sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A Conceptualização Da Discalculia

Numa fase inicial a discalculia foi estudada por Gestsmann e em sua homenagem ficou conhecida pelo Síndrome de Gestsmann que mais tarde foi definida por discalculia, uma das muitas perturbações neurológicas mais conhecidas atualmente. Esta perturbação é responsável pela dificuldade do processo de ensino e aprendizagem da matemática, derivada de uma falha na rede transmissora de impulsos nervosos, que conduzem e transmitem as informações por estimulações químicas e elétricas, designadas por sinapses que se propagam entre os neurônios, provocando assim alterações na parte superior cerebral, pertencente a uma área de brodmann responsável pelo reconhecimento de simbologias.
A dificuldade no processo de ensino e aprendizagem da disciplina de matemática em alunos com dificuldades ou necessidades educativas especiais é objeto de estudo das várias ciências relacionadas com a saúde e educação.
O próprio sistema deverá ser uma garantia de igualdades de oportunidades na aquisição do sucesso no processo de ensino aprendizagem para toda população escolar.
 As respostas educativas a serem dadas consoante o perfil comportamental e cultural dos alunos diferenciados dependem essencialmente dos fatores agravantes da memória auditiva, da percepção visual e da escrita que por sua vez são considerados estimuladores para o desenvolvimento da discalculia. Perante este quadro situacional o professor deve mudar a sua metodologia estratégica para um processo de ensino aprendizagem eficaz utilizando métodos específicos e concretos que permitem a compreensão necessária das operações matemáticas em relação às sequências numéricas derivadas de questões abertas e claras. Os alunos diferenciados devem distinguir a simbologia dos conceitos de medidas de forma a transformar a linguagem expressiva numa linguagem lógica dedutiva pertencente ao universo matemático.
Diversos professores encontram-se constrangidos com alunos portadores de discalculia face ao seu desconhecimento da perturbação, sentem-se desacreditados e afirmam que não há nada a fazer para que o problema seja ultrapassado, atendendo à falta de coragem em enfrentar este enorme desafio. A observação e a deteção do aluno com discalculia deverá ser sinalizada posteriormente e comunicada aos pais por uma psicóloga para que de futuro possa encaminhá-lo para uma equipa multidisciplinar de especialistas nas respetivas áreas da psicologia, da neuropsicologia, da fona audiologia e por fim psicopedagogia.
 A origem do problema é geralmente causada por uma lesão cerebral ou pela associação de outros transtornos no qual a discalculia compromete a organização espacial, a autoestima, a orientação temporal, a memória, as habilidades sociais e grafomotoras, a linguagem e leitura de números e símbolos, a impulsividade e por fim a inconsistência da memorização.
Os professores podem adotar algumas estratégias no acompanhamento e tratamento dos alunos possuidores de discalculia de forma a permitir o uso de material eletrônico, tabelas ou tabuadas como meio de auxílio ao cálculo mental. Não devem utilizar palavras que deem ênfase à dificuldade e à complexidade do conhecimento de forma a não expor o aluno a situações embaraçosas perante os seus colegas.
Esta perturbação tem tratamento desde que o aluno receba o acompanhamento adequado após a avaliação dos diversos contextos familiar, individual, escolar sinalizado por um diagnóstico descrito do seu atual estágio de desenvolvimento individualizado e por sua vez é operacionalizado por uma equipa técnica especializada em necessidades educativas especiais que poderá atuar por um período tempo, de forma a tentar minimizar as dificuldades durante todo o processo de acompanhamento. A manifestação da discalculia depende das especificidades psicomotoras do aluno num determinado contexto histórico familiar que muitas vezes se transfere para um contexto escolar. Por outras palavras podemos afirmar que o distúrbio tem determinadas características específicas num determinado contexto comportamental que muitas vezes poderá ser de origem emocional.
Em consideração aos aspetos mencionados anteriormente de forma haja sucesso no tratamento da discalculia, será necessário que seja detetado precocemente no aluno por meio de uma avaliação de um técnico especialista introduzido em contexto de sala de aula conjuntamente com o professor ou em meio social recolhendo um conjunto de informações necessárias da família, dos amigos e por fim de outros sujeitos em situações de ludomotricidade em espaço urbano ou rural.
O professor poderá utilizar a ludomatemática para estimular as atividades psicológicas, de forma que os jogos sejam construtivos para aplicação de metodologias educativas. Atualmente os jogos são fundamentais nos primeiros anos de vida para o desenvolvimento psicomotor dos alunos ao nível da dicção e na formulação de estratégias essenciais ao ajustamento dos pontos críticos ótimos de aprendizagem. A dialética da relação entre jogo e matemática poderá proporcionar ao professor ou ao educador as condições necessárias para o estabelecimento de uma afetividade com o aluno, essencial à compreensão de um processo de transformação de uma linguagem quotidiana para uma linguagem matemática propriamente dita.
A dinâmica metodológica de ensino aprendizagem favorece o desenvolvimento psicomotor do aluno, além de estimular  a interação social, reforçando assim a confiança necessária para a criação de laços afetivos entre aluno e professor.

