Numa fase inicial a discalculia foi estudada
por Gestsmann e em sua homenagem ficou conhecida pelo Síndrome de Gestsmann que
mais tarde foi definida por discalculia, uma das muitas perturbações
neurológicas mais conhecidas atualmente. Esta perturbação é responsável pela
dificuldade do processo de ensino e aprendizagem da matemática, derivada de uma
falha na rede transmissora de impulsos nervosos, que conduzem e transmitem as
informações por estimulações químicas e elétricas, designadas por sinapses que
se propagam entre os neurônios, provocando assim alterações na parte superior
cerebral, pertencente a uma área de brodmann responsável pelo reconhecimento de
simbologias.
A dificuldade no processo de ensino e
aprendizagem da disciplina de matemática em alunos com dificuldades ou
necessidades educativas especiais é objeto de estudo das várias ciências
relacionadas com a saúde e educação.
O próprio sistema deverá ser uma garantia
de igualdades de oportunidades na aquisição do sucesso no processo de ensino
aprendizagem para toda população escolar.
As
respostas educativas a serem dadas consoante o perfil comportamental e cultural
dos alunos diferenciados dependem essencialmente dos fatores agravantes da
memória auditiva, da percepção visual e da escrita que por sua vez são
considerados estimuladores para o desenvolvimento da discalculia. Perante este
quadro situacional o professor deve mudar a sua metodologia estratégica para um
processo de ensino aprendizagem eficaz utilizando métodos específicos e
concretos que permitem a compreensão necessária das operações matemáticas em
relação às sequências numéricas derivadas de questões abertas e claras. Os
alunos diferenciados devem distinguir a simbologia dos conceitos de medidas de
forma a transformar a linguagem expressiva numa linguagem lógica dedutiva
pertencente ao universo matemático.
Diversos professores encontram-se
constrangidos com alunos portadores de discalculia face ao seu desconhecimento
da perturbação, sentem-se desacreditados e afirmam que não há nada a fazer para
que o problema seja ultrapassado, atendendo à falta de coragem em enfrentar
este enorme desafio. A observação e a deteção do aluno com discalculia deverá
ser sinalizada posteriormente e comunicada aos pais por uma psicóloga para que
de futuro possa encaminhá-lo para uma equipa multidisciplinar de especialistas
nas respetivas áreas da psicologia, da neuropsicologia, da fona audiologia e por
fim psicopedagogia.
A origem
do problema é geralmente causada por uma lesão cerebral ou pela associação de
outros transtornos no qual a discalculia compromete a organização espacial, a
autoestima, a orientação temporal, a memória, as habilidades sociais e
grafomotoras, a linguagem e leitura de números e símbolos, a impulsividade e
por fim a inconsistência da memorização.
Os professores podem adotar
algumas estratégias no acompanhamento e tratamento dos alunos possuidores de
discalculia de forma a permitir o uso de material eletrônico, tabelas ou
tabuadas como meio de auxílio ao cálculo mental. Não devem utilizar palavras
que deem ênfase à dificuldade e à complexidade do conhecimento de forma a não
expor o aluno a situações embaraçosas perante os seus colegas.
Esta perturbação tem
tratamento desde que o aluno receba o acompanhamento adequado após a avaliação
dos diversos contextos familiar, individual, escolar sinalizado por um
diagnóstico descrito do seu atual estágio de desenvolvimento individualizado e
por sua vez é operacionalizado por uma equipa técnica especializada em
necessidades educativas especiais que poderá atuar por um período tempo, de
forma a tentar minimizar as dificuldades durante todo o processo de
acompanhamento. A manifestação da
discalculia depende das especificidades psicomotoras do aluno num determinado
contexto histórico familiar que muitas vezes se transfere para um contexto escolar.
Por outras palavras podemos afirmar que o distúrbio tem determinadas características
específicas num determinado contexto comportamental que muitas vezes poderá ser
de origem emocional.
Em consideração aos aspetos
mencionados anteriormente de forma haja sucesso no tratamento da discalculia,
será necessário que seja detetado precocemente no aluno por meio de uma
avaliação de um técnico especialista introduzido em contexto de sala de aula
conjuntamente com o professor ou em meio social recolhendo um conjunto de
informações necessárias da família, dos amigos e por fim de outros sujeitos em
situações de ludomotricidade em espaço urbano ou rural.
O professor poderá utilizar a
ludomatemática para estimular as atividades psicológicas, de forma que os jogos
sejam construtivos para aplicação de metodologias educativas. Atualmente os jogos
são fundamentais nos primeiros anos de vida para o desenvolvimento psicomotor
dos alunos ao nível da dicção e na formulação de estratégias essenciais ao
ajustamento dos pontos críticos ótimos de aprendizagem. A dialética da relação entre
jogo e matemática poderá proporcionar ao professor ou ao educador as condições
necessárias para o estabelecimento de uma afetividade com o aluno, essencial à
compreensão de um processo de transformação de uma linguagem quotidiana para
uma linguagem matemática propriamente dita.
A dinâmica metodológica de
ensino aprendizagem favorece o desenvolvimento psicomotor do aluno, além de
estimular a interação social, reforçando assim a confiança necessária
para a criação de laços afetivos entre aluno e professor.
A Importância Da Relação Entre Professor E Aluno
A relação professor e aluno é algo
questionável ao longo de décadas perante os seus perfis autoritários,
disciplinados, abertos, recetivos, dinâmicos entre outros pela busca da
excitação de um método educacional eficaz, de ser o mais completo possível e
estimulante para ambas as partes. Consoante o desenvolvimento das sociedades
dimensionadas para teorias de transição cronológica ao longo do tempo de metodologias
que foram evoluindo, aperfeiçoadas e criadas ou substituídas por inúmeros
estudiosos da área educativa. Para enfatizar a relação entre professor e aluno
comparativamente a um o modelo tradicional ou construtivista, onde se destaca
remotamente o tradicionalismo do professor, gestor do poder totalitário dos
saberes e de toda ação comportamental de formatação das memórias dos próprios
cognitivos dos alunos manifestados por um conjunto de conhecimentos previamente
estabelecidos.
