velocidade. O
tempo de reação e o tempo motor influenciam a velocidade motora, a agilidade e
a potência motora que tendem avançar de forma linear durante a fase da
infância. A potência é a habilidade em desempenhar um esforço máximo num
período mais curto possível. É caraterizada por uma força explosiva que
representa o produto da força dividido pelo tempo. Esta combinação de força e
velocidade é encontrada em atividades motrizes como saltar, rebater,lançar à
distância e outros esforços máximos produzidos por humanos de baixo nível
etário. A velocidade de contração muscular associado à força e ao seu uso coordenado
determinam o grau de potência individual. Pelo fato da potência envolver a
combinação de habilidades motoras é difícil de se obter o valor real destas
componentes. As medidas dos saltos e dos lançamentos são frequentemente
utilizados para fornecem simplesmente indicações indiretas sobre a potência das
habilidades necessárias em efetuar estas tarefas.
Frederick (1977) encontrou
aumentos anuais significativos ao nível do salto vertical, do salto à distância
e do lançamento em seres humanos compreendidos num intervalo etário entre os 3
a 5 anos de idade. O sexo masculino supera o sexo feminino ao nível do
desempenho, em todas as medidas e em todos os níveis etários. Foram encontrados
no padrão motor de lançar em ambos os sexos os mesmos resultados definidos por
Keogh em 1965. Van Slooten (1973) também encontrou semelhantes resultados em
ambos os sexos num nível etário compreendido entre os 6 e os 12 anos de idade.
A óptima analise executada sobre o lançamento por Luedke (1980) apoia os
resultados propostos anteriormente. As melhorias lineares semelhantes e
parecidas entre ambos os sexos foram comprovadas no salto à distância num nível
etário compreendido entre os 3 e 5 anos de idade por Frederick, (1977), e dos 6
a 12 anos de idade por Keogh, (1965) e dos 10 a 17 anos idade por Ross e
Gilbert (1985). Segundo Glassow Kruse, (1960) Luedke, (1980) as diferenças na
velocidade dos lançamentos baseados no nível etário e no sexo também têm sido
demonstradas em amostras de seres humanos compreendidos num nível etário entre
os 6 e 14 anos de idade. As diferenças quanto à idade e ao sexo estão
intimamente relacionadas com os aumentos anuais de força e de velocidade de
movimento sob influências socio culturais variáveis em ambos os sexos quer
masculino e feminino.
A lei da aceleração diz que
a alteração da velocidade de um objeto é diretamente proprocional à força
produzida pela velocidade que é inversamente proporcional à massa do objeto.
Quanto mais pesado é o objeto será necessário mais força para acelará-lo ou descelara-lo.
Esta situação poderá ser observada num objeto pesado e num objeto leve quando
lançado a uma determinada distância. O aumento da velocidade num objeto é
proporcional à quantidade de força que é aplicada. Se a mesma quantidade de
força for exercida sobre dois corpos de massas diferenciadas maior será a
aceleração produzida no objeto mais leve de menor massa. O objeto mais pesado
terá uma maior quantidade de movimento uma vez que a sua inércia seja suplantada,
exercerá uma maior força.
A lei de ação e reação
afirma que cada ação existe uma reação igual e oposta. Este princípio de força
oposta provavelmente poderá ser a base da locomoção da espécie humana que fica
testemunhada através das pegadas mais vulneráveis em solos arenosos. Este
princípio aplica-se a um movimento linear e a um movimento angular de forma a
sustentar as forças primárias de qualquer movimento quando aplicadas a um
sujeito exige ajustamentos. O uso oposto de um padrão de corrida contrapõe-se a
uma ação biomecânica de uma parte do corpo em relação à ação da outra parte. A
assimilação da força para detenção de indivíduos ou objetos em movimentos
depende da quantidade de força absorvida e alcancavél a maior distância e a
maior área de superfície possível. Quanto maior for a distância menor será o
impato da força absorvida em qualquer corpo. Esta situação poderá ser
comprovada num quadro situacional em que um indivíduo apanha uma bola na fase
de preensão com os membros superiores em extensão à frente do corpo e
seguidamente com os braços flexionados. Também poderá ser observado na fase de
impulsão de um indivíduo quando toca no solo com os membros inferiores em
flexão após um salto e de modo oposto quando toca com os membros inferiores em
extensão. As forças devem ser absorvidas quanto possível numa área de enorme
superfície. O impato será reduzido numa razão direta entre o tamanho da área de
superfície diminuída com a potencialidade de lesão, explicada através da
tentativa de absorção dos membros superiores em extensão ao choque da queda que
provavelmente resultará numa lesão derivada à receção do impato da pequena área
da superfície da mão. A maior parte do corpo em absorver o impato será possível
e melhor. A direção final de um objeto em movimento depende da magnitude e da
direção de todas as forças que foram aplicadas. Sempre que executamos
habilidades motoras como rematar, chutar, derrubar, ou lançar objetos dependem
da precisão e da distância em que as forças influenciam. Quando um indivíduo
executa um salto vertical deve executar com uma performance obtida de um
somatório de forças convergidas na direção vertical. Uma boa performance no
salto à distância requer um somatório de forças horizontais e verticais de modo
que o impulso seja realizado em ângulo apropriado. A analise distinta dos
princípios de equilíbrio com a aplicação e absorção de forças estão
interligados em diversas ações em que o ser humano propõe-se a realizar. A
maior parte dos movimentos cinemáticos combina os três princípios definidos
anteriormente. O princípio de equilibrio está englobado em quase todos os
movimentos cinemàticos aplicados e absorvidos pela força sempre que o sistema
muscular e esquelético desempenhar um grau de liberdade, quer motor quer
manipulativo. Embora cada um dos padrões das habilidades motoras incorporam uma
biomecânica fundamental e aplicavél de princípios comuns em todas as situações
de movimento cinemático envolvidos numa sequência específica de situações
espaciais. O desenvolvimento motor representa um processo global interligado
das àreas cognitivas, afetivas e comportamentais da espécie humana que por sua
vez estão influenciadas por uma multidiversidade de fatores comuns que afetam o
desenvolvimento motor numa progressão gradual de níveis de funcionamento dos mais
simples para os mais complexos. Os fatores genéticos, biológicos, empíricos,
fisícos, motrizes influenciam o processo e o produto do desenvolvimento
psicomotor da espécie humana. Cada indivíduo é único e tem a sua especificidade
no seu desenvolvimento e na sua progressão que está dependente das
circunstâncias espaciais, ambientais e biológicas. No seu conjunto transforma a cineantropomacromotricidade em cineantropomicromotricidade pelas necessidades
específicas das suas tarefas psicomotoras humanas realizadas num determinado
espaço físico e geográfico.
Autor- Christopher Brandão 2014
- Linha de gravidade
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