Modelo Teórico De Desenvolvimento Cineantropológico
Neste artigo iremos salientar os numerosos modelos e teorias
de desenvolvimento Cineantropológico que refletem os conhecimentos, os interesses e as
tendências dos seus investigadores e autores.
A teoria psicanalítica
comportamental humana de Sigmund Freud (1927) pode ser considerada como um
modelo de desenvolvimento Humano, embora a sua investigação esteja concentrada na
personalidade e no funcionamento anormal do ser humano. Os principais estádios
de desenvolvimento psicosexual de Freud (1927) refletem várias zonas corporais nos quais o indivíduo busca uma fonte inconsciente dos seus motivos, dos seus desejos,e das suas paixões e de prazer que se manifesta em certas faixas etárias de um modo geral. O egocentrismo do ser humano
representa o equilíbrio entre o comportamento e a busca do prazer derivado de
uma fonte do inconsciente, que por sua vez funciona com o desejo do prazer do
super ego relacionado com o senso comum da racionalidade lógica da consciência. Os
seus estádios orais, anal, fálico, latente e genitais de desenvolvimento da
personalidade do ser humano representam os significados introduzidos às zonas
de busca do prazer pelo corpo que por sua vez se manifesta em diversas formas de atividades nos diferentes níveis etários.
Cada estádio auxilia as sensações quinestésicas e físicas
adquiridas pelas diversas atividades psicomotoras.
A teoria psicanalística de
Freud (1927) recebeu um conjunto de críticas derivadas das causas da
inabilidade de validação dos seus próprios conceitos na sua forma em
quantificar e objetivar cientificamente os seus próprios conhecimentos. Em determinados
momentos houve pesquisas e estudos científicos que serviram de base aos trabalhos notáveis
realizados pelo seu aluno alemão Erik Erikson (1963).
Erikson (1963/1980)
concentrou-se na influência do sexo na sociedade e no seu próprio desenvolvimento cineantropológico. A sua
teoria psicosocial descreve oito estágios do ciclo de vida do ser humano e
coloca-os numa série contínua de fatores ambientais e não hereditários, potencialmente propícios a alterações psicomotoras. A visão holística de Erikson (1963)
sobre o desenvolvimento humano reconhece fatores extrínsecos referente ao repertório de
experiências do indivíduo que por sua vez terá uma função primordial no desenvolvimento psicomotor. A sua visão sobre o desenvolvimento motor é mais implicíta do que explícita
o que claramente enfatiza a importância das experiências motoras orientadas
para o sucesso, como forma de harmonizar as crises de desenvolvimento
individual que o sujeito enfrenta durante o seu ciclo de vida.
O modelo de desenvolvimento de Havighurst
(1972) considera o desenvolvimento como uma interação entre forças biológicas,
sociais e culturais adquiridas pelos indivíduos que estão progressivamente aumentando
as suas habilidades cineantropológicas na sociedade. A teoria ambiental de Havighurst (1972)
considera o desenvolvimento como uma série de tarefas que devem ser realizadas
segundo uma estrutura temporal que assegura a progressão apropriada do
desenvolvimento individual. De acordo com o modelo de Havighurst (1972) há
momentos adequados para o processo de ensino-aprendizagem corporal do sujeito
que pretende êxito na tarefa e que potencialmente poderá ser um elemento necessário à própria sociedade. Os outros modelos discutidos em tarefas descritas de
Havighurst (1972) são fortemente suportados pela motricidade e ludomotricidade
manifestadas pelo desenvolvimento cineantropológico dos indivíduos de níveis
etários mais baixos.
A teoria de Robert
Havighurst (1953/1972), Havighurst e Levine (1979) são baseadas no conceito de
realização de tarefas desenvolvimentistas que levam ao êxito em tarefas
posteriores enquanto o inêxito leva à falha, à rejeição social e à dificuldade
em realizar tarefas posteriores. Os desacordos de Havigrust (1979) em qualquer
teoria pressupõem uma base inata de crescimento essencial ao desenvolvimento cineantropológico.
Este investigador acredita que a vida é uma experiência adquirida por processos
de ensino aprendizagem e de crescimento. Segundo Havighurst (1972) o
desenvolvimento cineantropológico é um processo de aprendizagem ao longo do ciclo de vida do
indivíduo. Havighurst (1972) concebe o sucedido desenvolvimento como uma
necessidade de domínio de um conjunto de tarefas. Cada nível de desenvolvimento
individual encontra novas exigências de tarefas derivadas em três fontes. Primariamente
as tarefas derivam da maturação física e psicomotriz. As tarefas de
aprendizagem da locomoção, linguagem e relacionamento inter- individual do
mesmo nível etário são fundamentadas na maturação. Em segundo lugar as tarefas
são derivadas em pressões internas e externas socioculturais que muitas vezes
são desenvolvidas na aprendizagem da escrita, da leitura e por sua vez auxiliam
na socialização humana. A terceira fonte das tarefas é intrínseca ao indivíduo.