No passado a relação do mestre
do saber era autoritária no qual não havia uma abertura à falha e ao erro, pois
na eventualidade de acontecer, os alunos eram penalizados e castigados por
danos físicos e psicológicos no seu dia-à-dia.
O professor ministrava as suas
aulas sobre um púlpito que era considerado o local mais alto da sala de aula
onde ostentava e transmitia a sua superioridade de conhecimento, através do
controlo comportamental das classes que instruía.
O modelo construtivista constrói-se
através do aluno que por sua vez estabelece as relações sociais interativas com
o espaço de sala de aula. Os primeiros contatos com os outros alunos permitem a
minimização do egocentrismo bastante presente na fase da primeira infância, ao
nível da aquisição e troca de experiências entre alunos e professores, mantendo
assim uma relação equitativamente nivelada. O aluno recebe o conhecimento do
professor através da aprendizagem de novos conhecimentos baseado em experiências
vividas e expostas em cada dia, durante as aulas, nos intervalos, ou em
histórias partilhadas. Por sua vez deixa de
ser o manipulador do conhecimento e passa a ser o mediador entre o conhecimento
e a aprendizagem de forma a criar a
responsabilidade necessária para a construção de uma autonomia educativa em
prol de um valor de cidadania. Em grande parte encontra-se nas mãos do
professor a aprendizagem do aluno que por sua vez é diretamente proporcional à
sua capacidade cognitiva de receber a transmissão informativa do conhecimento lógico
dedutivo em sentido abstrato.
Durante os primeiros anos de vida escolar a teoria da
tábua rasa é substituída pela ideia de troca de conhecimentos adquiridos pela
observação do espaço cineantropológico, onde os alunos aprendem conjuntamente
com os professores a construir uma relação simbiótica essencial à sua formação
social. O timing destas relações não ocorre da mesma forma para todos, o que
poderá ser um fato indiscriminável de subjetividade humana. Considera-se assim
os comportamentos dos alunos tímidos, dos especiais, dos hiperativos, dos que
apresentam distúrbios na aprendizagem ou que vivenciam problemas sociais ou
familiares onde a responsabilidade do professor aumenta, pelo fato de lidar com
múltiplas diferenças comportamentais essenciais à conquista da confiança de
cada um deles. A necessidade de concretizar relações em situações vividas e experimentadas
por alunos portadores de discalculia de forma obterem uma aprendizagem mais
significativa. A exigência do professor dependerá da relação de troca de
confiança com o aluno de forma não se sinta desconfortável ao expressar as suas
dificuldades do conhecimento em causa.
As dificuldades dos alunos desenvolverão no desejo de
expressar a sua motivação pela busca da aprendizagem do novo conhecimento, de
forma chamar atenção do professor. Por este motivo o professor deixa de acreditar
na exposição de uma linguagem motivadora, como forma de um estímulo essencial
para o crescimento do repertório de cálculo de operações lógicas do aluno
possuidor de discalculia. Corrigirá os erros de forma firme, amável para que o
aluno não se sinta frustrado ou inferiorizado com o decorrer do tratamento, ou com
o seu auxílio de futuro passe a perceber e a corrigir individualmente os seus
próprios erros, tornando-se assim um realizador da sua própria narrativa. Esta
relação de trocas estimulam a aprendizagem para o desenvolvimento das
habilidades psicomotoras dos alunos e ao mesmo tempo cumpre os objetivos
propostos pelo professor.
A importância do professor no auxílio
do tratamento do aluno que se apresenta com um distúrbio na aprendizagem
intensiva quando é posto em prática. Os avanços educativos ao nível da inclusão
social de alunos possuidores de dificuldades de ensino e aprendizagem ou
necessidades educativas especiais em salas de aula normalizadas de forma não
haja distinções ou estratificações. O desfasamento do sistema educativo em
relação ao salário do professor não é satisfatório o que muitas vezes cria um
clima desmotivante.
Muitos professores julgam-se
incapazes de trabalhar com estes alunos por não possuírem habilitação específica
essencial para a compreensão do processo ensino aprendizagem mais eficaz e
adequado ao contexto destes, para além do conhecimento desfasado acerca dos
distúrbios e dificuldades de aprendizagem associado à falta de recursos humanos
e tecnológicos adequados a cada necessidade específica de cada aluno, em
situação de sala de aula, de forma a promover o desenvolvimento cognitivo.
A possibilidade de promoção de
conhecimento a alunos com discalculia por meio da ciência da ludomotricidade
poderá ser eficaz na motivação dos seus esforços.
Embora existam desafios e
oportunidades em auxiliar o crescimento e o desenvolvimento psicomotor dos alunos
possuidores de discalculia respeitando assim as suas necessidades educativas
especiais necessárias para a concretização do estudo, através de jogos e materiais
lúdicos reciclados que futuramente poderão ser utilizados para a contagem e exemplificação
de valores decorativos na tabuada, orientados para operações fundamentais de práticas
exemplificadas no uso de notas sem valor.
A compreensão dos números
decimais são essenciais para aprendizagem prática de pagamentos e na verificação
exata do troco. A importância do professor na construção e na formação do aluno
no seu meio social através da superação de desafios originários a partir de
pontos críticos necessários à aquisição do conhecimento para a vida ativa.
Christopher Brandão 2015
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