As dificuldades de aprendizagem dos alunos que apresentam sintomas
depressivos são motivados pelo afastamento da família provavelmente, podem
estar relacionados com o baixo desempenho escolar.
O desenvolvimento humano acontece por meio de interações entre fatores
biológicos e ambientais. Nesta complexidade processual em que decorre desde o
início do nascimento até à sua continuidade no ciclo vida humano que se
manifesta pela maturidade das principais características da aprendizagem biológica
realizada pela interação do seu meio social e cultural.
A fase da infância é uma fase de aprendizagens essenciais ao
desenvolvimento psicomotor do indivíduo. O aluno adquire competências motoras
de coordenação relacionadas com o cognitivo e com a capacidade de memória a
curto, médio e a longo prazo que decorre durante esta fase e posteriormente vai
refletir-se na fase da vida adulta à custa da elaboração de conhecimentos
transformados em bens tangíveis.
A família nuclear mantém com o contexto social conexões que são
essenciais ao desenvolvimento psicomotor manifestada por uma linguagem
não-verbal e caraterizada pela alfabetização corporal durante a fase infantil.
O aluno tem as suas próprias necessidades básicas satisfeitas e vivenciadas
por experiências adequadas em atividades lúdicas que envolvam o ato, o pensamento
e o sentimento assimilado pela acomodação do conhecimento que por sua vez
modifica e constrói a própria realidade por bens tangíveis de acordo com seus
gostos, interesses e motivações. Nem todos vivem em ambientes que possibilitam
as condições necessárias para um espaço lúdico onde possam expressar os seus
sentimentos e reclamar as suas necessidades sociológicas e educativas.
Alguns são prejudicados no desenvolvimento das suas áreas cognitivas,
motoras e afetivas por viverem em situação de risco, por sofrerem abusos são
negligenciados por serem de um estrato social diferenciado, muitas vezes
caraterizado por um estado de extrema pobreza. A situação de abandonados passam a vivenciar
uma quebra do vínculo familiar marcada pela sua identidade pessoal para
posteriormente serem acolhidos primariamente em instituições de abrigo. O sentimento
de culpa adquirido, por sofrerem abusos, poderá ser o motivo de afastamento do
lar, passando a viver num local com pessoas desconhecidas. A Infância vai
decidir o seu destino condicionado, provisório ou definitivo, dependendo do
quadro situacional desenvolvido na realidade em que se encontra inserido.
O abrigo é considerado uma alternativa essencial ao próprio desenvolvimento
que só deve ser empregue em última instância, tendo como função acolher,
proteger e propiciar condições de reestruturação da dignidade afetiva do
indivíduo que procura promover na sua vida a formação educativa necessária para
novas experiências vividas.
A falta do convívio familiar e da atenção individualizada comprometem o
desenvolvimento saudável das potencialidades sociais do aluno.
Muitas dos alunos institucionalizados são originários de lares
desestruturados onde o seu desenvolvimento foi seriamente prejudicado. Ao serem
acolhidos precisam de se adaptar em ambiente completamente novo, estando
sujeitos a metamorfoses. A probabilidade de apresentarem problemas de desvio de
conduta comportamental derivado ao mau desempenho intelectual origina déficits
sociais e emocionais devido ao rompimento abrupto dos seus laços familiares que
prevalecem sob a forma de sintomas.
A ausência das referências afetivas nas fases iniciais do desenvolvimento infantil
provoca insegurança nos laços de amizade, levando a prejuízos psicossociais,
cognitivos e comportamentais.
A pior violência cometida no indivíduo leva ao seu afastamento familiar,
mediante o seu sofrimento conduz a determinadas negligências e privações a
nível material e afetivo para posteriormente vivenciaram sentimentos de
angústia, de desamparo, de carência afetiva, de agressividade que por sua vez
leva ao isolamento e à desmotivação manifestadas por dificuldades de
aprendizagem. A carência poderá eventualmente estar relacionada à qualidade dos
vínculos, assim como o desamparo resulta das privações afetivas em que ficam
submetidos.
Uma das situações manifestadas nos aspetos afetivos positivos depende de um
ambiente favorável à aprendizagem, à confiança, ao respeito mútuo e à
valorização do aluno. Estas são algumas das condições que devem ser avaliadas, atendendo
à sua individualidade e especificidade. Nas instituições de abrigo, o
tratamento massificado torna-se um dos grandes impedimentos para avaliação
diagnóstica das causas derivadas de dificuldades que impedem a aprendizagem do
aluno de seguir o seu percurso natural.
A dificuldade em aprender de forma satisfatória leva ao insucesso escolar
que provavelmente advém das causas externas ou internas derivadas da estrutura
familiar. As causas externas relacionadas com a abordagem escolar exige bons
métodos e planos de ensino. A falta de bons planos de prevenção nas escolas de
forma os alunos sejam estimulados para uma maior confiança na aprendizagem.
A intervenção do apoio pedagógico através da troca de conhecimentos ou de
uma transição escolar poderão estar associadas às causas internas relacionadas
com a estrutura familiar que se entrecruzam com uma estrutura individual
configurada em sintomas que futuramente afetam integralmente o aluno na
sociedade e na sua vida profissional.
Christopher Brandão, 2016
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