As tarefas promovem uma personalidade amadurecida pelos valores individuais
baseada em aspirações peculiares. A teoria de Havigrust (1979) tem implicações
em todas as faixas etárias.
A teoria do psicólogo Jean
Piaget (1936) de nacionalidade Suíça sobre o desenvolvimento cognitivo está
relacionada na aquisição dos processos cognitivos. Piaget (1969) obteve
conhecimento sobre o desenvolvimento das estruturas cognitivas através de uma
detalhada observação de bebés e crianças. O trabalho genial de Piaget (1969)
centra-se na habilidade fantástica em estudar os indícios comportamentais das
crianças que posteriormente fornecem indicações sobre o seu funcionamento
cognitivo. Piaget (1969) considerou estes indicadores como marcos hierárquicos
de desenvolvimento cognitivo. O movimento é operacionalizado como um agente
básico de aquisição de estruturas cognitivas crescentes particularmente na
primeira infância e nos anos de educação infantil. Piaget (1969) usou a idade
cronológica como um indicador de funcionamento cognitivo dos comportamentos
observados. Estes comportamentos observados por Piaget (1969) servem como
indicadores essenciais da complexidade crescente ao nível do
desenvolvimento cognitivo da criança. Por sua vez, definiu estas fases
de desenvolvimento como: sensorio-motora (desde do nascimento até aos 2 anos),
do pensamento pré-operacional (dos 2 a 7 anos), das operações concretas (7 a 11
anos) e das operações formais (12 anos em diante). Piaget não se preocupou
diretamente com o desenvolvimento dos 15 anos de idade para frente porque
acreditava que a capacidade inteletual altamente sofisticada era desenvolvida
até este nível etário. Todos os teóricos olham para o desenvolvimento humano em
perspetivas diferentes apesar destas diferenças terem alguma similaridade
notável.
Cada teórico enfatiza a motricidade e o jogo como importantes facilitadores do funcionamento aprimorado à
teoria marco desenvolvimentista promovida por Jean Piaget (1952, 1954,1969,1974) que
está atualmente entre as mais famosas teorias postuladas pelos especialistas
na área do desenvolvimento infantil devido à sua clareza, visão e compreensão
do desenvolvimento da cognição. A apresentação das fases do desenvolvimento
cognitivo proposto por Piaget está relacionada com o próprio crescimento da criança. Segundo
Piaget (1974) ocorre por processos de adaptação que requer que o indivíduo faça
ajustes às condições ambientais e inteletualize estes ajustes por processos
complementares de acomodação e assimilação.
A acomodação é a adaptação
da criança ao espaço físico pela aquisição de novas informações acrescentadas ao seu
reportório por reações possíveis.
O indivíduo ajusta a reação
para corresponder às exigências do seu quadro situacional. A acomodação é um
processo que se estende em direção à realidade e resulta na mudança
comportamental. O termo assimilação que Piaget utiliza para a interpretação de
novas informações que por sua vez são baseadas em interpretações presentes. Retirar informações
do meio ambiente e incorpora-las às estruturas cognitivas existentes no
indivíduo. Se estas informações não puderam ser incorporadas às estruturas
existentes por causa de pequenas variações que ocorrem deve-se à acomodação, mas
se as informações forem demasiadamente diferentes das estruturas existentes não
serão assimiladas nem acomodadas. A visão Piageana sugere que a adaptação
consiste no ajuste do cognitivo à alteração espacial que ocorre por meio de
processos complementares de ajustes às reações atuais do indivíduo
relativamente às exigências específicas de uma ação ou objeto. A assimilação
consiste na observação de novas informações incorporadas nas mesmas estruturas
cognitivas já existentes.
Podemos concluir que as
estruturas cognitivas superiores são formuladas por processos de acomodação e
assimilação nos quais se apoiam na auto-descoberta. Estas conseguem realizar-se
pela ludomotricidade e pela atividade motriz e psicomotora.
