Neste artigo iremos dar importância ao homem civilizacional que molda a natureza para se adaptar
e desenvolver ao seu espaço físico e geográfico, através da construção da sua personalidade evolutiva, condicionada aos seus próprios contextos extrínsecos e intrínsecos ,que por sua vez dinamizam a própria hipercomplexidade evolutiva da espécie humana.
A
dinâmica cineantropológica na criação, utilização e manipulação de objetos
carateriza a forma evolutiva da espécie humana ao longo do tempo, desde os hominídeos até aos Australopitecos e ao
Cro-Magon passando pelo Neandertal, no qual a sua cultura é inacessível às outras espécies animais e
vegetais, atendendo à sua sensibilidade visceral e corporal.
Engles (1978) e Eccles (1978 a 1979) definem o
poder criativo e tecnológico do género Homo baseado na sensibilidade sensorial
superior de expressão corporal que se manifesta ao longo da história da humanidade pela sua própria Cineantropologia.
Changeaux
(1994) e T. Chardin (1959) afirmam que o sentido do belo e do estético tem raízes cineantropológicas remotas que permitiam ao homo Habilis, Erectus, Sapiens inventar a arte, muito
antes de domesticar o animal, de cultivar a terra, de construir a sua primeira
habitação, de criar o primeiro objeto de metal e por fim de inventar a escrita.
Montagu
(1964), Beritoff (1965), Oakley (1968), Changeaux (1983), Bowler (1986) afirmam
que as origens cineantropológicas destas criações e conquistas humanas encontram-se nos vestígios culturais, que por sua vez manifestam em emoções
estéticas baseadas nas capacidades comuns neurobiopsicológicas de todos os seres
humanos,independentemente dos seus contextos ecológicos e sócio-históricos criados
nos seus próprios espaços geográficos.
A
génese do desenvolvimento comportamental da espécie humana recombinada
poligenéticamente com a cineantropologia originária dos reflexos refundidos e
reestruturados ao longo do processo evolutivo das componentes adaptativas transcendem e difundem a própria cognição humana e por sua vez são simultâneamente abordadas com o desenvolvimento comparativo das outras espécies animais.
A provavél hipótese do processo ensino aprendizagem da transformação das matérias primas em utensílios eficazes
e cortantes, como os bifaces,as facas,e outros objetos define o somatório da inteligência com a
sociabilidade da espécie humana em confrontar os riscos de sobrevivência no seu espaço envolvente. A vivência sócio-grupal ou em pares monogâmicos provavelmente
poderia ser uma estratégia de sobrevivência às diversas adversidades climáticas
e ao confronto com os animais ferozes que por sua vez permitiram aos hominídeos a sua evolução
cerebral e social dos seus descendentes o que provavelmente poderá ser considerado o produto da evolução do
homem moderno.
Leroi-Gourhan
(1964), refere a espécie humana criativa que transforma pela cineantropologia o mundo natural em mundo civilizacional através da arte, da linguagem e por fim da tecnologia.
A cineantropologia é produto da evolução tecnológica instrumental do ser
práxico que por sua vez é caraterizado pelo produto de uma acumulação de cultura
transformada em diferentes contextos de arte.
Leroi-Gourhan
(1964) Pilbeam (1983), Le Gros Clark (1980) afirmam que os traços humanos
mantiveram-se afastados dos processos técnicos e económicos devido às diferenças
étnicas produziam uma multicomplexidade de comportamentos estéticos diferenciados na fabricação de
utensílios e objetos.
Leroi-Gourhan
(1964) e Boas (1965) referem que as formas,as dimensões, as cores de outros objetos
produzidos pela sensibilidade estética do género Homo escondem motivações hormonais,
viscerais, emocionais e sentimentos de auto-superação da sua realidade envolvente ao seu espaço físico e geográfico.
Damásio
(1995) define a importância dos sentidos, dos odores do rinencéfalo, constituído
por um substrato neurológico hipercomplexo das áreas cerebrais reflexivas, com
base de uma hiperafetividade que carateriza a inteligência emocional e
sentimental da espécie humana.
Napier
(1972), Greene (1972), Stauss e Cave (1973), Gould (1977 e 1989), Sarnat e
Nashner (1981), Massion (1984) e Fonseca (1999) explicam a adaptação cineantropológica do equilíbrio corporal pela gravidade através de uma ação neurológica de maior eficácia na organização das percepções espaciais e geográficas que por sua vez provocaram uma maior potencialidade locomotiva do homem .
O Homo
habilis foi capaz de efetuar o transfert da locomoção para a uma locomoção cada vez mais fina e elaborada de formas mais
hipercomplexas e diversificadas de padrões e capacidades psicomotoras.
O Homo
habilis criador de utensílios e de arte é o resultado da sua cinenatropologia
que transformou radicalmente o mundo natural num mundo civilizacional.
Gardner
(1985) afirma que a tecnologia aperfeiçoada pela motricidade fina e digital dos cro-Magnon atingiu um novo patamar cineantropológico adquirida pelo manuseamento dos instrumentos pelo corpo com finalidades de criação artística.
As belas pinturas e gravuras representadas nas paredes das grutas, mostram configurações estáticas de arte baseada em animais selvagens como exemplo mamutes, alces,
auroques, bisontes, cavalos, tigres de sabre, renas etc, e configurações do
próprio corpo humano do seu valor estético e belo.
A sua
habilidade expandiu-se posteriormente em objetos de diversas formas decorativas de
gravação e de escultura em pedra, osso e marfim.
As
evoluções das figuras estão condicionadas à sensibilidade muscular, vestibular,
proprioceptiva, coadjuvada com o sentido tátil e quinestésico.
Damásio
(1999) define a postura como uma conquista básica da espécie humana geradora de um
sentido superior corticalizado de existência do homem com consciência.
Ajuriaguerra
(1974) e Hecaen (1959) afirmam que a sensibilidade muscular acaba por dar
conhecimento ao corpo através da somatognosia, sem a qual o ato de criar
utensílios ou de fazer arte não seria concretizável.
Lúria
(1980) e Fonseca (1992) afirmam que a especialização hemisférica existe e
apresenta-se por um hemisfério superior dominante e outro não dominante com uma
função meramente auxiliar.
A arte
é a cineantropologia coordenativa de talentos dos principais sentidos:
visão, audição, tato, cheiro, gosto que associados aos aparelhos dos olhos,
ouvidos, mãos e boca exige imaginação narrativa do quotidiano da vida e da sobrevivência dos homens
pré-históricos. A caça, o armazenamento dos alimentos, o fabrico e manuseamento
de instrumentos, a manipulação do fogo, a domesticação dos animais, a confeção e
produção de vestuário, a construção de habitações permitiu a tecnoestrutura das organizações sociais e familiares através da criação de rituais, costumes e cultura criou-se a sociedade e mais tarde a própria civilização.
A
pintura é produto de um gesto cineantropológico manifestado numa
concretização de uma capacidade de observação imaginativa de um sujeito
inserido num determinado contexto e espaço geográfico. A plasticidade mental adquirida
pelo sujeito por sensibilidades interiorizadas e integradas por um conjunto de
multicombinações de imagens antecipadas de projeções psicomotoras planificadas que se transforma num produto de valor expressivo cineantropológico que comprova um dado momento histórico da huminadade num determinado espaço físico e geográfico.
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