quinta-feira, 5 de maio de 2016

Os Alunos Institucionalizados

As dificuldades de aprendizagem dos alunos que apresentam sintomas depressivos são motivados pelo afastamento da família provavelmente, podem estar relacionados com o baixo desempenho escolar.
O desenvolvimento humano acontece por meio de interações entre fatores biológicos e ambientais. Nesta complexidade processual em que decorre desde o início do nascimento até à sua continuidade no ciclo vida humano que se manifesta pela maturidade das principais características da aprendizagem biológica realizada pela interação do seu meio social e cultural.
A fase da infância é uma fase de aprendizagens essenciais ao desenvolvimento psicomotor do indivíduo. O aluno adquire competências motoras de coordenação relacionadas com o cognitivo e com a capacidade de memória a curto, médio e a longo prazo que decorre durante esta fase e posteriormente vai refletir-se na fase da vida adulta à custa da elaboração de conhecimentos transformados em bens tangíveis.
A família nuclear mantém com o contexto social conexões que são  essenciais ao desenvolvimento psicomotor manifestada por uma linguagem não-verbal e caraterizada pela alfabetização corporal durante a fase infantil.
O aluno tem as suas próprias necessidades básicas satisfeitas e vivenciadas por experiências adequadas em atividades lúdicas que envolvam o ato, o pensamento e o sentimento assimilado pela acomodação do conhecimento que por sua vez modifica e constrói a própria realidade por bens tangíveis de acordo com seus gostos, interesses e motivações. Nem todos vivem em ambientes que possibilitam as condições necessárias para um espaço lúdico onde possam expressar os seus sentimentos e reclamar as suas necessidades sociológicas e educativas.
Alguns são prejudicados no desenvolvimento das suas áreas cognitivas, motoras e afetivas por viverem em situação de risco, por sofrerem abusos são negligenciados por serem de um estrato social diferenciado, muitas vezes caraterizado por um estado de extrema pobreza. A situação de abandonados passam a vivenciar uma quebra do vínculo familiar marcada pela sua identidade pessoal para posteriormente serem acolhidos primariamente em instituições de abrigo. O sentimento de culpa adquirido, por sofrerem abusos, poderá ser o motivo de afastamento do lar, passando a viver num local com pessoas desconhecidas. A Infância vai decidir o seu destino condicionado, provisório ou definitivo, dependendo do quadro situacional desenvolvido na realidade em que se encontra inserido.
O abrigo é considerado uma alternativa essencial ao próprio desenvolvimento que só deve ser empregue em última instância, tendo como função acolher, proteger e propiciar condições de reestruturação da dignidade afetiva do indivíduo que procura promover na sua vida a formação educativa necessária para novas experiências vividas.
A falta do convívio familiar e da atenção individualizada comprometem o desenvolvimento saudável das potencialidades sociais do aluno.
Muitas dos alunos institucionalizados são originários de lares desestruturados onde o seu desenvolvimento foi seriamente prejudicado. Ao serem acolhidos precisam de se adaptar em ambiente completamente novo, estando sujeitos a metamorfoses. A probabilidade de apresentarem problemas de desvio de conduta comportamental derivado ao mau desempenho intelectual origina déficits sociais e emocionais devido ao rompimento abrupto dos seus laços familiares que prevalecem sob a forma de sintomas.
A ausência das referências afetivas nas fases iniciais do desenvolvimento infantil provoca insegurança nos laços de amizade, levando a prejuízos psicossociais, cognitivos e comportamentais.
A pior violência cometida no indivíduo leva ao seu afastamento familiar, mediante o seu sofrimento conduz a determinadas negligências e privações a nível material e afetivo para posteriormente vivenciaram sentimentos de angústia, de desamparo, de carência afetiva, de agressividade que por sua vez leva ao isolamento e à desmotivação manifestadas por dificuldades de aprendizagem. A carência poderá eventualmente estar relacionada à qualidade dos vínculos, assim como o desamparo resulta das privações afetivas em que ficam submetidos.
Uma das situações manifestadas nos aspetos afetivos positivos depende de um ambiente favorável à aprendizagem, à confiança, ao respeito mútuo e à valorização do aluno. Estas são algumas das condições que devem ser avaliadas, atendendo à sua individualidade e especificidade. Nas instituições de abrigo, o tratamento massificado torna-se um dos grandes impedimentos para avaliação diagnóstica das causas derivadas de dificuldades que impedem a aprendizagem do aluno de seguir o seu percurso natural.
A dificuldade em aprender de forma satisfatória leva ao insucesso escolar que provavelmente advém das causas externas ou internas derivadas da estrutura familiar. As causas externas relacionadas com a abordagem escolar exige bons métodos e planos de ensino. A falta de bons planos de prevenção nas escolas de forma os alunos sejam estimulados para uma maior confiança na aprendizagem.
A intervenção do apoio pedagógico através da troca de conhecimentos ou de uma transição escolar poderão estar associadas às causas internas relacionadas com a estrutura familiar que se entrecruzam com uma estrutura individual configurada em sintomas que futuramente afetam integralmente o aluno na sociedade e na sua vida profissional.

Christopher Brandão, 2016

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