A função principal de uma
teoria Cineantropológica é integrar fatos existentes para organizà-los com significado. As
teorias de desenvolvimento cineantropológico tomam os fatos existentes sobre um determinado elemento que faz parte de um sistema e
fornecem um modelo desenvolvimentista congruente aos fatos. A formulação de
teorias serve de base cineantropológica para testar os fatos e vice-versa. Os
fatos são importantes isoladamente de forma a ser utilizados numa determinada àrea científica.
O desenvolvimento da Ciência Cineantropológica depende do avanço de uma teoria baseada numa acumulação de fatos. No
estudo comportamental humano especialmente nas áreas de desenvolvimento
cognitivo e afetivo, a formulação de teorias ganhou uma ascendente importância
nos últimos anos. Segundo Bigge e Shermis, (1999), Lerner, (1986) as teorias
desempenhem um duplo papel nas áreas das Ciências Humanas de forma integrar os fatos
existentes antes de derivar em novos fatos.
O desenvolvimento cineantropológico está centrado na descrição e na catalogação dos dados de forma operacionalizar o modelo cineantropológico para uma explicação teórica sobre o comportamento do homem ao longo da sua história. A importância da pesquisa é fundamentada no
conhecimento da realidade que faz produzir bens tangíveis que muitas vezes
ajudam responder às questões críticas e importantes sobre a evolução humana
pelo processo de desenvolvimento cineantropológico.
Existe apenas um número
limitado de modelos abrangentes de desenvolvimento motor e poucas teorias de
desenvolvimento cineantropológico . Atualmente os investigadores estão
reexaminando as suas investigações mais detalhadas e planificadas com base em
estruturas teóricas experimentais.
A primeira função de um
modelo teórico de desenvolvimento cineantropológico deverá integrar fatos englobados numa
área cientifica específica de estudo. A segunda função será servir de base para uma nova geração de
fatos. A argumentação dos fatos podem ser interpretados de diversas formas
através das diversas perspetivas teóricas capazes gerar novas pistas em interpretações teóricas quer divergentes e críticas. Na eventualidade de não
existir diferenças teóricas as pesquisas devem ser efetuadas no apuramento das
hipóteses originárias na teoria humana. A teoria deverá servir de
base para todas as pesquisas da nova ciência cineantropológica que deverá
integrar o estudo do desenvolvimento motor, mas não deverá constituir exceção à sua própria Ciência. A teoria Cineantropológica poderá ser descritiva como
explicativa, por outras palavras a sua investigação poderá está interessada na descrição histórica da evolução da espécie humana através de faixas temporais específicas na explicação arqueológica das caraterísticas dos vestigios fósseis ocorrentes . Sem uma boa base teórica
operacional de pesquisa de desenvolvimento cineantropológico ou de qualquer outra área que simplesmente pretenda produzir um pouco mais do que ações de conhecimento isolado. Todavia
sem um corpo existencial de conhecimento muitas vezes os fatos não podem
formular teorias de validação através de um nível superior de compreensão e de
consciencialização dos fenómenos a que designamos por desenvolvimento da
evolução cineantropológica.
A construção teórica
consiste num conjunto de afirmações e de conceitos que integram fatos
existentes e que levam à geração de novos fatos fundamentais para a ciência
cineantropológica.
O modelo das fases de
desenvolvimento cineantropológico poderá ser a base da evolução humana pela
descoberta e acumulação de fatos por metódos indutivos e dedutivos
consoante a ideologia metodológica aplicada por parte do investigador.
No método indutivo o investigador efetua uma
ação primária através de um conjunto de fatos e tenta encontrar um estrutura
concetual da realidade envolvente da qual possa organizar e explicar todo o
produto do conhecimento. O metódo dedutivo é derivado da formulação teórica e
poderá ser possuidor de especificações fundamentais de uma teoria integradora
de fatos existentes de forma a responder às necessidades empíricas que se
relacionam com o conteúdo da teoria cineantropológica. Em segundo lugar a teoria deve sujeitar-se
à formulação de hipóteses estáveis em formato de afirmações.Em terceiro lugar
uma teoria deverá satisfazer empiricamente as hipóteses que são
experimentalmente testadas para produzir resultados em auxílio da própria Ciência.
Neste caso o modelo
dedutivo será importante nos fatos bem acumulados que se encaixa como um puzzle de um somatório de elementos de um todo compreensível. A importância das informações preenchem as falhas de
uma teoria de forma esclarecer toda a sua matriz teórica.
O modelo Cineantropológico constroi-se através da teorização estrutural e concetual da história do desenvolvimento e da adaptação da espécie Humana ao seu espaço físico e geográfico.
Autor- Christopher Brandão 2014
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