A Importância Da Relação Entre Professor E Aluno

A relação professor e aluno é algo questionável ao longo de décadas perante os seus perfis autoritários, disciplinados, abertos, recetivos, dinâmicos entre outros pela busca da excitação de um método educacional eficaz, de ser o mais completo possível e estimulante para ambas as partes. Consoante o desenvolvimento das sociedades dimensionadas para teorias de transição cronológica ao longo do tempo de metodologias que foram evoluindo, aperfeiçoadas e criadas ou substituídas por inúmeros estudiosos da área educativa. Para enfatizar a relação entre professor e aluno comparativamente a um o modelo tradicional ou construtivista, onde se destaca remotamente o tradicionalismo do professor, gestor do poder totalitário dos saberes e de toda ação comportamental de formatação das memórias dos próprios cognitivos dos alunos manifestados por um conjunto de conhecimentos previamente estabelecidos.
No passado a relação do mestre do saber era autoritária no qual não havia uma abertura à falha e ao erro, pois na eventualidade de acontecer, os alunos eram penalizados e castigados por danos físicos e psicológicos no seu dia-à-dia.
O professor ministrava as suas aulas sobre um púlpito que era considerado o local mais alto da sala de aula onde ostentava e transmitia a sua superioridade de conhecimento, através do controlo comportamental das classes que instruía.
O modelo construtivista constrói-se através do aluno que por sua vez estabelece as relações sociais interativas com o espaço de sala de aula. Os primeiros contatos com os outros alunos permitem a minimização do egocentrismo bastante presente na fase da primeira infância, ao nível da aquisição e troca de experiências entre alunos e professores, mantendo assim uma relação equitativamente nivelada. O aluno recebe o conhecimento do professor através da aprendizagem de novos conhecimentos baseado em experiências vividas e expostas em cada dia, durante as aulas, nos intervalos, ou em histórias partilhadas. Por sua vez deixa de ser o manipulador do conhecimento e passa a ser o mediador entre o conhecimento e a aprendizagem de forma a criar a responsabilidade necessária para a construção de uma autonomia educativa em prol de um valor de cidadania. Em grande parte encontra-se nas mãos do professor a aprendizagem do aluno que por sua vez é diretamente proporcional à sua capacidade cognitiva de receber a transmissão informativa do conhecimento lógico dedutivo em sentido abstrato.
Durante os primeiros anos de vida escolar a teoria da tábua rasa é substituída pela ideia de troca de conhecimentos adquiridos pela observação do espaço cineantropológico, onde os alunos aprendem conjuntamente com os professores a construir uma relação simbiótica essencial à sua formação social. O timing destas relações não ocorre da mesma forma para todos, o que poderá ser um fato indiscriminável de subjetividade humana. Considera-se assim os comportamentos dos alunos tímidos, dos especiais, dos hiperativos, dos que apresentam distúrbios na aprendizagem ou que vivenciam problemas sociais ou familiares onde a responsabilidade do professor aumenta, pelo fato de lidar com múltiplas diferenças comportamentais essenciais à conquista da confiança de cada um deles. A necessidade de concretizar relações em situações vividas e experimentadas por alunos portadores de discalculia de forma obterem uma aprendizagem mais significativa. A exigência do professor dependerá da relação de troca de confiança com o aluno de forma não se sinta desconfortável ao expressar as suas dificuldades do conhecimento em causa.
As dificuldades dos alunos desenvolverão no desejo de expressar a sua motivação pela busca da aprendizagem do novo conhecimento, de forma chamar atenção do professor. Por este motivo o professor deixa de acreditar na exposição de uma linguagem motivadora, como forma de um estímulo essencial para o crescimento do repertório de cálculo de operações lógicas do aluno possuidor de discalculia. Corrigirá os erros de forma firme, amável para que o aluno não se sinta frustrado ou inferiorizado com o decorrer do tratamento, ou com o seu auxílio de futuro passe a perceber e a corrigir individualmente os seus próprios erros, tornando-se assim um realizador da sua própria narrativa. Esta relação de trocas estimulam a aprendizagem para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras dos alunos e ao mesmo tempo cumpre os objetivos propostos pelo professor.
A importância do professor no auxílio do tratamento do aluno que se apresenta com um distúrbio na aprendizagem intensiva quando é posto em prática. Os avanços educativos ao nível da inclusão social de alunos possuidores de dificuldades de ensino e aprendizagem ou necessidades educativas especiais em salas de aula normalizadas de forma não haja distinções ou estratificações. O desfasamento do sistema educativo em relação ao salário do professor não é satisfatório o que muitas vezes cria um clima desmotivante.
Muitos professores julgam-se incapazes de trabalhar com estes alunos por não possuírem habilitação específica essencial para a compreensão do processo ensino aprendizagem mais eficaz e adequado ao contexto destes, para além do conhecimento desfasado acerca dos distúrbios e dificuldades de aprendizagem associado à falta de recursos humanos e tecnológicos adequados a cada necessidade específica de cada aluno, em situação de sala de aula, de forma a promover o desenvolvimento cognitivo.
A possibilidade de promoção de conhecimento a alunos com discalculia por meio da ciência da ludomotricidade poderá ser eficaz na motivação dos seus esforços.
Embora existam desafios e oportunidades em auxiliar o crescimento e o desenvolvimento psicomotor dos alunos possuidores de discalculia respeitando assim as suas necessidades educativas especiais necessárias para a concretização do estudo, através de jogos e materiais lúdicos reciclados que futuramente poderão ser utilizados para a contagem e exemplificação de valores decorativos na tabuada, orientados para operações fundamentais de práticas exemplificadas no uso de notas sem valor. 
A compreensão dos números decimais são essenciais para aprendizagem prática de pagamentos e na verificação exata do troco. A importância do professor na construção e na formação do aluno no seu meio social através da superação de desafios originários a partir de pontos críticos necessários à aquisição do conhecimento para a vida ativa.

Christopher Brandão 2015

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