Neste artigo iremos
abordar algumas caraterísticas neurofisiológicas e psicoterapêuticas
fundamentais ao processo de recuperação cineantropológica de um individuo com
necessidades educativas especiais decorrentes de uma lesão neurológica ou de
uma doença derivada do sistema nervoso central ou do sistema nervoso periférico.
Podemos caraterizar
estas doenças dependentes da sua localização e interação com os outros sistemas do
corpo humano, uma vez que se encontram condicionados à própria evolução
do estado das sequelas neurológicas mais graves, tais como distúrbios psicomotores
ou cardiorespiratórios que intervêem nos processos de linguagem e
comportamento. A dimensão socioeconómica do aluno com necessidades educativas
especiais geralmente apresentam síndromas de cárater neurológico que incapacitam
sob o ponto de vista anatomofuncional, todo o processo de ensino aprendizagem
associado à sua própria qualidade de vida para além da sua condição financeira.
As doenças
psicomotoras apresentam-se por 2 caraterísticas essenciais na sua deteção
precoce associada à própria prevenção primária, cujo objetivo é diminuir ou
retardar e até evitar as suas ocorrências.
O desenvolvimento de
programas de tratamento e recuperação nestas populações alvo são de promoção de
políticas de integração e inclusão no seu meio social, escolar ou familiar.
Na inclusão social é
necessária para que haja um trabalho transdisciplinar por equipas
especializadas de forma a qualidade científica seja a mais ajustada ao aluno ao
nível de recursos humanos e tecnológicos.
Relativamente aos aspetos
neurofisiológicos para que haja uma boa recuperação cineantropológica do
individuo, são necessários mecanismos intervencionistas no processo de
recuperação após lesões derivadas no sistema nervoso central por processos intrínsecos
ou extrínsecos. Consideram-se os processos intrínsecos, aqueles que dependem da
individualidade biomorfológica da cada individuo condicionada ao avanço do seu
nível etário. Para situações de recuperação quanto mais velho for um individuo
menor será a sua capacidade de recuperação devido à menor disponibilidade dos
mecanismos de reorganização psicomotora. A capacidade em solucionar os fatores
locais onde a lesão prevalece terá maior probabilidade do sistema nervoso
central concluir a sua recuperação ou a sua diminuição do edema, desbriamento fisiológico
do tecido neural lesado no qual o mecanismo de reorganização possa evoluir para
uma plasticidade mais neural.
A plasticidade
neuronal pode ser compreendida como uma capacidade adaptativa do sistema
nervoso central que por sua vez tem a capacidade de transformar a sua própria organização
estrutural e psicomotora. O sistema de proteção do ser vivo funciona como um princípio
geral de restruturação ou de regeneração do que está danificado no seu próprio
organismo. Sendo a plasticidade uma propriedade fundamental para o sistema
nervoso central porque permite que as mudanças funcionais ocorram mediante agressões
ou transgressões dos limites da cineantropologia. A propriedade de excitabilidade
poderá ser uma das principais vias de desenvolvimento para as técnicas terapêuticas
intervenientes em mecanismos neuroplásticos.
Existem teorias que
explicam os mecanismos fisiológicos da plasticidade dependentes diretamente dos
fatores tróficos baseados em proteínas solúveis que no sistema nervoso promove fenómenos
neurotróficos em que regulam a sobrevivência neuronal. Os neurotróficos
estimulam a formação e o crescimento das ramificações das células dendríticas.
Ambos são considerados processos imprescindíveis para a plasticidade da síntese
de proteínas essenciais à regeneração neuronal. Alguns destes fenómenos são denominados:
- sprouting
- denervation super sensitivity
- Behavior compensation
- Unmasking
Tais
teorias demonstram a plasticidade cerebral condicionado aos graus de recuperação
que não dependem exclusivamente do substrato neurológico, mas também da grande
quantidade e qualidade de estímulos de energia química ou elétrica gerados
pelos neurónios pelo fenómeno de excitabilidade.
A qualidade,
quantidade e velocidade da resolução de fatores localizados numa determina estrutura
danificada dependem essencialmente da área lesada e da velocidade produzida
pela lesão derivada dos fatores extrínsecos sociais, psicossociais e por fim
do tratamento especializado por profissionais.
Entre os fatores intrínsecos
os sinais e sintomas clínicos que o individuo apresenta podem influenciar de
forma favorável ou adversa a sua recuperação psicomotora. Os fatores negativos
encontram-se dependentes da longa duração do estado de coma, da confusão
mental, da dor, do distúrbio, da deglutição, da alteração da linguagem, da incontinência
urinária ou fecal, da negligência sensoriomotora, do distúrbio do tónus, da
fraqueza muscular, da disestesia, da incoordenação motora, do desajustamento
postural e do distúrbio psicoemocional. Relativamente aos mecanismos extrínsecos
acrescentam-se os fatores negativos derivados à falta de apoio familiar, à limitação
financeira e à falta de tratamento por profissionais de saúde especializados em
atendimento personalizado.
Os fatores ambientais
expressos na quantidade e na qualidade de estímulos gerados pelo ambiente no
qual o aluno se adapta pelos sentidos do corpo ou pela proprioceptividade
sensitiva.
Os vários estudos
comprovam que o ambiente estimula ou deprime as necessidades mais básicas do
sujeito em alimentar-se ou criar motricidade de forma a desenvolver uma vida de
relação até recuperar-se globalmente ou parcialmente de uma lesão neurofisiológica.
Os fatores psicossociais
são igualmente estimuladores ou depressores do processo de recuperação da
cineantropologia do aluno possuidor de necessidades educativas especiais.
A hipótese da
motivação parece que mais favorece o processo de recuperação motora do sujeito.
A ansiedade e a depressão são considerados sintomas adversos para a compreensão
da participação da família no tratamento aplicado ao sujeito numa fase mais
tardia após a lesão, além de possuir um importante papel no processo de
recuperação e manutenção da cineantropologia do aluno.
Christopher Brandão
2015
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