Durante a idade média surgiu a lenda histórica de um guerreiro chamado William Wallace que foi considerado um autêntico exemplo de patriotismo escocês e que atualmente fosse ressuscitado teria uma faceta mais idealista do que sanguinária.
Ainda criança este lendário guerreiro assistiu à morte do seu pai nas mãos do exército inglês, e por sua vez foi educado por um tio que lhe deu uma educação libertina e erudita. Depois de percorrer o mundo regressou à sua terra natal Escócia e apaixonou-se por uma jovem camponesa. Para escapar à deliberação real daquela época, de que o senhor feudal inglês tinha direito de dormir com a noiva no dia do seu casamento, segundo o direito de prima nocte que prevalecia durante aquela época. Contraíram matrimónio numa época em que os rebeldes escoceses lutavam contra o domínio do Rei inglês Eduardo I, datada nos finais do século XIII.
Este por sua vez, assiste à morte trágica da sua mulher, ao ser assassinada por um nobre inglês, disputa uma tenebrosa vingança em que assume a liderança de um pequeno exército de camponeses, com o intuito de lutar pela independência da Escócia, com ajuda da Princesa Isabelle, nora do rei inglês, Wallace é traído pela simples covardia dos nobres líderes dos clãs escoceses, que se encontravam mais interessados em manter as suas regalias junto da coroa inglesa, do que lutar com fúria pela soberania da Escócia. Chegou mesmo a derrotar o poderoso exército inglês na Batalha de Stirling Bridge, mas fracassou devido não ter conseguido o apoio necessário da alta nobreza escocesa, é aprisionado, torturado e executado em praça pública, sem nunca renegar as suas humildes origens.
Este breve contexto de braveheart histórico poderá dar uma explicação lógica da saída do Reino Unido da União Europeia pelo referendo. Estrategicamente os políticos realizaram uma campanha suja, manietaram a opinião pública com falsos juízes de valores, o que originou muitas dúvidas nos cidadãos menos instruídos da sociedade inglesa, que foram vítimas de um processo de insegurança duvidosa da sua estabilidade política e financeira de futuro.
Culpabilizar a União Europeia pela entrada de refugiados e emigrantes é uma boa desculpa por parte dos políticos britânicos para justificar a sua incompetência política, de não solucionar os verdadeiros problemas reais do seu próprio país. Recordando o leitor de alguns meses atrás houve um referendo na Escócia, para determinar se valia a pena a sua independência, no qual os seus nobres cidadãos com o seu bom senso disseram que não, o que mereceu toda legitimidade por todas as nações em permanecer vinculado ao Reino Unido diretamente e indiretamente à União Europeia. Perante o atual quadro situacional e com o artigo 50 do tratado de Lisboa, podemos concluir também que os Escoceses e os Irlandeses devem ter o mesmo direito de realizar um referendo com a intenção de se libertarem indiretamente do Reino Unido para continuarem a ser automaticamente Europeus.
A estratégia da saída do Reino Unido demonstra um princípio de uma ponta de icebergue de desagregação da União Europeia, criando assim um pressuposto, de que o país que sai da Europa sofrerá as devidas consequências económicas das suas desastrosas inconsequências políticas. Talvez perante este cenário deva surgir de futuro um novo paradigma estratégico para Europa, que seja capaz de operacionalizar um provável sistema federal mais eficaz ao nível da liderança de todos países que fazem ou que desejam realmente fazer parte da União Europeia, de forma haja uma estratégia de coesão de política unívoca integrada numa mesma linhagem de pensamento a fim de evitar a sua desagregação, os gastos desnecessários e os subsídios mal aproveitados, através da aplicação de uma fiscalização mais rigorosa e científica pelas entidades internacionais.
Christopher Brandão, 2016
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